terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Vicissitudes numa casa partilhada

 Ontem tive um desentendimento com a M. Bom, dizer que foi um "desentendimento" é ser má para mim, visto que foi a M. que teve um dos seus "chiliques". 

Acontece que a minha decisão para este ano depois da forma como me tratou na passagem de ano foi não mais baixar a cabeça às suas mudanças de humor. Quando ontem gritou comigo: "Podes esperar?!!!?!!", sem qualquer provocação, só porque lhe é natural, pedi-lhe para não me falar nesse tom agressivo. 

Ela NEGOU ser agressiva, diz que é da paz e depois retorquiu com o habitual: "Tu foste agressiva primeiro". 

A tática dela para desviar qualquer crítica é inverter os papéis e dizer: "tu é que foste"! - tal como uma criança.  

- "Tu foste agressiva comigo a semana passada. Não te lembras o que me disseste?"  "Tu foste agressiva primeiro. Ser agressivo tambem é o comportamento". 

Por tudo o que é sagrado não me lembro de qualquer palavra ou atitude que ela pudesse distorcer para interpretar dessa maneira mas, conhecendo-a como conheço, ela só precisa de achar assim. Pode pegar em qualquer banalidade trivial e usá-la como justificação para as suas intempestividades. 

- "Não fui agressiva contigo" - respondi. 

Ela insistia. Sempre a precisar justificar a sua atitude sem justificação invertendo as coisas. Então não se calava a repetir: 

- "Remember? Remember what you said?" - disse-me. 

Aí não pude conter mais. Se ela ia buscar atitudes ficcionais eu ia mencionar bem reais e bem fáceis de lembrar. Relembrei-a:

-"Remember new's year eve? We were talking friendly and then you flip on me"?

E subi as escadas para o quarto. 


É que não há provocação, não há motivo. É só ela, emergida na sua egocentricidade e egoísmo, a reagir à sua má vontade em dividir uma casa com outras pessoas enquanto espera e exige que a deixem andar como se a casa fosse só sua. 

O que gerou esta sua reacção? Pasmem: 

 Tinha uma pizza no forno e quando desci para a buscar, a M. estava na cozinha. Com tanto espaço, ela decidiu que precisava ficar exatamente em frente ao fogão. Não estava a cozinhar no forno nem sequer tinha tachos ou panelas em cima. Ainda estava a abrir o armário e a espreitar lá dentro. Eu espreitei a pizza pelo vidro do forno, vi que estava boa e, para deixar a cozinha desimpedida e por estar com fome já que não comia nada em 24 horas, rodei os botões do forno para o desligar. 

É quando ela grita:
-"Podes esperar!??!!!"

Não é uma reacção normal. 

Todos os dias cedemos espaço, nos desviamos, para que todos possam circular. Estou a usar o lavatório alguém se aproxima para alcançar algo perto, desvio-me. É assim tão simples. Ela não. Ela foi meter-se intencionalmente na frente do fogão, sem necessidade. 

Mas a M. é tão absorvida em si mesma, que se irritou de imediato. E eu nem sequer manifestei qualquer intenção de abrir a porta do forno. Só estava ainda a rodar os botões para o desligar quando ela solta aquele grito e levanta as mãos ao ar. 

Ela, que costuma seguir as pessoas até à cozinha e tirar a vez de todos, ela que é assim, claro, interpretou um simples acto com a malícia das suas próprias acções e intenções.


O rapaz com quem sempre se deu mal e aquele que me fez bulling aqui dentro, regressou de um período de ausência. Ambos estão num braço de ferro invisível, teimosos, um a tentar fazer com que o outro saia primeiro. O rapaz quer ver nós as duas fora daqui. Só se dá bem com rapazes, tem problemas com mulheres. Já fez uma sair, agora quer ver se consegue expulsar as restantes. A casa está com um clima pesado. Ele, não é flor que se cheire. Eu sempre imagino que vai comportar-se metendo-se na sua vida e esquecendo-se da minha. Mas depois recebo sinais de que não. Continua obcecado comigo. Quer à força toda causar-me mal estar, continua com gestos mesquinhos provocatórios, tal como mexer nas minhas coisas e invadir o meu espaço no frigorífico. 

Ambos só trazem mau estar e não demostram maturidade. 

Subitamente dei por mim a perguntar-me porquê. Porquê? Porquê tenho de me submeter a isto. Porquê é esta a minha realidade?

Mereço muito mais. 
Mereço o que provavelmente o leitor tem, e nem se dá conta dessa sorte.



8 comentários:

  1. Talvez seja bom entrar um pouco em reflexão e decidir o que fazer de forma correta.
    .
    Uma semana feliz … Cumprimentos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Acabarei por o fazer, Rykardo.
      Se aprendi algo com a presente e passadas experiências - e creio que aprendi - é que não me devo focar somente no que está mal e me incomoda. Aliás, devo é manter a minha natureza - sem me deixar pisar (como aconteceu anteriormente), mas continuando a não ser conflictuosa. E seguir na minha vida - focar-me nela, não nos problemas que outros me causam. Perde-se tanto mas tanto tempo - uma vida - dando-lhes importância!

      Bem haja e felicidades para si também.

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  2. Essa casa é uma verdadeira animação! Boa sorte e bom ano!

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  3. Boa tarde
    Com toda a franqueza, não sei como aguenta tamanha arrogância.

    JR

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    1. As pessoas sempre começam a nos mostrar o seu pior lado em pequenas doses. Misturam o fel com algum mel e depois é a natureza do receptor que interpreta qual dos lados prefere acreditar. Aqueles de boa natureza, que tudo de bom querem ver, escolhem esse. Com o tempo, a verdadeira natureza de todos vem ao de cima. Se for realmente boa, tudo fica bem. Se não for, a coisa não corre bem.

      É inevitável existirem conflitos mesmo quando as pessoas se querem bem e se amam. Agora imagine-se quando não é esse o caso.
      Vai-se aguentando porque a dose a que somos expostos é-nos dada vagarosamente... tal como um sapo num tacho com água... quando se vai a ver, já se está meio cozido!

      Obrigada pelo seu comentário, Joaquim.
      Boas energias para si.

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  4. Partilhar um espaço com estranhos é muito complicado.

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  5. O ser humano vive do seu e para o alter ego.

    Infelizmente, não temos noção que a vida passa num instante e andamos um vida distraídos com coisas e coisinhas que nos desgastam e não têm importância nenhuma.

    E o pior é que não temos a capacidade de perceber que algumas pessoas são desnutridas de noção para com o outro e o seu alimento é provocar o desgaste do outro.

    Tenta ter presente que não estás a prejudicar e isso faz com que estejas em paz contigo, o que vai facilitar muito mais esses "toques" que recebes.

    És boa pessoa e tens uma energia muito positiva de não prejudicar outrém. Isso é o mais valioso que conquistamos nesta passagem.


    Um abraço muito apertado !!

    Bocagiano

    (Não consegui reactivar e-mail)

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    1. Bocagiano, meu amigo!
      Lembro-me bem de ti e do teu saudoso blogue.
      Obrigada pela visita. As tuas palavras cairam fundo. Demora-se tanto tempo a aprender estas coisas! Eu começo a perceber que o ser humano se calhar não deve ser todo amado. Perde-se muito tempo - e eu já tive a minha dose - a nos focarmos nestas malícias ao invés de seguir em frente, rumo às boas energias. Acho que está na natureza humana causar mau estar a terceiros ao fim de algum tempo. O melhor é partir para outros rumos quando assim é.

      Um abraço forte de volta e regressa a este mundo blogueiro :)

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