quarta-feira, 17 de abril de 2019

Perseguindo as referências


No meu caso aqui no Reino Unido, cada vez que procuro emprego, é-me pedido que forneça os dados do que andei a fazer nos últimos anos. Chama-se a isso, "As referências". Não basta o CV, há que fornecer as datas exatas de emprego, explicar os períodos sem emprego e apresentar Nomes, endereços e contactos de pessoas com legitimidade para confirmar as tuas alegações.

É assim cada vez que me candidato a qualquer função. É exaustivo.

Por este motivo passei pelo meu anterior posto de trabalho. Acabei por ir ter ao balcão mais afastado do escritório. E antes mesmo de me aproximar, fui reconhecida por dois ex-colegas e ambos me cumprimentaram com imensa simpatia e gosto por me verem. 

Encheu-me o coração, saber que, quase um ano depois, lembram-se de mim e sentem simpatia pela minha pessoa. Quando estou muito na fossa só me recordo dos muitos que me deixaram na mão...  Não me recordo destes gestos que vêm das pessoas que menos esperas, por vezes, das pessoas com quem menos contacto tiveste. 

O mesmo me aconteceu quando deixei o primeiro emprego que tive aqui em terras de sua majestade. Não esperava que, ao retornar ao local, tantos me reconhecessem e viessem simpaticamente falar comigo. Dar-me abraços, perguntar por mim... afectuosamente. Aconteceu ali, no supermercado, na rua...

Claro, tem aqueles com quem até te relacionaste mais que fingem que não te viram. Mas sabem? A esses devemos mesmo dar pouca importância. E valorizar mais quem nos diz um "olá" sem reservas. 

Fui lá para saber se podia obter para referência o contacto dos recursos humanos para evitar estar dependente da gerente. O contacto dela foi o único facultado e o único que disponho para confirmar referências. Só que ela é de humores. E como vim a comprovar dali a horas, é imatura e ressentida. Não sabe separar as coisas e demonstrar profissionalismo. Daí não confiar nela para que cumpra essa simples obrigação que é confirmar que um ex-funcionário trabalhou ali. 

Será que vai adiar durante semanas responder a um contacto desses, por pura malícia? Por saber que sem isso a candidatura não progride e a pessoa não vai poder começar a trabalhar?

Queria acreditar que não. Queria estar segura quanto a isto. Mas o acaso alertou-me... Ao preencher um dos formulários online em que é obrigatório facultar o contacto das referências por email e por telefone, tive de procurar no meu TM o número que correspondia ao dela... Evitei, noutras candidaturas, facultar o número de telefone dela, porque sei que ela detesta que lhe liguem. Estava sempre a bufar e a refilar se, no seu entender, o assunto não fosse prioritário ou interessante. Mas ali era obrigatório e por isso consultei o registo do telemóvel, e transpus o número. Quando ia para sair do menu dos contactos telefónicos, aquilo começa a fazer uma chamada. Desligo-a de imediato. Penso que ela, sendo como é, vai é dizer a ela mesma: "quem quer que seja que ligue depois!".

Mas acabou por ligar-me de volta e disse:
"Did you just call this number?" -"Ligas-te para este número?"
Ao que lhe respondi:
-"Desculpe "Susana", foi um engano. Estava a consultar o..."

Nesse instante somente escuto o som de chamada desligada.

Desligou-me o telefone na cara. Que antipática! Reconheceu-me, provavelmente ainda me tinha registada no telemóvel, e desligou a chamada na minha cara, sem qualquer simpatia ou educação. Fiquei fula. E convicta que a decisão de abandonar aquele lugar por causa dela foi a mais acertada que tomei na vida. 

Por isso não quero depender do profissionalismo dela para obter um emprego. Não quero estar nas suas mãos. Tenho de arranjar alternativas. Irei regressar aquele lugar para perseguir esse objectivo. A quem já dei as referencias com o contacto dela, paciência. Mas daqui adiante, se a puder eliminar do processo, vou fazê-lo.

Ela NÃO MERECE que eu ainda sinta qualquer simpatia por ela. Não merece a minha confiança. Não merece nenhuma sentimento bom que ainda possa nutrir, por ser essa a minha natureza. Não é a natureza dela, e deixou isso claro demasiadas vezes. 


2 comentários:

  1. Continua desempregada?
    Deve ser frustrante.
    Abraço

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    Respostas
    1. Pior, Elvira.
      Acabei de chegar de um turno. Mas anularam-me aquele que ia fazer sábado (pago a dobrar ainda por cima). Portanto está a perceber?

      A situação faz-me lembrar aqueles filmes que relatam a miséria das famílias em que os homens iam de madrugada para a fila onde talvez um camião a precisar de trabalhadores para trabalhar no campo passasse ali naquele dia. TALVEZ eles tivessem um dia de jorna. Um salário. Era melhor que nada.

      Pois nestes tempos modernos, não há esquina, não há camião. Mas o princípio é o mesmo. Ficas a aguardar que te atirem um osso.

      Boa páscoa

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