quinta-feira, 4 de abril de 2019

O pobre está sempre desgraçado


Estou em busca de trabalho. Tenho me candidatado a dezenas de posições mesmo antes de ter deixado o anterior emprego. Isto foi em Agosto. Estou há seis meses sem trabalhar. Isto parece-me surreal. Espanta-me como o tempo parece passar mais rápido quando se deseja que não passe de três  semanas. 

Que ingenuidade a minha!
Hoje a percepção da realidade foi sentida como um soco, de deixar o adversário KO. Brutal.

Há uma semana fui a uma entrevista de emprego para trabalhar em algo que já trabalhei em Portugal e que não requer conhecimentos específicos, qualquer um pode obter aquele trabalho. Soube da vaga durante uma outra entrevista, no centro de Emprego, onde fui para procurar orientação e apoio. Estava no final da linha, aquele lugar onde a esperança está a terminar. Recorri a eles - só para constatar o quanto é desolador as expectativas e a realidade. 

Diante do meu interesse por uma oferta divulgada pelo Centro de Emprego, o funcionário marcou a entrevista, que aconteceu há uma semana. Nunca tinha apanhado uma recrutadora que falasse à velocidade daquela. Parecia querer despachar-me muito rapidamente. Elogiou-me, como tanta vez alguns fazem, disse inclusive que seria perfeita para o trabalho. Enfiou-me uma série de papéis para preencher, deu-me todos os seus contactos e mandou-me voltar a entrar em contacto assim que tivesse reunido toda a papelada. 

Até hoje. Já a contacto faz cinco dias. Não obtenho resposta. Recebo apenas um email automático dizendo: "de momento não me encontro no escritório, só regresso amanhã dia X. Se for urgente contacte em alternativa fulado Y ou fulano Z".

No dia "X" volto a contactar, só para receber outro email automático dizendo a mesma coisa, só alterando o dia para o próximo ao do contacto. Não foi preciso muito para deduzir que aquela ia ser a resposta-padrão a qualquer tentativa de contacto estabelecida. 

Contactei então um dos colegas cujo endereço vinha fornecido. SILENCIO também da parte desse recrutador. Hoje voltei a contactar. Mas não o primeiro, ou o segundo, mas TODOS. Antes de enviar o email fiz uma extensa pesquisa sobre DENUNCIAS DE AGENCIAS DE RECRUTAMENTO FRAUDULENTAS. 

E é nesta pesquisa que a sensação de desolação se intensifica.  
A pesquisa não me devolveu nenhum contacto. Um site apenas, especificou que qualquer queixa deve ser apresentada primeiro à agência de recrutamento e só depois se não ficarmos contentes, pode-se preencher um formulário e enviar para uma certa entidade que julgo governamental. No texto diz que dão importância a todos os emails recebidos - mas não indicam um endereço de email. Em parte alguma. Ou número de telefone. Isto é muito, mas muito britânico. Depois de se cá viver por uns tempos, percebe-se que a realidade e que os teus direitos não encontram quem tenha interesse em lutar por eles, a menos, claro, que pagues por um advogado. Não estão ao teu alcance caso queiras ou necessites das instituições governamentais que supostamente deviam existir em defesa dos mesmos. 


Fiquei com a sensação de IMPOTÊNCIA. A constatação de que, na realidade, não existe neste país alguém que defenda os interesses da justiça para as pessoas mais desprotegidas.

É tudo Fogo de Artifício.

E depois a constatação de que as Agências de Recrutamento PODEM agir na maior das ilegalidades, que as leis pouco fazem para o impedir. NINGUÉM tem interesse em salvaguardar os "alvos" - as pessoas mais necessitadas. Se estas procurarem ajuda, dificilmente vão saber para quem se dirigir. Tudo aqui é tão falso, tão de aparências. A começar pelo "Centro de Emprego". Dirigi-me lá para receber, acima de tudo, ORIENTAÇÃO de um PROFISSIONAL. Queria conselhos, apoio, caminhos a seguir... Mas aquilo mais parece uma repartição das Finanças. Só lhes interessa é documentação, dados pessoais, dados bancários... para fazer a tal "clame" sem a qual não te dão sequer acesso aos serviços ali disponibilizados. E depois? Depois não acontece rigorosamente NADA.

Fui a uma marcação julgando que, finalmente, ia poder falar com alguém que me orientasse, quando percebi que a pessoa era quase uma idiota. Sem querer ofender, mas era um daqueles funcionários que não querem se aborrecer, só querem fazer uma coisinha simples ali dentro, provavelmente um "dinossauro" de outros tempos, que mal sabia teclar no computador e teve de me dirigir a outra colega para que eu pudesse sair dali com um documento constando as datas de inscrição. Mal soube orientar aquela entrevista, fui eu que tomei a iniciativa de colocar questões, ele apenas me mandou sentar e depois perguntou: "Então?". 

Onde estava o "working coach" que me foi prometido? Duas palavras onde se deposita tanta fé e esperança, estraçalhadas diante da realidade que saltava à vista. 

 O facto da oferta de emprego estar a ser publicitada pelo CENTRO DE EMPREGO e a entrevista para a mesma ter-se dado NUM DOS SEUS GABINETES, significa zero em termos de LEGITIMIDADE.

Eles não querem saber! Provavelmente se a agência pagar para usar o espaço, qualquer uma pode ir ali aliciar "clientes". Porque "quantidade é comissão", não é necessário existir uma oferta de emprego real. Só precisam de aparentar estar a proporcionar uma. 

Tudo isto mete NOJO.
É revoltante pensar que andamos a meter filhos no mundo para os sujeitar a isto.
Assusta. Dá medo pensar que podem vir a passar pelo mesmo ou pior.


Em Inglaterra, o sociedade está irremediavelmente corrompida. São todos "carneirinhos" alimentados pela fantasia de que este é um dos melhores "países do mundo" "perfeita democracia e sistema social". O serviço Nacional de saúde é uma anedota -que faz de tudo para impedir as pessoas de conseguir consultas médicas, a justiça também é uma anedota e qualquer tentativa do mais desfavorecido em procurar justiça ou ajuda depara-se com portas e janelas com trancas. É tudo "faz de conta". E por todo o lado - desde que aqui cheguei - surpreende-me a quantidade de "avisos" condescendentes e que deixam implícito que o povo que ousar contestar algo, poderá vir a ser alvo de um processo judicial. Incutiram no povo uma noção de que não pode levantar a voz, que é inadmissível protestar contra o que seja. Estão todos muito cordeirinhos alimentados por propaganda dirigente.



Sinceramente, em muitos aspectos, Inglaterra não passa do outro lado da mesma moeda de qualquer sociedade sobre o pulso de um Ditador. Entre o UK e a China existem mais semelhanças do que se imagina.


1 comentário:

  1. Triste esse cenário e a coisa está muito feia e se por aí está assim, o que sobra pro nosso Brasil que ainda por cima tem governantes que a cada aparição no exterior só besteiras fazem, como as que aqui cada vez mais cometem. Um nojo! beijos,boa sorte! chica

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