quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Cansada de lavar


Passei o Natal sozinha em casa. Mas ao contrário do que imaginei, mal tive tempo para fazer o que pretendia. Entre as horas de trabalho, as idas às superfícies comerciais em busca de mais uma coisinha e o chegar a casa e andar a limpar e arrumar, terminei o Natal a achar que passou muito rápido e a sentir-me exausta. Tal e qual como se o tivesse passado em Portugal, ehehe! 

A diferença talvez tenha sido os gritos e a algazarra familiar passar pelo "filtro" do microfone do computador e poder ser manipulado. Fisicamente, sentia-me cansada. Bocejava, corpo moído e um sono inoportuno. 

Mas nesses dias limpei a casa toda. Peguei em tudo que os outros deixaram espalhado pelos cantos e enfiei num armário e numa gaveta da cozinha. Comprei um ramo de flores, e depois mais outro, e depois uns vasos e enfeitei a sala com eles. 

Nem tive tempo de cozinhar. Mas comi e estava sempre a lavar louça e talheres. Ao ponto de me cansar e me chatear. Não recordo o quê comi. Sei que nada foi ao forno ou ao fogão. No máximo, microondas. Fazia intenções de almoçar e jantar mas na correria, só tive tempo para uma refeição por dia, geralmente a meio da tarde. 

Ontem duas das raparigas já estavam de regresso. A que não-limpa e a provisória. A que não-limpa foi a primeira a chegar. Ela tem sempre tempo para tudo menos uma coisa: limpar. Cozinha sempre  e suja, senta-se na mesa a comer e a ver filmes no tablet. Tem tempo para ir escovar os dentes, tomar banho, secar o cabelo, maquilhar-se e até tirar uma soneca. Só não tem tempo para passar a esponja na louça que sujou.

Eu escolhi bater um ovo e fazê-lo no microondas dentro de uma taça de louça. A seguir lavei a taça. Minutos depois apeteceu-me sopa, então fui buscar a mesma taça e aqueci no microondas a sopa.

A ideia de ter de lavar aquela mesma taça que havia lavado minutos antes até me chateou. Mas ao perceber que a que-não-limpa estava a terminar a sua refeição e eu tinha a taça para lavar, decidi ir lavá-la logo, antes que ela aproveitasse e me "deixasse" de legado a louça dela para lavar. 

Vai que ela ergue-se subitamente da mesa, mete-se no lava-louça pega no tacho que eu também lavei uma hora antes para ralar a sopa e que ela sujou para fazer a sua comida e entorna detergente para dentro. Será que o vai lavar? Não. Enche-o com água e diz que "não tem tempo" para lavar e que lava depois ou de noite, quando chegar.

Respondi-lhe, enquanto passava a esponja mal e porcamente na minha taça, que já estava farta de lavar louça, pois senti que passei o Natal inteiro a fazer isso. "Nem cozinhei e no entanto estive sempre a lavar" - disse-lhe. 

O tacho que lavei minutos antes (foto tirada às 13h)

Sou muito de ajudar os outros mas não quando isso entra na categoria "enabler". Se não vejo motivos para ela deixar ali a louça suja sem ser a preguiça, então, fica ali suja até ela ou outra pessoa a lavar. Lavei-lhe a louça algumas vezes, mas ao perceber que o faz por sistema e espera sempre que sejam os outros a lavar o que suja aí... paro de o fazer.

Tacho, agora acompanhado de outra caneca (foto tirada às 2am)
Já me chega que nunca tenha limpo NADA na casa. Se quer uma criada estas costumam ser pagas a preço de ouro. Não sou mãe dela. Mas ajo como se fosse, porque uma mãe das boas não é uma facilitadora. Ao ver que a filha é preguiçosa deixa de fazer as coisas por ela para que aprenda a lição. Não limpas? Então quando precisares encontras sujo.


O problema é que a casa só tem este tacho. Temos falta de panelas e tachos. Todos usam sempre o mesmo, à vez. Excepto entre "eles" que dividem entre si os tachos da outra. Mas se ela for buscar o da outra, tem de o lavar de certeza... Porque esse ela sabe que não é por mim usado. Logo, não pode esperar que o lave.

Ela entrou em casa, foi para a cozinha comer, relaxou, foi dormir... e o tacho fica ali sujo. Aposto que amanhã também "lhe falta tempo" para o lavar. A ver vamos. Amanhã, ao que parece, o senhorio ficou de cá aparecer. Exatamente porque a que-não-limpa vai embora dentro de dias. Só espero que não tenha o descaramento de partir, deixando o tacho por lavar. Mas creio que faz mesmo o género dela.

Já pedi ao senhorio faz mais de um mês, que arranjasse um ou outro tacho para a casa. Ele responde sempre que sim, mas depois não cumpre. A mais-velha diz que ele é "muito bom" nesse aspecto, porque o rapaz queixou-se que as facas não cortavam nada e o senhorio apareceu aqui com um set de facas "muito boas". 

Ás vezes penso que a mais-velha não regula bem... Eu é que acho que todos regulam melhor que eu, aahah. As facas são daquelas vistosas mas que após um único uso perdem aquela capacidade de cortar. Ela não conhece nada de boas facas. Acha que "caras" e "vistosas" é sinal de qualidade. Uma faca pode sempre ser afiada e voltar a cortar como nova. Tinhamos cá três "vistosas e de qualidade", que já não estavam a cortar (bastava afiar). Já tachos... temos mesmo falta. Porque fica um à espera que outro acabe de cozinhar e lave o tacho para o poder usar de seguida. Totalmente desnecessário. Um dia tiro uma foto para vocês verem. Deitei fora o que tinha FERRUGEM. 

O senhorio ignorou uma necessidade importante e deu prioridade a facas... Lembrei-me que quando as trouxe, a mais-velha desabafou que não sabia porquê o tinha feito. Agora veio dizer-me que foi "um pedido" do rapaz. Isto faz-me sentir que ele só responde aos pedidos de quem mais lhe agrada como inquilino. Porque ignorou a questão dos tachos dizendo "que podiamos comprar outros nós mesmos", ideia essa reforçada pela mais-velha que tem os seus próprios tachos e que acha que são baratos e se eu preciso posso comprar uns para mim. Contudo, também ela usa sempre este

Eu acho que não tem cabimento eu ter de comprar panelas e tachos para mim. É algo que a casa precisa de facultar, não sou eu que tenho de andar com isso às costas! 

Já comprei uma varinha mágica que não havia na casa... assim que a comprei e mostrei à mais-velha no dia seguinte apareceu como um milagre, uma máquina dela que faz o mesmo. Até parece que a tinha escondido com receio que eu a quisesse usar. A partir do momento em que arranjei uma, a dela já pode sair do "esconderijo".

2 comentários:

  1. Antes sozinha... do que mal acompanhada... o que pelo que contas... será nos demais dias, uma constante... pelo menos, estiveste com os teus... ainda que à distância... e da forma possível!
    Outros Natais serão melhores, deixa lá! Haja saúde!... Para ti e para os teus... e já está tudo bem...
    Beijinhos
    Ana

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