Desapareceu um frasco do frigorífico. No seu lugar está outro frasco, mas aquele que me pertencia não está mais lá. Procurei em todo o lado, até no segundo frigorífico, que nunca antes tinha aberto.
Que importância tem o desaparecimento do frasco?
Fico aqui a pensar. Se devo dizer alguma coisa, ou fingir que não dei por ele ou não dar importância. São coisas pequenas como esta que podem escalar para uma convivência desagradável.
Nunca antes havia desaparecido algo no frigorífico. Coisas eram mudadas de lugar constantemente. Praticamente assim que as colocava nas prateleiras da porta, por falta de alternativa. Alguém decidia tirá-las de lá e enfiá-las à força na minha prateleira, já a abarrotar e sem espaço algum.
E depois verifico pelos comportamentos que não é nada disso.
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O problema é que, quando estive na outra casa, também desapareceu uma coisa do frigorífico. Antes de perguntar se alguém a tinha visto - pois num frigorífico partilhado alguém podia ter mudado algo do lugar - procurei exaustivamente. Esvaziei a prateleira totalmente. Procurei no outro frigorífico, por toda a cozinha e nos caixotes de lixo.
Escrevi uma nota perguntando se alguém tinha visto. Não acusei ninguém, apenas perguntei. Como resposta o objecto miraculosamente apareceu, e nele escreveram: «esteve sempre aqui, da próxima vez procura melhor».
Mas não esteve coisa alguma.
Entendi que me tinham estendido uma armadilha. Queriam fazer passar a ideia de que eu era aquele tipo de pessoa que acusa as outras do desaparecimento de algo que sempre esteve à sua frente. Uma reputação que não podia estar mais longe da pessoa que sou. Antes de perguntar por algo desaparecido, procuro-a e não levanto falsas suspeitas.
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Não quero estar a cair noutra semelhante. Até porque, descobri este desaparecimento dois dias depois de ter apanhado a mentora daquela armadilha dentro desta casa, entrando sem cerimónias pela porta deixada destrancada e invadindo o espaço como se fosse seu.
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Somos cinco nesta casa a dividir os mantimentos por dois frigoríficos pequenos. Foi-me atribuída uma prateleira. Por sinal, a menor em altura. Costumava chegar a casa toda feliz contando a todos que tinha comprado mantimentos a bom preço e os partilhava com gosto se precisassem. Nada mais natural que precisasse de um pouco mais de espaço, temporariamente. Numa dessas ocasiões em que entrei em casa e vi alguém, perguntei se havia alguma hipotese de arrumar uns congelados numa gaveta mais vazia. A resposta foi:
-Tu compras demasiada comida. Temos direitos iguais. Tu tens o teu espaço e ninguém pode ter mais que os outros".
- Ok, ok, entendi. Eu viro-me.
Nunca pude contar com outros mesmo. Mas por a porcaria de um pequeno espaço durante um dia no frigorífico... foi a primeira.
Contudo fiquei a pensar nas suas palavras: "Direitos iguais". Espaço igual...
Onde?
Estava claramente em desvantagem por qualquer ângulo da situação.
Os dois congeladores são compostos de seis gavetas, três em cada. Somos cinco, sobra uma. Alguém tem de estar em vantagem. Os frigoríficos têm três prateleiras cada, mais uma gaveta, mais espaços na porta. A mim foi-me concebido apenas o espaço de uma prateleira. Quem está a usar a gaveta e as divisões da porta?
No wc não tenho sequer um rolo de papel higiénico. É um wc de boas dimensões, com arrumos e está cheio do chão ao armário. Nunca ninguém me apontou um espaço e disse: "esta área está designada para ti".
Portanto aquela conversa em tom acusativo dando a entender que eu queria mais para mim tirando dos outros, não podia ser mais desadequada.
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Estou a pensar não dizer nada sobre o frasco de molho que sumiu do frigorífico e no seu lugar surgiu um com pickles.
QUAL a vossa opinião?
Bom dia, na minha opinião um casal tem dias bons que se misturam com dias péssimos, muito mais fácil acontece num casa com cinco pessoas, possivelmente, cada um, vem de um sitio diferente com uma educação e preparação para a vida diferente, se cada pessoa tem o seu caracter e um grau de tolerância para com os outros desigual, é natural que o bom ambiente se misture com o mau, assim, deve ignorar como melhor resposta, as atitudes que não lhe agradam.
ResponderEliminarFeliz domingo e semana,
AG
Acabei por escolher não dizer nada.
EliminarPassada uma semana, julgo ter sido a opção correcta.
A dúvida residia no facto de toda uma vida ter optado pelo silêncio e quase sempre me dou mal. Acabo prejudicada. Havia decidido meter todas as cartas na mesa e confrontar tudo e todos, sem deixar passar nada. Mas é difícil ir contra a nossa natureza e, para ser sincera, o bom senso estava a apontar-me na direcção do costume.
Boa semana e obrigada por opinar.
Viver com outras pessoas é difícil. Ou se engolem alguns sapos ou se anda sempre no confronto e se vive num ambiente de cortar à faca. Eu faria de conta que não tinha dado pela falta dele. Às vezes acaba-se vencendo pelo cansaço. Se não a virem arreliada pode ser que desarmem.
ResponderEliminarAbraço
Não sei qual foi a intenção, Elvira. Não creio que sejam más pessoas, mas também podiam ser mais acolhedoras e menos distantes. Somos cinco, não estou em guerra com nenhum. Sou cordial e tento sempre ajudar e não atrapalhar. Não sou incluida nos seus festejos mas tudo bem. Cada qual tem a sua maneira de ser e na minha posso estar a emitir algum "sinal" diferente do que sou. Também não vou ficar a pensar nisso já amadureci o suficiente para saber que o importante é sermos quem somos, fazer o bem e a opinião dos outros vale o que vale.
EliminarCreio que é o casal que cá vive que "embirra" comigo. Com os outros falo razoavelmente bem. Mas estes nem os bons dias por vezes se dignam a dar. É o mal que muitos que se julgam "por cima" demonstram ter como comportamento para quem julgam em situação de inferioridade.
Não mais pensei no frasco - o primeiro que comprei com um molho com pedaços de carne e legumes que queria muito experimentar. Nao sou dada a molhos pelo que ter optado por o trazer da prateleira do supermercado foi um feito!
Ignorei e vou ignorar outras coisinhas pequenas. Na vida devemos perder pouco tempo irritados com pequenas coisas. O que é muito raro de acontecer. A saúde, a nossa felicidade e a dos outros - isso é que importa.
Um enorme beijinho para si.
Obrigada por opinar.
Viver em grupo é sempre complicado... nada como deixar um recadinho, para o geral... alguém viu o meu frasco assim... assim?...
ResponderEliminarPelo menos... todos ficam ao corrente... e alguém pode ver outro alguém... a servir-se dele...
Beijinho
Ana