domingo, 10 de dezembro de 2017

O susto que é o Facebook


Na última semana o facebook tem-me assustado.

Tem surgido como "sugestão de amigos" pessoas que já passaram pela minha vida. Algumas há muito tempo, mais de 20 anos, outras há dois. Pessoas que nunca mais vi, das quais não tenho contacto, nem conta de email... Reparem: há 20 anos NEM EXISTIA facebook.

E se perdes o contacto com pessoas que remontam a uma altura em que poucos tinham telemóvel, quanto mais redes sociais, digam-me lá, como é que o facebook faz isto??


É que não existem AMIGOS EM COMUM.
Se não existem, não podem ser sugeridos por esse meio de "coincidência".



Outra hipótese é terem ido buscá-los - pelo menos alguns - a uma outra conta de facebook que possa ter aberto num mesmo computador. Mas ainda assim, isso não justificaria o DESFILE de caras conhecidas e há muito perdidas que se tem verificado na última semana.


Desfile não é uma expressão mal empregue, pelo contrário. Já perdi a conta ao número de indivíduos do passado que regressaram fantasgoricamente através do facebook.


Ainda à instantes foi-me sugerido como amizade um indivíduo que quase nem liguei, até reparar duas vezes no nome. Bastou olhar para a localidade e os estudos para imediatamente confirmar a identidade. Há quanto tempo não lhe punha a vista em cima? Há 17 anos!



E há 17 anos - volto a repetir para quem não tem conhecimento de como se viveu no ano 2000, não existiam redes sociais. No máximo, deste indivíduo, fiquei com um antigo número de telefone. Nem conta de email dele alguma vez tive. E se tivesse, jamais a ela teriam acesso, pois o endereço que usava na altura não uso mais. Foi o primeiro que tive e o único até hoje a ser pirateado. 

Assim que me abstraí desta sugestão tremendamente espantosa, pus as vistas em cima de um outro indivíduo sugerido. Desta vez foi o rosto que me pareceu familiar. Abri para ver quem se tratava. Julgando que era um colega de um curso, reparo então que é um rapaz que conheci faz dois meses!


Conheci porque estava interessado em algo e escreveu-me por email. Trocamos correspondência parca e depois, como ele foi para inglaterra, encontramo-nos só para nos conhecer-mos. E nunca mais lhe pus a vista em cima, nem ele pareceu interessado em manter contacto.

Neste caso existe um fio condutor: o endereço de email.
Foi por ele que me escreveu, e por ele que falámos por um chat - que não é o messenger (que funciona dentro do facebook).



Voltando ao primeiro exemplo do indivíduo que deixei de ver há 17 anos, onde está a correlação? Não existe! O endereço de email que uso hoje não é o mesmo de então. E sem amigos em comum, sem nada... porquê mo sugeriu?

E isto é só a ponta do icebergue. Na última semana a quantidade de sugestões de amizade de pessoas que realmente conheci tem sido elevadíssima. Por volta de 20 sugestões são de pessoas que um dia cruzaram a minha vida. Se algumas são de há pouco tempo, podendo a sugestão ser justificada por pertencerem ao circulo de amizades de outras contas abertas no computador, não é o caso destas. E falo do computador de CASA, não de um público, que fica numa escola, por exemplo. Esses podem e certamente estão repletos de contactos diversos que podem ser sugeridos ao próximo que se conectar na rede do facebook.

Se isto acontece comigo, o mesmo deve acontecer aos outros. Ou seja: o meu facebook também deve ser sugerido a outras pessoas. A diferença - que eu espero ser significativa, é que no meu face tento não ter nenhuma fotografia minha ou de pessoas que me possam identificar, seja por grau de parentesco ou por amizade. Posso ter os meus pais como "amigos" no facebook. Mas não tenho porquê os identificar como pais. Isso já é disponibilizar demasiado pormenor num lugar público. E se não ando na rua a gritar o parentesco das pessoas que estão comigo nem transporto nenhum cartaz com essa informação, porque haveria de o fazer nas redes sociais? Por acaso é mais seguro lá?? Não me parece.


Se há uma coisa que desde cedo e por instinto entendi, é esta necessidade de privacidade, como forma de segurança. O que acabei de escrever é até uma falácia - pois estou numa rede social e SEI que não há segurança nem privacidade. Mas dentro dessa ausência, existem níveis que preservam ou expõem mais os indivíduos e a sua identidade.

Não entendo como pode alguém sair à rua e ter cuidados com a sua segurança pessoal, porque foi alertado para isso desde criança, e não sentir o mesmo ímpeto quando usa as redes sociais. A exemplo: Eu lá preciso de dizer o meu nome para escrever este blogue? Sou a portuguesinha e não sou menos autêntica por isso. Desde o tempo da escola primária, quando só existiam endereços e números de telefone de casa, sempre senti - ou foi-me ensinado - que a preservação dos dados pessoais proporcionava segurança.

A sobreEXPOSIÇÃO nunca trás nada de bom e talvez por intuir isso desde muito cedo, esta postura de preservação é algo intuitivo em mim e aplicado também nas redes sociais.

O meu facebook não tem o meu nome.
Tem um apelido. 
O meu facebook não tem a minha imagem.
Tem uma imagem.

Espero que, pelo menos assim, consiga alguma privacidade.
E caso seja sugerida a alguém, me ignorem.




8 comentários:

  1. Ficou o aviso, se me aparecer, muito embora eu ande pouco por lá e não me aparecerem sugest~oes de amigos. As sugestões são sempre de pessoas que nunca conheci e a maioria estrangeiros.
    Um abraço e bom domingo

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    1. Boas Elvira!
      Estou em dívida consigo e para comigo. Comecei a ler a sua última história e não mais regressei. Mas quero que saiba que tenciono fazê-lo. Apenas constatei que desde que cheguei parece que não me sobra tempo para quase nada. Ou energia. Ou os dois... Gosto de ler de preferência quando tenho serenidade. E no burburinho do dia-a-dia - ainda mais agora que se aproxima o Natal - é raro alcançar esse estado de "nirvana" :)

      Desde já os meus votos de uma excelente quadra familiar. Um abraço enorme para si e obrigada por visitar este cantinho :)

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  2. E eu a pensar que era a única a não ter foto no facebook!
    Acho que essas sugestões têm a ver com a área de residência. Se tens escrito no face que és de Lisboa por exemplo, eles vão procurar pessoas que sejam da mesma área.
    Por acaso não me acontece muito isso e geralmente aparecem sugestões de amizades por causa de outros amigos no face.
    Mas olha que o facebook sabe muito mais sobre nós do que estávamos à espera. Cada vez mais a privacidade é um mito!

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    1. Esquece a área de residência.
      Tem mais a ver com o local onde te conectas na rede social. Mas até nisto agora tenho dúvidas. Hoje apareceu-me como "sugestão" uma ex-professora da universidade, um ex-colega de turma e dois ex-colegas de um emprego que tive há quase 10 anos.

      Isto é muito suspeito.

      Eu até fico roxa quando uma pessoa que conheço me identifica em fotos ou publica o meu rosto. É que aparece logo alguém que te vai rastrear. E posso prová-lo. Noutro dia fui a um evento público e fugi a todas as camaras fotográficas e de filmar que encontrei. Mostrei mesmo que não gostava de ser fotografada. Passada uma semana... uma colega de curso publica uma foto minha na rede social, porque a encontrou no site desse evento.

      Privacidade?
      É muuuito difícil.
      Só de burca!
      E olha lá :)

      Felicidades, beijinhos boa semana e cuidado com a a tua prima "Ana" Tempestade. :D

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    2. Parece mesmo que a Ana resolveu fazer-me uma visita. Chove sem parar e o aeroporto está condicionado devido ao nevoeiro. Só uma Ana para fazer estes estragos! ahahah

      Isso é tudo muito estranho mesmo. A privacidade não existe mais e essa coisa de identificar pessoas numa foto sem a sua autorização é uma grande chatice. Ao menos deviam perguntar se a pessoa quer ser identificada!

      kiss

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  3. Eu penso que existem vários fatores para que isso possa acontecer: localização, escolas ou locais frequentados e etc... Beijinhos*

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    1. Concordo. É preciso ter cuidado. Penso até que, por abrir o facebook e outra pessoa - sem com isso fazer o pedido de amizade, automaticamente os seus contactos passam a integrar a gigante lista de «sugestões». O que é, no mínimo, muito mau.

      Abraço

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  4. São os tais amigos de amigos.
    Big brother is watching you.
    Boa semana

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