sexta-feira, 3 de março de 2017

Um sinal que vem da Madeira



Desde que emigrei tenho encontrado muitos portugueses. Existem portugueses por todo o lado! Nas ruas, nas lojas... A cada passo dado, cruzamos-nos com alguém a falar a língua de Camões. Uma criança passa com um brinquedo e a contar os rebuçados que tem na mão na nossa língua Ibérica. No emprego não faltam Portugueses. Hoje dei-me conta que as quatro pessoas dentro da pequena divisão do escritório eram portuguesas e que o inglês falado era dispensável. Fui às compras de roupa e fui atendida por uma muito prestativa empregada portuguesa. A minha língua materna não chega a não ser praticada. 

Mas também percebi outra coisa: todos os portugueses que conheci perguntam-me se sou «do continente». Respondo que sou de Lisboa. E todos com quem me cruzei são... da Madeira.

Ora, isto é significativo. Existem duas informações que se podem tirar deste pormenor.
A primeira é que os lisboetas ou os de outra parte, não se encontram muito por aqui, nesta cidade, nesta zona, neste sector de trabalho. Sim, porque acredito, com toda a certeza, que existem portugueses de todos os cantos espalhados pelo UK. Mas aqui predominam os habitantes nascidos na Ilha da Madeira. 


Ora, a Madeira é uma ilha conhecida pela sua beleza mas também pela sua população pobre. Quem não se recorda dos apelos de ajuda aos necessitados? Das notícias sobre a prostituição infantil e o turismo sexual? Da mãe a viver no topo da ilha com vista para o "paraíso", que se suicidou após dar veneno ao filho deficiente, porque estava desempregada e com uma doença fatal e vivia sozinha? Isso é miséria, pobreza...

Que uma grande parte da juventude da ilha decida emigrar, não é exatamente novidade. Assim tem sido há muitas gerações. O arquipélago da Madeira sempre produziu população emigrante em quantidade. É um lugar ainda com poucas oportunidades, onde muitos vivem com dificuldades. Isso explica a quantidade de madeireinses que se encontram espalhados pelo mundo. Louvável que a juventude e até a não-tão juventude, tenha este tipo de coragem.
Só que, infelizmente, a maioria dessa corajosa população também é pouco qualificada. Emigra aos 18 anos, ou mesmo mais cedo. Não levam na bagagem grandes estudos logo, a própria ambição e os empregos que vão preencher serão sempre os de menor qualificações.

O facto de encontrar muitos madeirenses quase que confirma que, no departamento das qualificações pessoais estou um pouco deslocada. Devem existir lisboetas por aí... Alguns com formação qualificada em áreas distintas. Resta saber por onde andam.... Não é por aqui. Descobri-los ia permitir-me descobrir se existe uma hipótese de me «juntar a eles» e, mais importante ainda, descobrir se é isso que pretendo.

Abraços e BFS!

19 comentários:

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    1. O meu fim de semana começa hoje Elvira :)
      Um grande abraço e obrigada pelas palavras gentis.

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  2. Já estava a contar os dias para encontrares algum madeirense aí ahahaha.
    Sim, somos muitos e estamos principalmente espalhados pelo UK mas se fores a ilha de Jersey então encontras um a cada 100 metros lol.
    Tenho muito amigos e conhecidos que emigraram por causa do desemprego e porque ganha-se mais em terras de sua majestade do que aqui, como é óbvio. Quanto às qualificações, também é verdade que vai ser difícil encontrar alguém que tenha mais do 12º ano. Claro que se fores a um hospital pode ser que encontres algum enfermeiro/a madeirense porque há uma empresa que vem à Madeira buscar os recém-formados (e por isso temos falta deles aqui).
    Bom fim de semana.
    Beijos

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    1. Olá Ana :)
      Como emigrante de primeira viagem ainda estou na fase das descobertas, eheeh. Mas dos muitos portugueses que encontro e com quem me relaciono, a maioria é madeirense. De todas as idades mas em particular jovens entre os 20 e 17 anos. Uma dessas disse-me que era de Jersey!

      Acho engraçado e não me incomoda nem um pouco esta constatação de ter portugueses a cada dois passos mas depois do brexit, fico a pensar se isto não incomodará outros... os naturais dos locais para onde o povo emigra.

      PS: Não são só pts que andam por aqui. Aqui existe de tudo um pouco. Claro que eu noto os que têm a minha língua, mas vejo outras culturas por toda a parte: polacos (uma rapariga com quem me dou muito bem é de lá), ucranianos, romenos, muitos de cultura islâmica, etc, etc. Adoro o multiculturalismo!!

      Acho que todo o Portugal está a ser «desfalcado» no que respeita a médicos. Mas essa é outra «comunidade» afastada da minha. Embora também eu deduza que existam muitos médicos e enfermeiros por cá - devem é estar mais no centro de Londres.

      Grande abraço! :)

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  3. As coisas à nossa volta "obrigam-nos" a ir por caminhos que nem sempre queremos. Infelizmente o nosso país não está bem em parte nenhuma! Beijinhos*

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    1. Ah! Peço desculpa, Portuguesinha, pela minha dúvida e que tem a ver com a sua escrita que, aqui e além, apresenta características da sintaxe, e um ou outro termo, do português do Brasil.

      Saudações

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    2. Fico contente por ter reparado nessa característica, Célia. Não é a primeira mas gosto quando detectam esse traço. Por isso não tem de pedir desculpa :)

      Abraços

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  5. Olá, Portuguesinha

    Gostei muito da sua visita e das suas dicas, as quais vou aproveitar. Já houve tempo em que soube fazer esses cortes nas imagens, com pouco jeito, depois desabituei-me.

    O tema da imigração, que aqui foca, é muito importante porque se trata de um desenraizamento a que muita gente se sujeita por necessidade. Os motivos tanto pode ser a pobreza extrema como, para as pessoas que já têm um nível de vida médio, a vontade de melhorá-lo.
    Isso implica alguma solidão e, realmente, é preciso muita coragem para se dar esse passo.

    Desejo-lhe um bom domingo.

    Bj

    Olinda

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    1. Obrigada pela visita e pelo comentário, Olinda.

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    2. Corrigindo-me,
      Leia-se no meu comentário:"O tema da emigração..."

      Bj

      Olinda

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  6. Estou em desacordo com alguns pontos do texto.
    Falas como se a madeira não fosse uma parcela de Portugal. Quer dizer que pobreza é uma exclusividade da madeira bem como suicídio e outras cenas que falas?
    Desemprego tb.. Então porque emigrante sendo de Lisboa não te faltaria trabalho.
    É o que dizer da grande quantidade de professores, muitos lisboetas, que para fugirem ao desemprego vieram para a madeira?
    Sim, nós madeirenses temos muitos emigrantes mas tb os de Bragança Alentejo Algarve têm.
    Não concordo com o que dizes.
    É emigrantes sejam eles da madeira do porto do Algarve ou até de Lisboa serão sempre emigrantes.
    O facto de ter nascido na capital não torna emigrantes de primeira.
    A maioria dessa população não é qualificada? De onde tiraste essa ideia?
    Falaste com dez pessoas e generalizada toda uma população.
    Sabes que é o obrigatorio.... Também aqui na RAM porque somos portugueses e regemo-nos pela mesma Constituição, estudar até ao 12ano. Ou a madeira está isenta.
    Falta muita informação e esclarecimento por aqui.
    Já agora: conheces a madeira?
    Kis :=}

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    1. Interpreta mal as palavras deste texto, AvoGI. Começo por dizer que desde que emigrei encontro muitos portugueses. Ora, se são portugueses, não estou a excluir ninguém :)

      Previ que alguém pudesse fazer essa interpretação - mas esclareço já que não é isso que está escrito. É um exemplo - dei exemplos reais e pessoais, com os quais se pode ter uma ideia geral, mas não faço uma generalização. Agora que dá que pensar, dá :)

      E viva a coragem dos portugueses em dar este passo de emigrar, sempre em busca de preenchimento pessoal e melhor vida.

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    2. PS: Acho um retrocesso quando se alimentam preconceitos. Ex: Madeira não é portugal, rivalidade entre porto e lisboa, Alentejanos e os restantes zonas do país, norte e sul...Um disparate.

      É por alguns pegarem logo em «armas» em defesa do pequeno canto em que moram que se esquecem de ver que o «canto» é todo um só.

      Boa semana avógi :)

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    3. Portuguesa linda emigrante...
      Tal como tu os meus irmãos vivem em terras de sua majestade. A minha mãe irmã irmão sobrinho avó estão todos enterrados no cemitério perto de Portobello.
      Só eu não emigrei porque sou casmurra e além disso muito apegada à minha ilha, mas vou a Londres desde os meus quinze anos e olha que já tenho 61...
      Conheço muitos emigrantes não só madeirenses até porque o clube onde se deu em é o Sporting...
      Dizes que eu interpretei mal as tuas palavras, mas olha que a minha vida gira em torno da interpretação pois sou docente.
      Enfim...Aceito e gosto desta troca de ideias...Nem sempre estou de acordo on o que leio e vai daí tintas...Liberto a terá que há em mim.
      Peço desculpa se fui desagradável....Mas acho que nao..
      Um abraço a esses emigrantes e se vires a minha família ( pois que está toda aí xcrpto a família que constitui) dá-lhe aquele abraço do tamanho do oceano que nos separa...Ou que nos une
      Kis ,:=}

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    4. Os docentes também se enganam, Avogi :)
      E quantas e quantas vezes é preciso ler e reler as mesmas palavras, para entender todo o seu sentido? Ás vezes até para entender o NOSSO sentido, nós mesmos, nossas interpretações e depois todas as que podem existir. E tudo com meras idênticas palavras.

      Boa semana :)

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  7. A Madeira e os Açores são locais tradicionais de emigração, de Diáspora.
    Um bocado à semelhança de Macau.
    Boa semana!

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    1. Obrigado pela visita Pedro, e, como sempre, pela gentileza. Acho que a palavra chave neste é mesmo a palavra «tradição». E se ela existe quando o tema é emigração!

      Boa semana.

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