segunda-feira, 12 de dezembro de 2016


Tenho mantido no armário as decorações de Natal que comprei para decorar a entrada da casa. Como a intenção era fazer uma surpresa aos restantes moradores, tinha de esperar por um momento em que só eu estivesse em casa. E isso está difícil.

A intenção era trazer um pouco do espírito natalício para dentro. Harmonia, união... afinal, se é natal em todo o lado, e por toda a parte existem decorações festivas, porque não trazê-lo para dentro de casa? Achei que nos ia fazer bem, já que cada um de nós está longe da família e pertence a países diferentes.

Mas ontem pedi a um colega com quem até me dou «bem», para tentar não ter o som da televisão muito alto durante a madrugada. Ele chega a casa às 22h e gosta de ir para o quarto escutar documentários televisivos. A questão é que o faz todas as noites até depois das 4h da manhã com o som demasiado alto para aquela hora da noite. Vai que euzinha acordou a escutar palavra por palavra do documentário bélico com total nitidez, através da parede que separa os quartos. Voltar a adormecer foi impossível. E eu tentei. Como? Decidi que um gole de vinho podia ajudar... (não tenho soníferos). Então, toca a tomar três goles de vinho para ver se o sono caia. Nada. A voz feminina a relatar uma história bélica continuava monocórdica, alternada por música e em exasperação, decidi descer e dormir na sala. Ninguém percebeu. Mas continuou a ser possível escutar um pouco as vozes, embora só ligeiramente. Até o escutei a ressonar, até se levantar para apagar as luzes e o aparelho. Só que, com isto, voltar a adormecer é que... não foi possível.

Então lá decidi ter a cordialidade de falar pessoalmente com o colega para ter atenção ao som da TV.... E ele reagiu assim:

-"Não, o som não estava assim tão alto, não, não! Nunca ninguém se queixou antes. És a primeira a te queixares. Acho que tens o sono muito leve."

-"Por favor, não leves a mal, só que acordei por volta das 2.30 e depois não consegui voltar a dormecer por causa das vozes. Já ouvi antes, mas uma vez por outra... não faz mal. Só que ontem escutei claramente o que diziam. Eu também penso que por vezes podes estar a escutar o som do video que assisto no youtube, ia para te perguntar sobre isso. Estou sempre a regular para que não fique demasiado alto.".

E a coisa ficou por aqui, porque eu tive de «correr» para o emprego. Fiquei contente, achei que tinha corrido bem. Esta coisa de «chamar a atenção» de alguém para alguma coisa é sempre aborrecido. Não se sabe se a pessoa vai reagir bem ou levar a peito. Eu achei que tinha corrido bem e, nessa noite, ao perceber que ele tomou em atenção o meu pedido, disse a mim mesma: «amanhã faz o favor de agradecer-lhe, porque soube mesmo bem escutar o som do silêncio».



Vai que um pouco antes do meio-dia, oiço-o a sair do quarto, como sempre, e decido deixar que vá ao WC e demais andanças porque não faço o tipo de pessoa que sai disparada e nem deixa a pessoa acabar de acordar, tomar o pequeno almoço, fazer a sua mijinha...  Nisso oiço um bater na minha porta. Quando vou abrir, com gentileza, dou com ele já a descer as escadas. Ele olha para mim e diz:

-"Eu vi-te com a luz acesa esta noite às 2 da manhã e ouvi-te a ires à casa de banho, por isso não me venhas dizer que eu te acordo, tu acordas sozinha porque tens sono leve. Se escutares um ruído em Londres dizes que fui eu. Uma pessoa chega a casa do trabalho e não pode sequer ver televisão? És tu, é aquele (um outro colega), não podemos andar pela casa em bicos de pés"!

E decide não mais descer as escadas, sobe-as e fecha-se na casa de banho, impedindo-me de lhe dar uma resposta mais elaborada. Só consegui dizer-lhe: Eu vinha agradecer-te... (e tu falas-me assim? - pensei). Eu não disse que me acordaste com o som da televisão, disse que eu acordei e não consegui voltar a dormir por causa das vozes vindas do teu quarto. Mas tu levaste a mal... Eu não queria que te chateasses.... 

No final das contas, não estamos a falar de um ruído noturno qualquer... mas um que é constante e se desenrola durante 5 horas consecutivas sempre pela madrugada até às 4 e tal. Altura em que se consegue escutar um alfinete a cair numa pedra e pequenos sons se tornam incomodativos. O de uma televisão a esta hora é exasperante. Principalmente se se repete toda a noite.

Fiquei a matutar na diferença de postura. Enquanto eu contive-me para não dar uns tantos murros na parede para o levar a baixar o som - coisa que ele me contou ter feito uma vez na mesma situação, nem lhe bati à porta pedindo-lhe para que saísse e escutasse o som do lado de fora, nem fui atrás dele assim que ele acordou, a primeira coisa que este fez ao despertar foi partir para o confronto e o conflito. Foi rude na abordagem, esteve a controlar-me durante a noite para usar isso contra mim e nunca abandonou a via do «culpar o outro». Depois virou as costas a um possível entendimento.

Agora vou decorar a casa para a encher do tal espírito Natalício.... 
lol. Será que vai resultar?


Happy Christmas!!

11 comentários:

  1. Duvido muito. Com gente assim não há espirito natalício que nos valha.
    Um abraço e bom Natal

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    1. Obrigada Elvira.
      Quem perde é ele.
      Um excelente Natal para si também! Já imagino que vai fazer uma bela ceia familiar :)

      Paz e harmonia, é o que desejo a todos.

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  2. Há pessoas com as quais é muito complicado conviver.
    Infelizmente existem em toda a parte.

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  3. R: para que não hajam mal entendidos eu vi o filme uma vez mas repartido por três dias porque estava a achar tão mau que não conseguia ver muito tempo. Só assim o consegui ver até ao fim...

    P^S: segui!

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  4. Ah! Entendido:)
    Podias estar numa onda «masoquista» e decidir forçar ver um entendimento inocente e divertido no filme da salsicha em riste Kkkk.

    Abração!

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  5. Parece que ele é daquelas pessoas que fica a remoer e prefere o conflito ao diálogo. Acho que a tua postura foi a correcta... não sei se as decorações natalícias melhorarão o ambiente, mas sempre podes tentar :)

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    1. Porque será que o veneno dura mais que o mel? As decorações foram colocadas. Não me apeteceu chamar a atenção para as mesmas e «explicar» a sua razão de ser. Por vezes se queremos algo, temos de ser nós a «fazer a festa e a soltar os foguetes». Mas como o meu ânimo para tal ficou abalado, não o fiz. Aguardei para ver se o efeito seria orgânico, mas não obtive reacções. NINGUÉM as mencionou. Nem retribuíram os votos de boas festas do postal online. Só silêncio. O que tb não é normal.

      Se antes evitávamos-nos para facultar a cada qual um pouco de privacidade, se calhar agora evitamo-nos porque não queremos ter de dizer uma palavra uns aos outros. E porquê? Só porque...

      Triste realidade humana.
      Happy Xmas!

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  6. Ora bem, vamos a isto.
    Nada de especial, apenas os votos de um feliz Natal e de umas óptimas festas.
    Beijinho

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    1. Nada de especial??
      Discordo!
      É muito especial sim.

      Votos de um Feliz natal e uma quadra festiva de harmonia, paz, amor e saúde :)
      Abraço

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  7. Não há muita diferença entre vizinhos e apostar no euromilhões. É tudo uma questão de sorte.

    Quando vivia em casa dos meus pais, os vizinhos do andar de cima eram a encarnação da perfeição até à 1 da manhã. Após essa hora, qual lobisomem perante a lua cheia, dava-lhes um instinto qualquer de manutenção caseira e desatavam a aspirar, martelar, furar e demais lida doméstica e bricolage. Falava-se com eles, que muito simpaticamente se desculpavam, para um par de dias após voltarem ao mesmo. Algum tempo depois, já nem o par de dias, era barulho contínuo noite sim, noite sim. Foi preciso recorrer a uma visita da PSP para as coisas melhoraram um pouco.


    A Portuguesinha se se sentiu incomodada no seu bem estar, fez bem em falar da situação ao seu vizinho. Já quanto a reacção, ela dependerá sempre da natureza humana de qualquer um. Há aqueles que mesmo falhando, não admitem que lhes apontem as falhas. Outros há que aproveitam as chamadas de atenção para evoluírem.

    Boas noites de sono!

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