Quando comecei a trabalhar percebi que tinha capacidades para subir e que quem me contratou viu o mesmo e terá criado expectativas. Ainda sou um broto, tenho muito que aprender. Mas notei pela forma como me designaram tarefas que apreciam o resultado e notei que este era diferente de muitos demais a fazer o mesmo há mais tempo.
Hoje foi dia de briefing, que incluiu também testes de conhecimentos e exercícios. Mal havia começado e a experiente formadora, que havia criado grupos de equipas, logo vaticinou que já tinha avistado o líder de cada grupo. Um destes, eu.
Porém, mais para a frente, ela também detectou que tinha de dar mais voz ao meu raciocínio porque, se tinha um, tinha de o fazer passar sem que os outros o ignorassem. Até porque fui a mais rápida a entender a questão e a oferecer a correcta solução.
Ora, eu tenho esta característica espetacular, de ser dois em um. Tenho de «agradecer» à nossa formação escolar portuguesa por isso.
Quando andava na escola, logo desde criança gostar de participar, de ter ideias, de me sentir entusiasmada, excitava-me o desafio de trabalhar em grupo, gostava de incluir as outras pessoas nas decisões, de puxar pelos mais tímidos, etc e tal...
Mas o que ouvi, algumas vezes, foi que tinha de participar menos, ou dar a vez a outros, que não participavam porque não queriam, mesmo quando eu lhes estendia um «convite» recorrendo a uma qualquer natural técnica discreta e pouco intimidativa de os entusiasmar. Quando já era adulta, fez-se um grupo de trabalho e quando estava entusiasmada a dar ideias, disseram-me que tinha o hábito de querer «tomar o comando» e fazer tudo sozinha, quando, na realidade, o que sabia era expor ideias, que na altura tinha boas e em quantidade.
Agora estou demasiado cansada para especificar melhor, mas recordo-me bem de dois momentos distintos durante o período escolar em que me senti «coagida» a não ser ativa e a passar a co-adjuvante.
Tive de aprender a «matar» um pouco de mim cá dentro, aprender a estar num grupo com uma prestação fraca, lenta, ineficaz ou preguiçosa, e aceitar isso, sem interferir muito, a sugerir ideias que, se não forem apanhadas, não se deve insistir. Aprendi a duvidar de mim mesma, a ter receio, a não querer magoar os sentimentos de ninguém por ter ideias... A escola ensinou-me a apatia.
Sempre fui uma pessoa reservada, mas no fundo também era comunicativa e conseguia combater o meu lado introvertido participando activamente na escola. Era quando a minha criatividade falava mais alto, quando o meu intelecto precisava partilhar ideias e a alma se alimentava com isso. E foi o que me disseram para parar de fazer.
E assim o lado introvertido venceu. E as pequenas «células cinzentas» foram morrendo... de sede e falta de sol.
Hoje recordei-me deste percurso por ver os seus efeitos a longo prazo.
Talvez seja tarde demais. Eu sei que tenho potencial, ele nunca morre totalmente, existe sempre uma réstia a querer brotar, timidamente.... Sei que estou em terreno fértil e, quiçá, ávido. Mas não tenho ambição. Não aquela desenfreada, aquela que acha que o estatus é tudo, que o cargo acima e outro a seguir é a posição mais desejada e invejada e que se esse for meu sou melhor que os outros.
Há ali tantos com essa ambição, mas poucas qualidades. Que pensam que longevidade é sinónimo de direito a cargo superior, detendo uma capacidade de autoanálise pouco realista!
Nada disso me entusiasma. O entusiasmo encontro-o no trabalho, no fazer melhor, no conseguir ter ideias práticas de utilidade, o de satisfazer o cliente, o contacto com as pessoas. É isso que me motiva. Mas confesso que a semana passada, ao ver uma equipa a «arrastar o rabo» a fingir que trabalha e, ao me dar conta, que estava a trabalhar por 2 ou 3 que estavam intencionalmente na gazeta, desmotivei-me. É que, no final do mês, todos levam para casa o mesmo ordenado. A diferença é que no final do dia, eu chego a casa, caio na cama e não consigo me mexer durante 1h. A semana passada, até doente fiquei. E os que fazem gazeta nessa mesma noite têm energia para ir para os bares dançar e festejar.
O ambiente nos locais de trabalho nunca anda muito longe disto.
ResponderEliminarÉ a vida...
Boa tarde, nunca deixe de ser a própria, se faz uma troca de trabalho por dinheiro, tem que dar o seu melhor para apresentar resultados que justifique a troca, o líder nasce naturalmente, é aquele que sabe escutar, sabe argumentar, sabe que não é dono da verdade nem da sabedoria, sabe responsabilizar, sabe motivar, este é o verdadeiro líder natural que conquista o respeito e a simpatia, parabéns pelo novo cargo que vai desempenhar com sucesso.
ResponderEliminarFeliz fim de semana,
AG
Se tens essa natureza de liderança, acho que conseguirás voltar a fazê-la sobressair. É verdade que as nossas experiências nos vão moldando mas acredito que a natureza das pessoas continua lá à espera de ser espicaçada :)
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