segunda-feira, 20 de junho de 2016

EUA: alimentação perigosa e Grupos de terapia


As minhas «amigas» americanas no facebook são, na sua maioria, senhoras com idade para serem (e são) avós. Pessoas que nunca conheci pessoalmente mas que foram simpáticas quando comecei a entrar na rede social para aceder a um jogo que «todos» jogavam. Quantos mais jogadores melhor seria o progresso e então recebiam-se convites ao calhas, de pessoas desconhecidas. Achei que pessoas de fora seriam mais seguras. Certifiquei-me apenas se pareciam jogar e ter coisas «normais» nos perfis. Como tinham, aceitei a amizade. E daí fui progredindo no jogo que «todos jogavam», porque as estrangeiras eram de facto atenciosas jogadoras. Coisa que as de cá esqueciam de ser. 



Bom, este é o motivo pelo qual ainda tenho umas tantas como amigas. Já troquei algumas palavras com uma e outra, sobre o jogo, e todas sempre se mostraram afáveis, generosas e atenciosas. Fiz por retribuir. Se a internet tem algo de bom é isto de poder comunicar com alguém bem longe, desconhecido ou não, para partilhar um prazer em comum. Sei que muitos homens são totalmente obcecados por jogos online com múltiplos jogadores de vários países. Portanto, antes que apareça aqui alguém a dizer que isto é coisa de "gajas", tenham em mente os telhados em vidro, eheheh!


Explicado o motivo pelo qual este contacto começou, vou agora abordar as impressões que acabei por reunir ao longo dos anos, devido aos post que estas americanas vão publicando. 

Fui percebendo graus de parentesco, hábitos, costumes... e estilo de vida. 

Surpreendeu-me por exemplo, que lá se recorra mais do que pensamos aos "grupos terapeuticos". O termo adoptado por cá pode ser "grupos de ajuda" mas prefiro a tradução fidedigna por o significado ser mesmo este. Já todos ouviram falar, mais que não seja pelos filmes, dos AA (Alcóolicos Anónimos). Mas existem mais grupos, tantos que nem dá para contar: fumadores anónimos, toxicodependentes anónimos, sexo-maníacos anónimos, sobreviventes de cancer, etc, etc. Tudo o que precisa de ajuda, criam um grupo e vão frequentar. Isto é comum, não é motivo de constrangimento. Mas ao chegar ao grupo, logo no primeiro dia, as pessoas mais ou menos sentem se aquilo é para elas ou não. E se não sentem uma conexão, partem para outro. Até essa conexão surgir.


Na minha opinião, ao se ter criado um afastamento com a igreja, acabou-se por perder um pouco desta "terapia" que a simples frequência possibilitava a muitas almas. Umas mais necessitadas que outras, umas mais activas que outras, mas creio que todos nós necessitamos de desabafar, de ouvir conselhos, de partilhar coisas. 

Sem dinheiro para terapeutas, psicólogos ou psiquiatras - cujo tempo de espera por consultas pelo que ouvi falar é tão stressante quanto qualquer stress em si - e sem a igreja, recorre-se aos amigos. Mas... amigos também não é coisa que exista muito por aí. Mais outro factor que também atribuo, de certa forma, ao afastamento da igreja. E eu nunca frequentei uma, mas consigo ligar os pontos e chegar a essa conclusão. Qualquer igreja/religião/ajuntamento - católico ou não - acaba por alimentar laços de união, afectividade para com o próximo, etc. Afastando-nos disso e sem mais nada que equilibre a balança, fica-se à mercê da vida e da televisão. E se a vida der limões/morangos e a TV for o único exemplo... 

Enfim, reflexões profundas demais para agora.


Mal ou bem a igreja, os sermões, a confissão... facultavam um pouco de reflexão.  
Quebrado o hábito, fica-se sem o ritual, sem um lugar fixo com o propósito exclusivo para esses desabafos. Uns apegam-se aos animais, a quem "contam tudo" mas isso só vem comprovar que existe uma necessidade por uma "bengala", por uma forma de desabafo.

Existem então os grupos de terapia. Por cá penso que também existem, não tanto quanto lá nem tão facilmente acessíveis como lá mas creio que existam grupos, principalmente para pessoas que têm de passar por traumas ou têm de viver com sérias doenças. E precisam de esclarecimento mas, acima de tudo, de desabafo, compreensão, entendimento. Dar e encontrar.

Uma vez uma destas senhoras americanas desabafou num pequeno texto (sempre que o fazem, acho enternecedor por serem tão genuínas) que estava a sentir-me deprimida e pensou em aderir a um grupo para ver se passava o seu mal-estar. Contou que o fez mas não sentiu aquela conexão. Então estava a pedir aos amigos para darem sugestões de outros grupos. E uma pessoa sugeriu: "Acho que devias aderir a um grupo de greefing(perda)". E aquilo fez sentido para mim, só pelo pouco que li. A senhora estava melancólica e deprimida... foi para um grupo para combater a depressão, mas não adiantou. A solidão é tramada... e a viuvez também. Era o seu caso. Embora tivesse família, netos... ainda assim faltava-lhe "aquela" companhia. À qual se tinha habituado como a um chinelo velho mas confortável. 

E pronto... o meu dom para a escrita nunca foi lá dessas coisas. Mas ignorem a forma e prendam-se no conteúdo. Era disto que andava para cá vir falar. Da vida destas americanas.


Através de receitas "boas e rápidas" de fazer, para as quais lambiam os beiços, também fui percebendo o quanto a alimentação lá é bem diferente de cá. Não existia uma única receita sem massa ou sem algo bastante artificial e calórico, como molho em pó, condimentos diversos, cremes embalados, etc, que não fosse frito. Rara foi a vez que uma daquelas "delícias" me causou outra coisa senão repúdio. 

E quando uma das senhoras começou, esporadicamente, a publicar fotos da neta, fui vendo-a crescer. Uma menina linda, de olhos azuis e cabelos louros, que quando chegou à idade de um ano e pouco, o seu rosto e corpo já começou a parecer um bocado "chubby" (gordinho). Agora publicou nova foto, das duas netas, e a menina está bem mais chubby, com uma barriguinha daquelas que por cá adoramos nas crianças - um pouco saliente, para a qual a avó chamava a atenção, dizendo adorá-la. O rosto dela parecia um balão. Eu, que havia visto uma versão mais saudável, achei que a menina não estava a rumar para uma vida saudável. A continuar assim... ela vai transformar-se numa pré-adolescente complexada, porque tenho quase a certeza que os seus hábitos alimentares já vão de mal a pior. 
E apeteceu-me, assim que o percebi, deixar um comentário a alertar para isso. Mas não posso, nem devo. É rude. Não os conheço... é indelicado e impróprio. Mas que apetece, apetece... parece que estou a ver o futuro daquela menina, a ser gozada por outros meninos, alguns nem por isso melhores do que ela... 

Há uns anos entrou uma criança gordinha num restaurante e uma amiga que estava comigo ficou muito revoltada, quis mesmo ir até a família dar-lhes uma descompostura porque, de acordo com a opinião dela, uma criança só ficava gorda se os pais fossem negligentes. Ela achava que aquilo era um crime! Eu achei-a exagerada e discordei com ela. Nem todas as crianças são gordas porque comem demasiado - e acredito nisto. Aquela, por exemplo, parecia-me um caso desses. Pois além de gorda também era muito peluda - tinha inclusive uma penugem facial e bastante pêlo nas costas. O que só por isso já deve deixar qualquer criança complexada ou vítima de olhares, não era necessário acrescentar mais olhares e uma reprimenda. 

Reality show de uma família americana
peculiar: Here comes Honey Boo Boo
Posso enganar-me, mas acho que algumas crianças aprendem cedo o que são maus hábitos alimentares. E ao ver a foto deles os quatro - avós e netas no facebook, apercebi-me que essa deve ser a realidade daquela família. Avós tudo bem... são adultos. Faz-lhes mal mas são velhos hábitos. Mas as crianças... merecem uma Educação Alimentar adequada. Hoje concluí que a alimentação é saúde. É tudo. Quando começa a falhar a saúde, provavelmente vai algo errado com a alimentação...


Quando era criança minha mãe enfiava-me tudo o que conseguisse pela guela abaixo. Ainda que eu prostestasse, tinha de lhe fazer a vontade. Na idade daquela menina, eu também tinha uma barriguinha chubby. Depois, por um breve momento em que praticava mais desporto na escola e fora dela, fiquei magricela. Mas acabando o desporto na escola - o que me entristeceu porque, apesar de tudo, sempre adorava a sensação que fica após um esforço físico. E com a alimentação em casa sendo inadequada no sentido da quantidade.... voltei a ser "chubby". Mas nunca fui muito gulosa. Os meus hábitos alimentares são errados - concluí anos depois - não tanto pelo que consumo, mas pelos largos períodos que fico sem consumir para depois "compensar" com mais quantidade - e sempre ao final do dia (quando não se queimam calorias, armazenam-se).  E isso é o quê, senão uma má educação alimentar? Na pré-adolescência fiquei por "conta própria" e não tão poucas vezes, mesmo anos depois, preferi nunca tomar o pequeno almoço. De facto, nunca senti vontade de ingerir pão com manteiga, cereais, iogurte ou leite logo ao acordar. Nunca gostei das opções, pelo que depressa enjoei e as dispensei. Até hoje cereais é algo que não consumo. Não gosto. (Acho que sou mais de salsichas com ovos estrelados pela manhã, eheheh).

Dão atenção aos hábitos alimentares?

1 comentário:

  1. Quando era criança achava que comer era uma perda de tempo e era magrinha, depois comecei a gostar de comer, mas o que me salva é que em princípio não como muito de nada...com excepção talvez do chocolate...

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