Em conversa com uma pessoa sobre redes sociais, esta diz-me que todas as pessoas que tem como amigas no facebook são mesmo suas amigas. Pessoas em quem confia a 100%.
O que é isso de se ser amigo? Ou até mesmo, ter amigos?
Quem diz querer amigos os quer realmente? Ou quer pessoas influentes?
Esta questão já está para vir a ser alvo de debate faz algum tempo. Há uns anos, também uma pessoa me disse que todas as 100 amizades que tinha no facebook eram de pessoas de quem «gostava muito» e tinha a certeza que todos estariam lá para ela. Todas as 100... suas amigas íntimas. Tanto que esta pessoa gostava de mencionar o número de amigos facebookianos que um dia, quando voltou a insistir em contar-me essa história como se nunca ma tivesse contado antes, quase lhe respondi, com a maior das naturalidades e sem qualquer malícia implícita:
-"Que bom! Vais ter muita gente a ir ao teu funeral!".
Mas calei-me. Porque essa necessidade de se ostentar, de sentir vaidade pelo status do facebook nunca foi algo que mexesse comigo. Qualquer tipo de vaidade ou orgulho, não faz a minha «onda». Mas não é por isso que não deixo de a notar à minha volta.
Na minha opinião, o facebook não passa de uma Feira de Vaidades. É principalmente com esse fim que ele é utilizado. Não por pessoas como eu, que não se expõe na rede, mas pela maioria. Vejo familiares a publicar fotos cujo propósito é só massajar o ego. E a quantidade de fotos que surgem agora, com o início do Verão, das pessoas nas suas férias, a mostrar as pernas na praia, o peito no biquini, a fazer pose de sexy... E ensinam as filhas adolescentes a fazer o mesmo, para a seguir colocarem fotos das filhas na sua conta pessoal para que a beleza e juventude destas possa respingar na vaidade da progenitora. A sério que isto, tira-me um pouco do «sério».
O facebook serve para as pessoas fazerem-se «aparecer». Amigos? Isso é treta! É mais conveniências. Interesses sociais.
Essa pessoa que me garantia que todas as suas amizades no facebook eram mesmo de pessoas suas amigas, tinha quase 2000 amigos. É suposto eu levá-la a sério? Não. Deixo-a mergulhada na sua ignorância e na sua hipocrisia. Conhecia-a suficientemente bem para saber que ela é daquelas que faz pedidos de amizade a todos que lhe INTERESSAVAM. Amiga, por exemplo, podia ter-me a mim. Que a ajudava sem desejar nada em troca. Mas eu e pessoas como eu não lhe interessavam, porque não lhe acrescentavam nada que já não tivesse. E não é nesse sentido que as «amizades» são feitas. (Se alguma vez foram). Uma «amizade», principalmente facebookiana, é aquela em que aquela pessoa, um dia, pode vir-te a ser útil. É a que convém ficar a par do que anda a fazer. Claro que acredito que, entre 2000 amizades, hajam 3 ou 4 que sejam desinteresseiras. Mas mesma essas, por vezes, são mantidas por razões egoístas. Porque as pessoas podem não te servir como «escada» social, mas acabam por ser usadas como fonte de apoio moral e confiança. Ou então, são as «amizades» que são mantidas para satisfazer a vaidade. São aquelas pessoas a quem vai dar prazer «esfregar na cara» uma conquista.
Sinto um pouco de desdém por quem faz pedidos de amizade às pessoas que lhes podem abrir portas profissionais, ou são influentes de alguma forma. Por vezes até fazendo troça destes e ignorando os pedidos de amizade, antes de perceberem que lhes podem ser úteis. Que gozam com os mais velhos, até que estes se tornam «interessantes» para tentar subir na vida. E são sempre estas as pessoas que se acham tão especiais e diferentes que são as mais interesseiras.
E pronto. Era isto que pretendia desabafar.
E pronto. Era isto que pretendia desabafar.