sexta-feira, 12 de junho de 2015

Nostalgia e tecnologias


Hoje apeteceu-me fazer uma coisa que já me apetecia à algum tempo. Ver uma gravação na cassete VHS. O ruído saudoso do aparelho a «engolir» a cassete e o barulho do fastfoward foi o suficiente para me deixar mais bem disposta. Por vezes tudo o que basta são estas pequenas coisas.
Vista a cassete, chegou a altura de rebobinar. Vim à internet, liguei-me no blogger, introduzi a senha e pronto: a cassete de 4h já estava totalmente rebobinada.

Ainda dizem que a tecnologia moderna é superior à antiga. Discordo. Supostamente tudo o que nos cerca serve para facilitar-nos a vida de forma mais acessível e rápida. Mas dou por mim a pensar que se trata de uma falácia. Nos impingiram esta treta da internet wireless, das gravações na box da noz,  meo, etc, como sendo melhores. Mas na prática do usuário, não acho que sejam. 


Dou por mim a refletir neste assunto quando aguardo que uma página na internet carregue. Ou quando tenho de clicar em vários links para obter o simples gesto de entrar na página pretendida ou obter a imagem desejada. É que até tudo isto se concretizar, dá para fazer tanta outra coisa! Faz-me lembrar o tempo do roiter, no qual para se aceder à net tinha-se de aguardar que o aparelhinho acabasse de fazer uns barulhinhos analógicos que levavam até uma meia hora... e para fazer um download? Podia levar um dia. 


Mas ao menos essa internet não era mentirosa. A que temos hoje em dia promete muito mais do que cumpre. Os acessos são demorados e lentos. Vejamos: em menos de 1 minuto, a cassete no VHS rebobinou por inteiro as 4 horas de fita. 

Quando movo a imagem no telecomando da box, esta, além de nunca parar onde eu quero, também não pára quando se carrega no botão. Quantas vezes não avançamos o intervalo publicitário, só para a gravação insistir em parar já a meio do programa que estamos a ver, o que nos leva a rebobinar mais um bocadinho, e a imagem vai parar exatamente onde estava quando se começou a bobinar? No VHS não houve nada disto. Tudo foi uma navegação com precisão. Uma delícia de recordar. 

É o tempo de reacção do comando e da obediência. Hoje em dia com esta tecnologia é tremendamente lento. É intencionalmente impreciso. Dá para escolher a velocidade mas até aquilo arrancar, é preciso "calibrar" bem porque, no momento em que se decide parar, ele ainda leva algum tempo para reagir. Andamos a "calcular" a antecedência dos atos! Seja como for, a nova tecnologia não está programada para obedecer às nossas ordens e sim servir os interesses publicitários (mesmo que o utilizador avance nos intervalos publicitários, acaba sempre por os ver).

Cassete com 4h de fita, leva menos de 1m a rebobinar. 


Ter usado o vídeo hoje foi refrescante. Cada vez que carreguei no play, surgia a imagem. Sem demoras. No STOP, parava. Consegui localizar muito mais depressa certos trechos, mesmo não tendo contador visível nem sendo uma tecnologia digital. No digital, quando se quer avançar a imagem, muitos aparelhos não permitem escolher os minutos, então, é preciso fazer tal e qual num VHS: avançar. Só que a velocidade de progresso no digital é menor, consome mais tempo que o foward do VHS e não tem aquele «barulhinho» agradável e tranquilizante. E mais uma vez, se se der a velocidade máxima, é bem capaz de, pela altura de realção até o momento da paragem, a gravação chegar ao fim, o que obriga a fazer o fastfoward todo novamente. Ficando muito atento e cada vez mais escravo do monitor. Porque avançar até a 1h25m de um filme no digital e fazer no mesmo no VHS é diferente. E o analógico ganha. Aos pontos. 

Ah, e a durabilidade? Supostamente o digital é mais seguro. Mas já tenho uma série de DVDs que deixaram de passar nos aparelhos. São, aliás, uns disquinhos excessivamente sensíveis! As cassetes tenho-as há 20 anos... e duram, duram, duram. Nada de humidade, nada de desgaste. Confio mais na fita do que no digital. E quando se apaga algo sem querer? No analógico ainda dá para recuperar. Mesmo quando parte da fita fica «mastigada», dá para recuperar. No digital, uma microscópica falha na gravação impede a visualização de tudo. O digital volta a perder, aos pontos.

Só ganha, na qualidade de imagem. Não no volume de som, porque aí perde por um penhasco! Mas quem sente um pouco de nostalgia, sente-a também por aquela imagem granulada, com «chuva» quando não recebia qualquer sinal e com interferências cada vez que chegava ao fim de uma gravação que se sobrepunha a uma anterior. Priceless! :D

PS: durante o salvar da imagem acima, a internet bloqueou e não permitiu nenhuma interação durante 2 minutos

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