Ele não presta! - disse-me a M., referindo-se ao novo inquilino.
Ela havia acabado de chegar a casa. Ele tinha acabado de comer e subir ao quarto. Quis saber o que se passava. A M. ficou escandalizada por ele ter deixado restos de comida dentro do lava louça. Tirou uma fotografia e vai enviar à agência para se queixar. Tal como fez com o JA.
Sabem o que eu pensei quando ela me disse para ir espreitar o lava louças e fez aquela cara de censura extrema?
-"Tu fazes o mesmo".
Nunca que ela remove os restos de comida. Já falei disso aqui, não já? Sei que sim, mas se calhar foi no único rascunho no qual desabafei tudo, sem publicar. Até o rapaz uma vez me mencionou isso. Mas nós relevamos. Ninguém é perfeito e temos de ir fechando os olhos a coisinhas aqui e ali.
É que não quero receber aqueles comentários: "Se calhar o problema és tu e vais ter problemas em todas as casas"
Como se eu não tivesse capacidade para ser compreensiva e ainda assim também ter vontade de desabafar o que não me agrada. Um anónimo deixou hoje este comentário no meu post sobre ajudar os outros:
Porque não pratica essa teoria dentro de casa? Ser generosa sem esperar nada em troca? Já tentou ser mais generosa e compreender que cada ser humano é diferente e aceitar isso? Enquanto isso não acontecer nunca vai viver bem em grupo, seja nessa casa, na anterior ou numa no futuro!
Adoraria publicar este comentário no post em que foi deixado não tivesse reparado que é anónimo. Porque acho que quem não tem colhões para se identificar quando sabe que vai escrever algo que a outra pessoa pode ou não gostar de ler, é porque no fundo não quer ajudar. Só quer criticar.
Além disso, considero esta observação desadequada. Se eu não tentasse compreender as diferenças de cada um não me metia em metade das alhadas que acabo por viver. Pessoas como a M. sabem bem de quem gostam e de quem não gostam. É uma forma de ser. Agora, tal como é sugerido pelo anónimo: elas tentam compreender alguma coisa? Não. Vai começar uma campanha interminável de censura e de perseguição com vista a fazer com que o novo inquilino saia daqui.
Foi o mesmo que fizeram comigo. Dá para entender isso?
Não acho correcto. Seja eu o alvo ou só o observador.
Penso que o melhor seria falar, primeiro apontar para o que nos incomoda e pedir para a outra pessoa ter mais cuidado da próxima vez. E não ir a correr fazer queixinhas a todos os outros colegas e há agência. Primeiro dá-se oportunidades às pessoas, só depois, se estas não perceberem, é que se pode decidir cortar de vez. Ou estou errada. Acho que estou. Sinceramente, acho. Por tudo o que já vivi.
Mais uma vez, passei por isso também noutra situação. O de ser cortada. E até hoje me dói.
Sim, mas devo ser eu que estou errada. Tenho a certeza que sim.
Os que discriminam dão-se bem e eu vou-me incomodando ou recriminando estes comportamentos e dou-me mal.
Ao menos desta vez não é comigo. Não sou o alvo. E nunca vou ser.
Devo ficar contente com isso.
É deixar andar. Fico no meu canto.