terça-feira, 4 de maio de 2021

MEMORIAS SOLTAS: valores morais

 Veio-me a lembrança um momento banal do passado. 

Uma colega da universidde contou-me o horror que era dar boleia a uma colega de trabalho. Isto porque, garantia ela, a colega era uma porca e nao se lavava "lá em baixo". Por isso tresandava a sexo. Ela ate tinha de desinfectar o carro.

"Ela nao se lava! Nao tem higiene. Será que nao percebe que os outros a cheiram?".

Sendo eu como sou, logo coloquei cenarios alternativos. Se calhar a rapariga tinha um problema de saude qualquer ou entao era um caso forte de BO. Se calhar foi so numa ocasiao, ou se calhar usava um daqueles perfumes que para ela e divinal e para os outros cheira mal.

Nao julgo as pessoas pelo que outras me contam e nao destribuo juizos de valor a torto e a direito como quem descarta lixo. Por isso escutei a historia mas nao criei nenhuma opiniao sobre aquela pessoa que pessoalmente nao conhecia.

Passados dias, semanas, meses, a colega voltava a contar-me a mesma historia.  Com o mesmo nojo e nivel de repreensão. Já estava cansada de a ouvir.

Era AMIGA da outra.

Mas nao se calava com a historia.

Isto é verídico! - afirma ela.

"Ate me deu nauseas! Tive de me controlar para nao vomitar!"- dizia todas as vezes.

Assim como contou varias vezes esta historia a mim, sei que tambem a repetia a outros. Vezes e vezes sem conta. 

Escuto-a contar a mesma historia aos meus ouvidos mais uma vez. As vezes que lhe apetece, como se tivesse problemas de memória e fosse incapaz de registar a lembrança de já a ter contado.

Começou a incomodar-me. A forma como me entrelacou para aquela situacao em que era participante nao activa de um boato terrivel sobre uma colega com quem, para todos os efeitos, ainda mantinha relações de amizade.

Se mo contou a mim umas 20 vezes e ja a tinha ouvido contar outras 10 a outras pessoas, aquela devia ser uma historia que ela nao parava de espalhar.

Coloquei-me no lugar da amiga.

Sem fazer IDEIA do que a outra espalhava sobre ela. Nao apenas uma mencao durante um convivio entre um grupo de amigos chegados mas um constante bomberdeamento de maledicência direccionado a todos os ouvidos.

Ha algo de corrupto na sua essencia com a qual nao me identificava.

Dizia-se que um cavalheiro e uma dama demostram o ser pelos seus valores morais e eticos. Uma das atitudes que se evitava era a difamação. Gratuita e maliciosa. 

Anos passados e sinto pena de mim mesma por ter ido parar a um lugar que, agora ha distancia, vejo a malicia e tacanhez que por ali reinava. Denque boatos igualmente maliciosos fui eu a  vitima e NINGUÉM me soube alertar?

Nao tive muita sorte com o nivel de integridade e moral das pessoas que me cercaram pela vida. Nunca realmente encontrei pessoas de semelhante postura moral. Talvez algumas... de uma geracao bem mais antiga que a minha.  Dai talvez o meu gosto por pessoas mais vividas. Nem todas iguais, bem sei. Mas conheci algumas admiraveis!

Da minha geracao porém... naqueles anos... Agora vejo tao bem: tudo podridão. 

 


2 comentários:

  1. Com amigas assim... quem precisa de inimigas?
    .
    Cumprimentos poéticos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Faço minhas as palavras do Ricardo...
    Amigas assim... são altamente corrosivas!... Como por aqui se diz... é melhor pores-te à tabela, com uma pessoa assim por perto!...
    Beijinhos
    Ana

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