Não queria deixar a impressão de que tudo me corre mal no que respeita a estar numa casa.
Sei que muitos podem concluir que o problema reside mais em mim do que nos outros.
Admito que a minha forma de ser é que está sempre a gerar o mesmo género de problemas. Acabei por perceber isso. Mas é a minha forma de ser passiva, aquela que tolera e quando algo não cai bem, uma, duas, várias vezes, releva, por achar que pode ter sido uma impressão equívocada.
Depois do «curso intensivo» que foram aqueles 20 dias a dividir um espaço com os «millenais infantis» fiquei sensível e alerta. Como um cão muitas vezes espancado que quando abana a cauda de felicidade também se encolhe de medo e receio.
Nesta nova casa as pessoas têm sido diferentes.
Aqueles sinais que captei não foram inventados. Por isso sei que, como sempre nisto que diz respeito a dividir espaços comuns com desconhecidos, as coisas podem rumar para sítios inesperados de um momento para o outro.
Mas tenho a sensação que desta vez - sendo que esta é a primeira - mudei para o melhor lugar que alguma vez se pode encontrar, dadas as circunstâncias. Independentemente dos feitios de cada um, das manias, parece que todos se respeitam e procuram ter consideração pelos outros.
É só o que é necessário.
Temo escrever estas palavras para amanhã mesmo descobrir que tenho de as retirar. É um temor que vem da experiência vivida, do senso comum. Sou a única que tem de se levantar para ir trabalhar de madrugada. O que significa que tenho de adormecer por volta das 18h (idealmente, claro). E será que os restantes estão dispostos a ser contidos no seu convívio?
Quase nunca isso acontece. Seja em que casa for.
Notei que aqui gostam de conversar e rir enquanto se prepara o jantar. Quando acabam de comer vão todos, à vez, tomar um duche na casa de banho, que fica ao lado do quarto onde durmo.
Tudo isto é muito normal, mas coincide com a altura em que o ideal, para mim, é estar sossegada, ter algum silêncio para poder mergulhar no sono.
Sono esse que é muito difícil de obter.
Sempre fui difícil para dormir mas desde que me mudei, surpreende-me o despertar matinal e a incapacidade de voltar a dormir. Posso adormecer exausta pelas 4 da manhã que antes das 8 estarei acordada e de pé. Uma calamidade, que não me faz sentir energética nem optimista. Não é só pelo barulho que outros possam fazer pela casa, a abrir e fechar portas, etc, etc. É pela luminosidade que entra pelo quarto. Deve ser comum aqui no UK... não existir persianas. Um quarto nunca está totalmente mergulhado no escuro. Existe uma janela ampla e um cortinado pendurado num varão. Só isso. O tecido não é nada de especial, não corta a luz. E como as minhas cortinas são douradas na cor, quando a claridade aparece, é como se um pequeno farol se iluminasse.
O senhorio não se compadece deste tipo de problema. Perguntei-lhe - já que aparece cá em casa todo o santo dia - se podia tapar as janelas com alguma coisa, caso verificasse que não conseguiria dormir. Por uma questão estética acha que não. Pôs-se também a dizer que o sol nascia de lado e girava para a traseira da casa. Eu sei disso. Mas quando nasce e enquanto se estabelece na sua posição, essa claridade é o suficiente para me impedir de adormecer, caso abra os olhos com algum ruído. E devo abri-los umas 20 vezes.
Finalmente estou de folga e tenho tentado descansar. Não estou a conseguir os resultados imediatos que pretendia - por dormir poucas horas seguidas. Durante a tarde e após almoçar, é que costumo ficar sonolenta. Acabo de despertar de uma soneca de uma hora, duas. O tempo não me ajuda. Pretendia dar um longo passeio na minha folga. Mas está quase sempre a chover.
Então hoje aproveitei que estava de pé antes das 8 da manhã, desci à cozinha e fiquei a pensar no que ia comer. Foi quando me deu vontade para começar a limpar a casa. Aqui todas as semanas um de nós tem de limpar uma área da casa. Ainda que só cá esteja a dormir faz três noites, calhava-me o corredor e as escadas do primeiro andar, o hall, a área em comum e o anexo. Em cerca de três horas encarreguei-me de limpar minuciosamente estas zonas. Removi teias de aranha e, atrás da televisão, bolas de pó. Esfreguei o corrimão de madeira com um produto próprio, aproveitando para remover algumas manchas avistadas. Limpei aqueles cantinhos que todos esquecem: por cima e por baixo das placas de madeira, a base em madeira, a prateleira em cima da lareira, a própria lareira, etc, etc. Como estava com a mão na massa, decidi também varrer, aspirar e lavar o chão da cozinha, que estava verdadeiramente imundo e manchado de verde, vermelho e laranja.
É sempre complicado, conviver-se em harmonia, quando cada um tem horários tão distintos... mas havendo boa vontade...
ResponderEliminarE no entretanto... talvez, ir procurando algum outro lugar, com menores inconvenientes ainda... se tal se proporcionar...
Não tinha ideia, de que não ligam para persianas, aí no UK... mas pensando nisso... realmente a grande maioria dos edifícios, parece que não as têm mesmo...
Tal... só agora me fez efeito!... :-)
Beijinho! E tudo a correr pelo melhor, por aí!
Ana
Obrigada ana. Obrigada por todos os teus comentários :)
EliminarNesta casa sinto-me optimista. Parece que tenho sorte. Mas gato escaldado tem medo de frio - acho que é assim que se diz.