Peço a vossa atenção para esta informação da CML:
Segui este link por achar fantástico estarem a facilitar a habitação nos centros históricos de Lisboa. São zonas que estão a perder habitantes de bairro a grande velocidade e no seu lugar surgem condomínios para serem vendidos ou alugados a estrangeiros. É muito triste ver uma cidade a morrer desta forma. Com vida emprestada, vida provisória, vida de comércio apenas. Sem famílias com filhos a estudar nas escolas locais. Mas com turistas e estudantes vindos de fora.
Porém quando li esta descrição a minha felicidade caiu por terra.
A minha interpretação da mesma é que famílias e idosos são despejados das suas casas de toda a vida, para que o ganancioso proprietário possa remodelar e adaptar a mesma ao turismo. A câmara tem estas casas fraquinhas que de outro modo acabariam em ruinas e por uma módica quantia disponibilizam-nas mas apenas a pessoas que já morem no bairro e que façam parte dos infortunados.
A minha interpretação da mesma é que famílias e idosos são despejados das suas casas de toda a vida, para que o ganancioso proprietário possa remodelar e adaptar a mesma ao turismo. A câmara tem estas casas fraquinhas que de outro modo acabariam em ruinas e por uma módica quantia disponibilizam-nas mas apenas a pessoas que já morem no bairro e que façam parte dos infortunados.
Então não se está na realidade a combater nenhum ciclo de desertificação, não é verdade?
Pelo contrário. Os miseráveis continuam miseráveis e provavelmente terão de pagar mais por isso. E os ricos vão virar milionários. Quanto ao centro histórico, vai perdendo as famílias e transforma-se num misto de escritórios com casas para alugar não a trabalhadores com filhos, mas a estudantes de outras partes do país e do mundo e a pessoas com um bom nível de vida que ali querem ter um espaço para esporadicamente visitar.
Pelo contrário. Os miseráveis continuam miseráveis e provavelmente terão de pagar mais por isso. E os ricos vão virar milionários. Quanto ao centro histórico, vai perdendo as famílias e transforma-se num misto de escritórios com casas para alugar não a trabalhadores com filhos, mas a estudantes de outras partes do país e do mundo e a pessoas com um bom nível de vida que ali querem ter um espaço para esporadicamente visitar.
Tenho um amigo que nasceu em Alcântara e viveu sempre nessa casa. O senhorio conseguiu ir correndo com todos os inquilinos, uns que morreram e outros que ele lhes fez a vida negra até que as pessoas saíram. O meu amigo manteve-se firme e o homem foi deixando cair a casa sem fazer quaisquer obras. O que ele queria era vender o espaço para a construção de um hotel. O Luís foi aquentando, mas quando a água começou a escorrer pelas paredes em direção às tomadas electrificas, acabou arranjando um apartamento em Almada e mudou-se. Mas não queira saber o que ele sofreu até à saída e as coisas que se lhe estragaram. Nasceu e viveu lá 60 anos.
ResponderEliminarUm abraço
Obrigada por este seu contributo real, Elvira. É preciso dar rostos a esta realidade. Sugiro que reflicta neste caso que conhece e, quem sabe, noutros, para escrever uma das suas histórias.
EliminarA Elvira é inspiradora, comove os leitores e este é um tema importante, real, nosso, bem português, que ia emocionar muitos e alertar consciências. Afinal, é parte para isso que a escrita serve. Mas depende do mérito do autor. E acredito que a Elvira tem esse dom e pode solidificar o exemplo dos "Luises" desta vida muito bem.
Uma vez nas finanças ouvi o caso de uma senhora muito idosa que sempre pagou a renda mas nunca recebeu recibo. Agora estavam a solicitar-lhe uma fortuna e a exigir provas de arrendamento caso contrário, seria o despejo.
Há muita coisa demasiado triste neste mundo.
Um abraço.
O meu amigo, chama-se Luís Filipe Maçarico, é escritor já com muitos livros escritos, muitos de poesia, mas também biografias, contos infantis, etc,
EliminarJá escreveu a sua história, bem ilustrada com fotos, da degradação a que o senhorio deixou chegar o andar, para o obrigar a sair.
Abraço e obrigada
Interessante, Elvira. Irei googlar mais tarde.
EliminarMas tal não a impede de também se inspirar :D
Beijos
Estive hoje a ver os preço do imobiliário em Lisboa.
ResponderEliminarDispararam de maneira incrível.
Com ideias de ter uma casinha por cá, Pedro?
EliminarMudança?
Seria de esperar que as coisas mudassem com a chegada do turismo mas acontece o oposto. Aproveita-se para explorar os estrangeiros e os nacionais pagam por arrasto.
ResponderEliminarA ideia de que o turismo é uma fonte de riqueza nacional, uma espécie de "praga" que o cidadão local tem de suportar por lhe trazer riqueza, para mim já caiu por terra, Ana. É uma ilusão.
EliminarEstão as pessoas mais ricas por isso? Está a cidade? Pagam menos impostos? Existem menos dívidas?
Começo a ver nestas aberturas, nestas rachas na parede, que tudo não passa de fumo para os olhos. Explorar para só alguns lucrarem sempre foi o objectivo de qualquer comoção.
O problema da habitação em Lisboa... está aqui, neste post brilhantemente compreendido!...
ResponderEliminarÉ esta mesmo a dura e pura realidade!...
E os velhotes... ainda não sabem bem com o que hão-de contar... ainda andam às voltas com legislação sobre o arrendamento, por estes dias...
Beijinhos
Ana