sexta-feira, 22 de julho de 2016

Summer blues - a fragilidade das evidências

Abri a boca em espanto. Uma onda de tristeza invadiu-me os sentidos. "Estou mesmo a ver aquilo que penso que estou a ver???"

Folhas de árvore, espalhadas pela avenida, a esvoaçar com o vento.
"Nãaaaoo!!" - grito por dentro.


Tenho estado a negá-lo embora a sensação de tristeza já cá morasse. Os dias já não são tão longos. 

Diariamente, por volta das 19.30h, venho a notar uma claridade reduzida. "Ohhh, como é que pode?? Os dias já estão a ficar mais curtos e ainda nem sequer chegamos a Agosto!" - penso interiormente.

A claridade não é tão radiosa e recusa-se a invadir os meus domínios com todo o seu esplendor. Senti saudade de poder constatar: "Já viste? São 21.30h e há tanta luz do sol dentro de casa!". "No Inverno, ao início da tarde, pelas 16h, já se teria de acender os candeeiros por estar escuro. Olha só agora! Gosto mais dos dias assim".

Embora o calendário indique que o Outono chega daqui a precisamente 60 dias, ténues sinais para estes «bigodes de gato» já se dão a conhecer. E como este ano a Primavera chegou, tal como o Verão, acompanhada dos seus dias cinzentos e chuvosos, a simples perspectiva destes já estarem de regresso deixa-me com os "blues".


Quem diria... Eu, que nunca lamentei os dias frios de Inverno e sempre apreciei a chegada de cada estação, honrada por ver uma chegar e partir, com a cadência de quem marca a vida. Não partilhava com as outras pessoas o mau estar com o frio mesmo quando este congelava-me os dedos das mãos, nem me zangava com o forte vento, que dificultava-me o caminhar. Mas isso mudou. E a bem da verdade, não foi hoje. Já faz algum tempo que estes blues dos dias curtos são antecipados com uma certa agonia espiritual.

Porquê? Tenho as minhas teorias. Mas partilho apenas uma. Cresci e envelheci. Um corpo jovem e saudável aprecia o vento a bater-lhe forte, não se constipa com facilidade, pode até ficar à chuva e fazer muitas outras ousadias. Quase nada lhe traz sequer uma tosse. Tudo muda quando já não se está a crescer. Quando se fica doente e a recuperação acontece mas deixa sequelas... Agora uma brisa pode trazer de imediato a tosse. A fragilidade faz-nos apreciar temperaturas amenas, dias solarengos... Seja esta fragilidade física, mental ou espiritual.



2 comentários:

  1. Como compreendo esses blues!!! Tb notei na semana passada que o sol já não incide no mesmo local do meu quintal às mesmas horas. Pelas 17 podia sentar-me lá fora e apanhar ainda banhos de sol quando os raios solares são menos prejudiciais. Agora não! : (( ... e o nosso verão aqui é tão curto!!! Hoje não se pode ir lá para fora porque a sensação térmica é por volta dos 45 graus!!! Oh!!! Terei que passar o ano inteiro na Flórida!!! : ))

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  2. Conforme envelhecemos as dores aumentam, o corpo fica mais frágil e adoecemos com facilidade... enfim, faz parte da vida!

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