Ainda me surpreendo como, em tantos anos de independência por casamento, meus pais ainda correm a fazer toda a espécie de favores ao outro filho. Quase uma década de união, netos, uma casa própria, e ainda vejo a minha mãe a lavar e engomar roupa, a ir à farmácia levantar receitas, a ir ao supermercado comprar mercearias, a fazer de babysitter, de motorista e basicamente a prestar-se a tudo. No fundo nada mudou, a não ser as aparências.
Aparentemente o filho que «saiu» primeiro do ninho é independente, sabe safar-se sozinho. Mas basta apanhar um resfriado e em menos de duas horas precisa que os pais lhe levem ao médico, comprem medicamentos, façam as lidas da casa, encham a despensa de mercearias e lhe façam a sopinha, para dar à boca.
Como pode a sociedade evoluir se as aparências enganam tanto?
uma independência muito dependente ... só quando nos sabemos realmente sós, nos tornamos independentes.
ResponderEliminarTétisq, julgo o que dizes é a verdade.
EliminarSó quando perdermos os pais e não se tem mais ninguém próximo e de sangue, é que se vai conhecer o sentido de estar «sozinho» e por conta própria. A maioria de nós tem pais vivos até estes serem muito velhinhos. E por vezes tiram proveito disso a vida toda, sem o perceberem. E nem valorizam como deviam.
Creio que existem pessoas que nunca vão realmente saber o que isso é, porque rapidamente arranjam quem lhes garanta a continuidade do «direito» de "exploração de serviços", ou seja: quando chega a altura de se «afastarem» dos progenitores, arranjam esposa/marido/filhos a quem possam «usar» da mesma forma, garantindo assim o usufruto vitalício de pessoas que podem manipular e usar sem que se dêm conta deste tipo de egoísmo.
Mas os que perdem os pais cedo ou não os chegam a ter realmente, e vão para a vida sozinhos, creio que conhecem sim, a independência verdadeira. Não poder contar com NINGUÉM para amparar, essa é a verdadeira independência. E a menos, como disse, que a pessoa arranje «substitutos» (filhos, companheiros) a quem vão decerto incutir uma "obrigação", essas pessoas são as que conhecem o verdadeiro sentido de ser independente e responsável por si mesmo.
Detesto esse tipo de filho...e desculpa o abuso...a culpa é dos paizinhos...que continuam a "por a mão por baixo" grrrrr....
ResponderEliminarSuricate, não imaginas como por vezes me agrada ler o que pensas sobre a educação das tuas filhotas. No geral concordo com os teus conceitos parentais e sabe-me bem perceber que uma criança, algures, está a ser bem formada e recebe bons exemplos.
EliminarSer pai não é fácil, ser filho também pode ser difícil e nunca falhar é uma ilusão. Mas as más práticas resultante dos mimos e favoritismos estragam muitas casas e formam indivíduos que até se safam na vida, mas cujo princípio de existência assenta nos valores materiais, na quantidade de "amizades" do facebook e no fundo, as práticas sociais assentam nas aparências.
Estas tuas palavras fazem digerir.
ResponderEliminarE alargando o horizonte de cada um, encontramos tantas independências dependentes...
É bem verdade, Bocagiano. Independências dependentes... se calhar somos sempre um pouco dependentes de algo. Dos afectos, da necessidade dos mesmos, da necessidade de aprovação. Mas algumas (in)dependências são insuportáveis por ser evidente o quanto são fajutas.
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