quinta-feira, 28 de março de 2013

Hoje passei por um local pelo qual já não passava há bastante anos. Olhei para aquela vastidão de verde e pareceu-me que eu estava ali, com os meus jeans e t-shirt preta, e com 16 anos. Então me perguntei, consciente do abandono e da crise à minha volta, olhando para os agora jovens que ali estavam a planear o futuro, o que diria a mim mesma se me encontrasse frente a frente comigo mesma com 16 anos. O que é que esta trintona diria à jovem?


- "Foge! Segue o que sentes. Faz o que te apetece. Emigra para teres futuro. Afasta-te de quem te faz mal. Não acredites nos que te prendem".


«Mudar de Vida»... se esta "desgraçada" conseguiu, porque não conseguimos TODOS?

Abri uma página do google* por acaso e deparei com um texto com a seguinte frase:
"Se uma viciada em drogas duras consegue tornar-se uma mulher determinada e bem-sucedida, o que temos nós para lamentar? Do que estamos à espera para mudar e sermos mais felizes?!"

 Bom, parece-me que uma resposta simples está em falta para quem sempre coloca estas questões banais como que já a dar a resposta e a passar um juízo de valor.

É simples: quem já está no fundo do poço não perde nada ao tentar mudar de vida. Mas quem está mal mas ainda pode ficar pior, tem receio de «mudar de vida» e afundar mais do que já está atolado. Já entenderam a questão? Não fazer as escolhas certas no acto contínuo de "mudar de vida", ficando ainda pior - é isso que «trava» algumas pessoas que pensam em "largar" o que de momento têm e partir rumo ao "desconhecido". Claro que mudar é essencial mas uma análise extremista individual aplicada ao colectivo? Não dá! 

Do fundo do poço, o único sentido a seguir é para cima.
E a visão pode ser motivadora.
Os que estão "no fundo do poço" também têm sorte, porque ao decidirem «mudar de vida» não terão necessariamente de o fazer desprovidos de auxílio. Dependendo do olhar que a sociedade dá ao problema, a ajuda pode ser imediata. Para pessoas com problemas específicos como certamente é o caso desta "viciada em drogas" e que a sociedade identifica como vícios cuja ajuda pode erradicar, permitindo-lhe assim exercer o seu lado caridoso e ficar bem vista, o "fundo do poço" tem até algumas probabilidades de ser uma morada de curta duração. E que a seguinte só pode ser para cima, para melhor.

A conclusão a que chego é que nesta vida temos de fazer por nós sozinhos. Mas estranhamente, não somos NADA sem o apoio dos outros. Alguém que estenda a mão ao próximo, por favor! Mais ainda quando aparentemente, não se encontra "no fundo do poço" mas talvez no limiar....



*(como são vazios neste tipo de «imprensa rosa» estes artigos de superficialidade banal desprovidos de rigor jornalístico. Normalmente, mal os olhos passam por cima das primeiras palavrinhas, já passam ao lado e seguem em frente. "Mudar de vida" pode começar por não procurar "mantras espirituais" nestes artigos de treta)



quinta-feira, 14 de março de 2013

Meu nome pronunciado

Meu primeiro nome é simples. Podem chamar-me por ele, ou pelas muitas variações diminutas que permite. Conforme a pessoa, conforme a forma como sou chamada. Na realidade, o meu nome de três sílabas permite que me chamem ou pela primeira ou pelas últimas sílabas, além daquelas «combinações» hipocorísticas* inventadas. E gosto do meu nome por isso. Por permitir variações, significando sempre o mesmo: eu.

Mas ultimamente só oiço meu nome completo a ser pronunciado e é como se chamassem qualquer um. Tenho saudades de ser chamada pelo diminutivo de uma dessas variações... Tenho saudades porque aqueles que me chamavam assim não acusavam pecado, não trazia julgamento à minha pessoa, ou censura. Era o meu nome, no mais puro estado. Nome de quem gostava de mim e me via pelo que era, não por ideias pré-concebidas, algumas vindas do aspecto exterior, outras vindas das circunstâncias.

Vou atravessar esta vida desejando encontrar, um dia, quem me chame, com legitimidade para tal, pelo diminutivo desse diminutivo. É a minha identidade pura. 


* palavra criada ou modificada com intenção de carinho e para uso de trato familiar e amoroso.


a VENCEDORA do Euromilhões


Acho que o povo português não é mesquinho e invejoso (falo por mim, pronto ;) ).
Pelo que percebi, ninguém andou a falar mal da VENCEDORA do primeiro prémio do Euromilhões. Agradou ao povo a sorte da contemplada, uma  viúva há 20 anos que trabalhava com empregada de limpeza.

Mas também fico a pensar qual seria a reacção das pessoas se este prémio fosse parar às mãos de alguém que já tem dinheiro suficiente para várias gerações. 

O Estado Português também é um GRANDE VENCEDOR desta «lotaria». Vai arrecadar para os seus cofres um pouco mais de 10 MILHÕES. Só porque a contemplada registou o boletim neste país que tem um imposto específico para a sorte, quando contemplar alguém, poder também contemplar os bolsos do Estado. Será que GANHAMOS TODOS com isso?