segunda-feira, 11 de junho de 2012

Centro(s) de Emprego




Há muitos anos atrás concluí que o Centro de Emprego em Portugal não VALIA NADA. Achei que era altamente DESMOTIVADOR e INÚTIL recorrer a esta instituição pública para tentar reverter uma situação indesejável: o desemprego. Anos depois a sensação mantém-se e NADA, absolutamente nada parece ter evoluído para que pudesse mudar de opinião.

Querem saber como foi para mim recorrer a um centro de Emprego no UK?

Muito, muito, mas mesmo muito MOTIVADOR.
Num centro destes no UK RESPIRA-SE emprego. Logo ao entrar, sente-se que se veio ao lugar certo. Uma pessoa fica de imediato OPTIMISTA.
O atendimento é simpático, igualmente optimista e sorridente.
Máquinas automáticas em fileira convidam-nos imediatamente a consultar todas as ofertas de emprego nacionais, divididas por áreas, TODAS as áreas, nenhuma fica excluída como acontece por cá.
Basta carregar num botão para IMPRIMIR as ofertas de emprego visualizadas, na quantidade que se desejar, não tem limites, é GRÁTIS e IMEDIATO, tão fácil com receber um talão da caixa multibanco.
Por aqui já faz MUITA DIFERENÇA. O utente começa logo aqui a ser ORIENTADO no caminho certo.
As ofertas incluem uma descrição minuciosa da função, sempre cuidadosamente dividida em direitos e deveres e onde surgem TODOS OS DADOS necessários, que incluem dados pessoais da entidade empregadora, contactos da empresa e salário oferecido, informação NUNCA OMITIDA como cá acontece.


E qual é o processo nos nossos CENTROS DE EMPREGO?

Em Portugal, vai-se a um centro de emprego meramente para constar numa base de dados e fazer parte de uma estatística.
É altamente DESMOTIVADOR só o espaço e o atendimento em si.
Não é DINÂMICO.
Na maioria das vezes o atendimento parece ser feito por zommbies.
Quem chega ao centro de emprego na hora de abertura, passados 10 a 15 minutos está a ver os funcionários que te vão atender ainda a entrar pela porta. Passados outros 10 minutos (para o cafezinho por suposto), esse funcionário faz o seu primeiro atendimento.
As ofertas de trabalho a consultar consistem no máximo em duas dúzias de papéis afixados numa parede, que poucos dados facultam. Recentemente verifiquei que já nem papéis afixados existem mais, só o vazio dos seus invólucros de plástico.
Algumas dessas poucas ofertas afixadas são desmotivadoras e até insultuosas, devido ao seu carácter exploratório*.
As máquinas automáticas para consulta de ofertas de emprego são, em quantidade, UMA.
E está fora de serviço. Exibe orgulhosamente um envelhecido papel onde se lê a palavra "AVARIADO".
Predomina o VAZIO. Um espaço vazio de ofertas, com cartazes coloridos com dizeres promissores mas com setas a apontar para o NADA.


Concluo que enganam o povo porque, nitidamente, o governo há décadas que não faz a MÍNIMA IDEIA do que anda a fazer. Não parece que saibam ORIENTAR o indivíduo, aproveitando as suas CAPACIDADES, valorizando-as. Cultiva-se e parece até que o que se quer são indivíduos passivos, resignados, que gostem de viver de subsídios. Num Centro de emprego em Portugal só servimos de estatística. O resto é pura ilusão e frustração.


- - - - - A PRIMEIRA VEZ - - - - - -

Querem saber como foi o meu primeiro contacto com um centro de emprego? Era estudante e pretendia um trabalho em part-time para conciliar com os estudos. Após explicar a situação, fizeram-me a inscrição e mandaram-me aguardar por um contacto via postal dos CTT, mas não antes de frisarem que, caso falhasse comparecer a uma entrevista, a inscrição seria imediatamente anulada. Após duas entrevistas numa das quais o indivíduo confidenciou que aquilo era uma mera formalidade exigida por lei para a empresa não perder o apoio económico do Centro e que já tinham a vaga preenchida, um dos postais não chegou à caixa de correio a horas (agora até fico a pensar se não existiu uma intenção por detrás da improbabilidade horária). Fui de imediato ao Centro de Emprego para explicar a situação e garantir o meu desejo de manter a inscrição. Mandaram-me aguardar. Depois chamaram-me para o gabinete porque ia ser atendida pela DIRECTORA do Centro. Esta directora disse-me que não ia renovar a minha inscrição porque "não era justo tirar trabalho a quem realmente precisa". E pronto: fui recambiada dali para fora pela própria directora de um centro de Emprego, que me disse que não tinha direito a um! Ainda hoje causa-me surpresa.


E é este o sistema que temos em Portugal. Há muito que tem um cancro que não é fácil de erradicar, mas também não identifico por parte do governo ou da própria instituição qualquer intenção de o erradicar. Faz muito, mas muito tempo, desde que me tornei cidadã activa, que percebi que o Centro de Emprego E FORMAÇÃO PROFISSIONAL é uma anedota. E por mais crédito que queira dar à instituição, por mais que reconheça que existem, decerto, profissionais empenhados e bons profissionais por ali, o que sempre vem ao de cima é a incompetência, a nulidade de todo este processo. A utilidade de um Centro de Emprego parece ser apenas uma: servir como fonte de estatística. O governo andou anos a manipular estes números, quer através da longevidade dos cursos universitários quer através de inúteis acções de formação a desempregados, que uma vez em formação, deixam de pertencer às estatísticas dos desempregados, por frequentarem cursos FINANCIADOS por verbas internacionais. Sem dúvida que o governo teve como objectivo na sua agenda retardar a entrada da juventude no mercado de trabalho. Parece ter forçado o indivíduo a assumir uma postura mais passiva e derrotista, forçando-lhe um sistema de espera inútil. Um sistema de ENGANO e decepção. Quis formar indivíduos passivos e dependentes de rendimentos subsidiados. Que agora as coisas estejam como estão era uma questão de tempo. Tudo isto era uma bolha de pus, pronta a arrebentar. Arrebentou!


* Uma vez encontrei num centro de emprego uma oferta em destaque onde o pretendido era recrutar de preferência jovens indivíduos para um trabalho sazonal no estrangeiro, com horário de sol a sol, advertência para a dureza da função, menção ao alojamento deficiente e em massa, de custo não incluído, por um salário miserável abaixo dos 500 euros. E indicava como "compensação" motivadora, a "atmosfera" do local, que era festiva! (só para os visitantes, está claro). E isto é PROMOVIDO pelo nosso centro de emprego!



2 comentários:

  1. Á espera de emprego através do centro de emprego português, as pessoas ficam com cabelos brancos!

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  2. Se tudo funciona assim nos UK, vou fazer as malas e voar para lá!! AMANHA!!!!

    Saudações alienígenas

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