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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
Incomoda-me ver as pessoas a anunciarem no facebook o falecimento de familiares e amigos.
Também não gosto dos comentários, tão comuns, tão estranhos.
E assim banaliza-se algo tão único que é a dor da perda, tornando as "condolências" rápidas e despachadas.
Em 24h vi TRÊS pessoas diferentes a "anunciar" a morte de outras três.
Mas o que é isto??
Necessidade de serem as primeiras? De não perderem a oportunidade?
É mesmo preciso anunciar a morte de um primo que nunca mais se viu? Com quem não se tem grande afinidade? Para quê? Para quê fazer isso??
O que têm a dizer desta nova dinâmica social?
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Cremação ou Enterro?
A propósito do tema abordado no post anterior ter sido a morte: Para onde recai a vossa simpatia? Cremação ou Enterro??
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
O LUTO
Já não se vêm mais por aí: mulheres de idade vestidas de negro, de saias e lenço na cabeça, que povoavam as cidades como Lisboa. Morreram as viúvas.
Estas mulheres vestiam-se de negro após lhes falecer o marido e não trajavam outras vestes até elas mesmas verem a sua altura chegar.
Estas mulheres vestiam-se de negro após lhes falecer o marido e não trajavam outras vestes até elas mesmas verem a sua altura chegar.
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Simpatizava bastante com as mulheres de traje negro. A minha avó era uma viúva de marido vivo. Vestia-se de negro mesmo antes deste falecer, e assim permaneceu até o seu último suspiro. Eram talvez mulheres despojadas das vaidades que hoje vemos por aí. E se olhassem para o seus rostos, talvez reparassem o mesmo que eu: eram mulheres lindas.
Hoje já não se usa o luto. Não nas vestes. Mas sabem? Acho que se devia.
O luto é um sentimento de sofrimento que carregamos pela recente perca de um ente próximo. Antigamente usava-se, além do traje escuro, a fita negra no braço dos homens. Esta era removida pouco tempo depois mas, tradicionalmente, o luto devia permanecer nas vestes por um ano.
A primeira vez que me vesti toda de negro, desejo que acalentava à algum tempo, foi no meu 14º aniversário. Apenas há 15 anos atrás talvez, mas ainda assim todos me interrogaram: "Morreu alguém?" - "Não!" - respondi eu umas tantas vezes. "Apenas estou vestida de preto".
Surpreendeu-me nessa altura que uma pessoa não pudesse estar vestida de negro, que se assumia que era luto. Estavamos nos anos 90... uma professora espantada disse-me que era incomum por ser jovem. Aparentemente, jovens de 14 anos vestidos de preto só podiam estar vestidos assim em sinal de luto ou se calhar, por terem algum problema emocional profundo.
Penso que as mulheres de negro que povoavam as ruas de Lisboa e desapareceram há quase uma década, eram mulheres que carregavam as suas tradições. Mulheres criadas ou nascidas na província, vindas do norte, que davam mais valor ao sentimento que à vaidade. Antes delas, outras mulheres se vestiam de negro. Era assim e assim o faziam.
Hoje nada é assim. Nada relacionado com a morte é igual. Tudo mudou, mas não para melhor. Hoje tem-se mais receio, mais desconhecimento do que é morrer e o que é um cadáver. Quase que temos medo. Antigamente não. Mas este será um próximo tópico: a morte!
Porquê acho que o luto das roupas devia ser (também) usado e não esquecido? Porque ele é um símbolo, que revela a estranhos o momento pelo qual estamos a passar.
Porque avisa as pessoas que há que demonstrar um pouco de respeito pela dor.
O luto é um sentimento de sofrimento que carregamos pela recente perca de um ente próximo. Antigamente usava-se, além do traje escuro, a fita negra no braço dos homens. Esta era removida pouco tempo depois mas, tradicionalmente, o luto devia permanecer nas vestes por um ano.
A primeira vez que me vesti toda de negro, desejo que acalentava à algum tempo, foi no meu 14º aniversário. Apenas há 15 anos atrás talvez, mas ainda assim todos me interrogaram: "Morreu alguém?" - "Não!" - respondi eu umas tantas vezes. "Apenas estou vestida de preto".
Surpreendeu-me nessa altura que uma pessoa não pudesse estar vestida de negro, que se assumia que era luto. Estavamos nos anos 90... uma professora espantada disse-me que era incomum por ser jovem. Aparentemente, jovens de 14 anos vestidos de preto só podiam estar vestidos assim em sinal de luto ou se calhar, por terem algum problema emocional profundo.
Penso que as mulheres de negro que povoavam as ruas de Lisboa e desapareceram há quase uma década, eram mulheres que carregavam as suas tradições. Mulheres criadas ou nascidas na província, vindas do norte, que davam mais valor ao sentimento que à vaidade. Antes delas, outras mulheres se vestiam de negro. Era assim e assim o faziam.
Hoje nada é assim. Nada relacionado com a morte é igual. Tudo mudou, mas não para melhor. Hoje tem-se mais receio, mais desconhecimento do que é morrer e o que é um cadáver. Quase que temos medo. Antigamente não. Mas este será um próximo tópico: a morte!
Porquê acho que o luto das roupas devia ser (também) usado e não esquecido? Porque ele é um símbolo, que revela a estranhos o momento pelo qual estamos a passar.
Porque avisa as pessoas que há que demonstrar um pouco de respeito pela dor.
Quantas vezes não estamos nós num dos momentos mais dif
O luto é um pouco isso. É dizer sem falar que estamos a sofrer. É pedir respeito quando hoje este já não é dado. Porquê temos de estar a chorar para que estranhos se apercebam que sofremos? Porquê só o choro é capaz de alertar a solidariedade das almas alheias?
Isto partindo do pressuposto que ainda existem muitas almas solidárias. O que vi na minha geração a crescer foi miúdos cruéis, que gozavam com quem se mostrava vulnerável e ainda se punham a fazer intrigas. Solidariedade para com um estranho ou mesmo amigo? Onde anda?
Nos meus momentos de luto, não disse a ninguém pelo que passava. Sou introspectiva, tenho esse defeito. E assim, sofrendo em silêncio, algumas pessoas mais afastadas me achavam estranha nesses intantes. Desconhecendo a perca pela qual acabara de passar. Talvez devesse andar de luto, para dizer o que tinha de dizer, sem falar.
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