Metereologia 24 h

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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O impecilho da idade

Ninguém sabe, mas cheguei cedo demais a esta vida.
Por falta de uma expressão melhor, nasci cedo demais para as coisas que quis e tarde demais para as coisas que quis e começaram a surgir.

Decifrando estas palavras: falo de interesses para os quais, para te candidatares, existe um limite de idade.

Tem sido assim desde criança. Ou o limite máximo de idade era aquela que tinha acabado de deixar para trás, ou a idade mínima de ingresso era aquela que celebrava no aniversário seguinte.

Sempre no limbo.

Mais adulta vieram os programas de estudo, de estágio profissional e até, oportunidades de trabalho. "Nova demais" para trabalhar. "Velha demais" para trabalhar. "Pouco experiente" - escutei. "Mulher" - disseram-me.

Quando tratei do Cartão Jovem, o tal para descontos, não teve quase serventia alguma - a não ser para comprar com um nadita de nada de desconto o bilhete de transporte. Para as coisas que realmente pretendia, não existiam acordos. Quando precisei dele para algo, ultrapassei a idade. 

Quis candidatar-me a um programa do IPJ,mas tinha de ter até uma certa idade, que ultrapassei. No caso de uma poupança-reforma vantajosa, estava a três semanas de expirar. Para a cooperativa de habitação, quando reuni condições, estava na idade limite de candidatura. E quando fui procurar como solução para o meu futuro um programa de incentivo à criação do próprio emprego, a idade limite para beneficiar de apoio financeiro era... 30 (não recordo ao certo), que era a que tinha por mais alguns meses. 

Estágios profissionais? «Passou da idade». E quando não é a idade, é outra coisa. Como por exemplo, o nível académico. Acções de formação para desempregados no IEFP? - Só destinadas a pessoas com a quarta-classe, sexto ano ou 12º. Cursos financiados pela UE? A mesma coisa. E os exemplos seguem a mesma batuta

Neste país são demasiadas as oportunidades para evoluir que encontram a idade como barreira. Seja por a pessoa ser mais jovem ou mais velha. Mas a sociedade percebeu que estava a deixar os jovens estudar até mais tarde, impedindo-os de ser autónomos mais cedo, e decidiu prolongar as idades com as quais estes podem se candidatar a cooperativas de habitação, a empréstimos bancários, a poupanças-reforma e a programas de incentivo à criação do próprio emprego. 

O problema é que, quando finalmente se decidiu a isso, (estender o limite do cartão jovem, o limite de idade para as candidaturas a cooperativas de habitação, a programas de estudo, etc) os anos tinham passado e essa extenção de validade não me abrangeu. Foi inútil. 


Por isto é que Portugal não é um país fácil para se viver. Pode-se sobreviver - mas em aflição e incertezas. É um país que deixa os seus jovens envelhecer sem os aproveitar. Não tem nem nunca soube ter as roldanas do sistema oleadas, para os aproveitar e inserir no mercado de trabalho. E infelizmente, ainda dificulta e coloca entraves. Portugal bate com as portas na cara dos natos que o procuram. Se uma se abrir, do nada, à pessoa comum, sem cunhas, sem juventude, é milagre e muito provavelmente 10.000 se fecharam injustamente. 

Hoje entusiasmei-me com a perspectiva de voltar aos estudos... lá fora. Afinal, pessoas de mais idade também estudam, certo? Tive uma colega 10 anos mais velha na minha turma e agora essa colega podia ser eu. Entusiasmei-me com a perspectiva ao encontrar um artigo sobre cursos superiores gratuitos na Noruega. O país atrai-me. A possibilidade de lá viver, nem que fosse por uns meses, pareceu-me reunir só benefícios. 


Então fui procurar com atenção. Por questões de áreas, fiquei excluida de quase todas as oportunidades. Quando vi uma que pareceu vir a ser complicada, mas viável, deparei-me de imediato com isto:



Bom, mais uma vez, a idade a fechar as portas. Se ao menos tivesse tido esta presença de espírito anos atrás... Mas aí, quem disse que as idades seriam estas? Provavelmente era até os 25 anos. Idade limite muito comum lá atrás. 

Que há oportunidades, acredito que sim. Encontrá-las é que é complicado. Obter informações neste país através dos recursos do establishment continua a ser uma complicação tremenda. Quase uma maratona, um jogo do empurra-empurra com um peso frustrante. Porque ou é mal executada, ou demorada e tanta vez, induzem o cidadão a pensar uma coisa para no finalzinho, atacarem com outra bem diferente.







segunda-feira, 7 de abril de 2014

A história do patrão que vai escolher um funcionário para sub-chefe

Have you ever wonder...
...quando enviam o vosso curriculo se a pessoa que os recebe vai ligar para o último emprego para fazer perguntas sobre ti?

Por vezes interrogo-me se ao fazerem isso as pessoas do outro lado vão falar mal de ti. Existe tanto cinísmo no mercado laboral que não me surpreenderia. Não que pessoalmente tenha razões para me preocupar mas por vezes interrogo-me por isso mesmo.

Uma vez li uma história ficional sobre um patrão e seus empregados que contava mais ou menos assim:

Um patrão entrevista os seus quatro funcionários da empresa da qual acaba de se tornar chefe, com vista a promover um e possíveis despedimentos. Fala com o Joaquim e pergunta qual a sua opinião sobre o João, o Manel e a Maria. Este responde que o João é um porreiraço, um amigão, um bom trabalhador e colega. O Manel também é tudo isso e ainda por cima traz sempre um lanchezinho para partilhar com a malta. A Maria é assim, assim.

Depois chama o João, faz a mesma pergunta e o João elogia o Joaquim e o Manel nos mesmos parâmetros, dizendo que são muito amigos e convivas dentro e fora do trabalho, que riem e escutam música  mas que é distante da Maria porque esta não parece querer conversar muito.

O patrão chama então o Manel. O Manel reforça os laços de amizade com os restantes colegas homens mas também ele não simpatiza muito com a Maria. Diz que esta não é muito dada, é esquisita e que não parece querer conviver com eles.

O patrão então chama a Maria. Maria - diz-lhe ele, os seus colegas parecem estar sobre a impressão que você é a funcionária menos produtiva desta empresa. Como sabe vou promover um de vocês a sub-chefe. Parabéns, o cargo é seu. Parece que enquanto os seus colegas andam a divertir-se durante as horas de expediente, a Maria fica a trabalhar.



quinta-feira, 20 de março de 2014

Recruta de mão de obra

A data do acto remota a Maio de 2004, mas a missiva foi escrita em Janeiro de 2005.
Falo de ter encontrado entre a papelada que guardo (post anteriores) um print de um email dirigido a uma empresa de recrutamento de trabalhadores para empregos no Estrangeiro. E subitamente apeteceu-me vir aqui escrever sobre esta «moda».

Em 2004 a crise já existia, não era é falada ou assumida. Mas já era difícil encontrar uma colocação, embora não tanto quanto actualmente. E surgiram como cogumelos pessoas interessadas em tirar proveito da situação. Muito em voga na altura foi o surgimento de uma quantidade significativa de empresas de recrutamento de trabalhadores para o estrangeiro que, em troca de DINHEIRO por uma inscrição, mantinham o candidato inscrito durante UM ANO na sua base de dados. 

O site da empresa onde me inscrevi estava repleto de casos e casos de «sucesso» de empregabilidade mas ainda mais importante, de ofertas que pareciam legítimas. De várias ofertas de empregos diversos e interessantes, razoavelmente remunerados tendo em conta não as horas de trabalho e o trabalho em si, nem o custo de vida dos países de oferta, mas comparativamente aos salários de cá. Nenhum emprego oferecia menos que 1000€ de salário. 

No email questiono a empresa sobre a ausência de ofertas laborais a mim dirigidas durante todos os meses passados desde a inscrição e pedia explicações sobre o facto da empresa ter publicado novamente nos jornais novos anúncios a solicitar novos candidatos para novas vagas de emprego «urgentes». E nessas vagas não existe nada para mim? Para os já inscritos?

O meu contacto obteve resposta. Disseram-me que tinham um posto de trabalho na Suiça, a ganhar 1000€ por mês como camareira e queriam saber se estava interessada. Respondi de imediato que estava. E NUNCA mais recebi um contacto da empresa.

E pronto. Foi assim que resultou a minha «ingressão» neste género de empresas de recrutamento que COBRAM por inscrições. Sabia que estava a correr um risco e foi um risco calculado, cuja «perda» monetária embora importante não era significativa. A empresa agiu com muita esperteza, porque não foi gananciosa. Durante um ano inteiro só podia sacar 50€ a uma pessoa. Outras existiam que colocavam prazos de 3 meses e cobravam mais, sem garantias quase nenhumas. Esta cujo nome não vou referir mas que tinha sede na cidade do Porto, sabia que um esquema de burla para funcionar sem ter problemas com a lei requeria cautela, não dar tanto nas vistas cobrando valores muito altos e «camuflar» um pouco a intenção com o facto de serem uma empresa experiente no mercado. Depois foi só misturar um pouco de exageradas ofertas fantasiosas com ofertas reais. E esperar sentado que as abelhas viessem ao mel.

É mesmo assim que tem de ser feito para este género de esquemas resultar. Enquanto se faculta um ou outro serviço que pode ser real - pois a empresa aparentemente já se encontrava firmada no mercado à algum tempo, publicita-se ofertas tentadoras com ordenados aliciantes, alimenta-se a esperança de todos os desempregados ou mal empregados que querem começar uma vida melhor e estão dispostos a trabalhar duro em qualquer coisa. E por cada uma dessas alminhas receberam 50€. Agora imaginem quantas candidaturas se recebem num mês e façam a adição dos valores. Mesmo só cobrando 50€ por ano é uma quantidade significativa de dinheiro fácil ganho sem fazer nenhum.