Quem não está familiarizado com a expressão: "Nasceu com sorte"?
Outra com o mesmo significado é: "Este nasceu com o cu virado para a lua!".
Se calhar, estamos a abordar este assunto de pessoas bem sucedidas pelo sentido oposto. Não se trata de se ter nascido com sorte. Trata-se de se ter nascido e crescido sem mau-olhado.
13 anos depois, numa casualidade, essa lembrança voltou ao de cima e solidificou as minhas suspeitas. Sei quem fez, porquê o fez, como o fez e o que usou. "O que" usou era o factor desconhecido até o momento em que minha mãe consultou um tarólogo e este lhe soltou um grito e a ordenou: "Páre imediatamente se não quer causar uma desgraça!".
Antes de consultar o tarólogo, minha mãe tinha ido a outros dois sítios. A uma vidente e a uma "bruxa". Esta última receitou-lhe um "pó branco" para ser colocado na comida. O que ela tinha feito três dias antes de ir ao tarólogo. Por coincidência, (ou nem por isso) inexplicavelmente a sobremesa com o pó não foi tocada. O que a fez suspeitar ainda mais de bruxedo e ter ido tentar novamente uma consuta com o mundo do oculto. Fui com ela ao tarólogo por a denotar nervosa e suspeitar que fosse incapaz de não revelar coisas que um falso tarólogo pudesse usar para parecer credível. Permaneci quieta, sem me manifestar.
O pó "branco", usado para fazer alguém amar só a ti, era veneno. O tarólogo disse-lhe que isso só ia causar vómitos sucessivos até soltar bilis, podendo inclusive levar à morte, se a pessoa sofresse do estômago.
Lá foi minha mãe atirar tudo no lixo! O tarólogo disse-lhe que não existia nenhum mau-olhado nela ou no marido, mas em alguém da família, 13 anos antes. Fez-se logo luz na minha cabeça. Fiquei quieta e não esbocei um traço de emotividade. Mas dentro de mim, tinha feito uma descoberta. Na da minha mãe, nada. Puxou pela lembrança e como se convenceu que não aconteceu nada, disse ao tarólogo que ele devia estar enganado. O tarólogo não recuou, não mudou a sua interpretação. Ela descartou quase de imediato essa parte que ele afirmou porque não correspondia ao que queria ouvir.
Soube, mais tarde, que ela tinha ido a outro vidente levando uma fotografia da família. Aparecia-mos todos. Sem olhar a quem, soube que a vidente imediatamente apontou para mim e disse-lhe que eu tinha um enguiço forte e precisavam de fazer algo.
Mais uma vez ela desconsiderou essa informação, porque não encaixava no que queria escutar.
Se tivessem no lugar dela e vos dissessem que um filho vosso estava com a vida perpetuamente condenada por causa de um "serviço" encomendado às forças ocultas, o que tinham feito?
Eu prestaria atenção e arriscava alguns euros para lhe garantir protecção - especialmente se já fossem dois a afirmá-lo.
Mesmo com tudo na minha vida a indicar que essa probabilidade é REAL, não ficção, ela não se interessou. Passaram-me uns 20 anos dessa data. E tudo continua igual. Nada aconteceu, é mesmo como se existisse um "enguiço", bruxedo, feitiçaria, o que quiserem chamar.
E não, não acredito facilmente nessas coisas. Continuo com um septicismo saudável. Mas, no meu íntimo, tenho aquela intuição que sempre me acompanhou, a dizer que é verdade e é tão obvio que o é.
Porquê negamos estas coisas? Uns as negam, outros estão mortinhos para em tudo acreditar. Faltou-me sorte ao nascer. Nasci com ela, mas a inveja alheia tirou-ma toda.
Por isso vos digo: Nascer com sorte não é tão importante como saber mantê-la! Saber afastar a negatividade, a inveja, a intriga, a maledicência - coisas que pautaram minha vida desde sempre.
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