quarta-feira, 19 de junho de 2019

Um dom mal usado


«Desta vez (o senhorio) não mencionou que me arranja outro quarto noutra das suas casas. A ideia de me perder como inquilina não me pareceu que o afectasse. Chegou a dizer-me "Há outras casas. O que não faltam são casas com quartos pequenos"».  in post: um peso no coração.

Tenho indiscutivelmente uma percepção certeira para detectar ténues mudanças comportamentais nas pessoas.

Gostava é que esta percepção viesse acompanhada com sagacidade para entender que passo dar a seguir. De que me serve esta capacidade se não aprendi a agir? Dela não beneficio. A única coisa que ela produz é angústia e sofrimento.

Em jovem usava-a para confortar as pessoas. Percebia quando algo as afligia e sem fazer referência a sofrimentos, procurava alegrá-las e tirar-lhes da mente as inquietações. Mas depressa as trevas vieram ter comigo. Passei a sentir-me angustiada, desamparada, sugada das minhas boas energias,  vulnerável e também a precisar de auxílio. O "dom" ainda cá está mas só me proporciona tormento.

Talvez preferisse não o ter. Deve ser bom andar por este mundo sem este tipo de sensibilidade. Ou então tê-la mas dar-lhe um uso em benefício próprio. Tantas pessoas usam essa mesma capacidade para detectar comportamentos para manipular situações. Geralmente são pessoas que só pensam em si e que usam os outros. E embora pareçam afáveis e simpáticas, não sentem grande pesar por coisa alguma. Usam o "dom" em benefício próprio de forma manipuladora e calculada, estando sempre focado no "eu". Para a próxima reencarnação vai ser assim. Só pode, para compensar esta.

5 comentários:

  1. Infelizmente acontece o mesmo por cá os senhorios fazem-se de sonsos, simpáticos e com palavrinhas reconfortantes...mas na hora o que fala mais alto é o dinheiro já querem mais e mais e estão-se nas tintas para as pessoas.
    Não desistas e vai em frente que encontrarás algo melhor até nas companhias.

    Beijos e uma boa noite

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    1. Fatyly, a decisão dele não culminou com eu ter de abandonar a casa. Mas a vontade dele era essa. O que faz sofrer é perceber isso.
      Depois conto. Ou talvez não. Mas sair daqui não saio. Se saísse ele perdia a renda que recebe até ter como fazer as obras. Os fiscais o proibem de meter cá outra pessoa antes disso. O que pode ser até três meses. Ele continua a pensar no dinheiro primeiro.

      Isso decepciona. Foi sonso, fingiu mal a sua decepção. De início não me ofereceu alternativas ao êxodo nem um quarto em outra das suas casas. Fui eu que sem intenção, o recordei que outrora fê-lo. Ao perceber algo, recuou. O pior foi depois: confirmei as minhas suspeitas. Quando me enfiei no WC foi a correr contar aos outros que eu não ia sair. E fê-lo como se estivesse a pedir-lhes desculpa e a lamentar. Foi escutar isso que me confirmou as suspeitas.

      O chato é ter esta sensibilidade, que detecta ténues alterações de comportamento, levanta hipóteses de ter existido um ataque à imagem e difamação e depois tudo confirmar-se.

      Já procurei o que há disponível. Nada oferece metade do que esta casa tem e achei todos os quartos abaixo dos mínimos, com sinais de senhorios gananciosos, que só gastam nos mínimos dos mínimos. Quanto aos ocupantes das casas, a tal intuição leu sinais de existirem pessoas pouco recomendáveis.

      Obrigada pelo comentário. Sei que o melhor é mudar - para melhor. Mas por enquanto nada me dá garantias e financeiramente não é recomendável.

      É melhor não recomeçar uma adaptação com tudo o que isso encarrega e ficar onde já sei com o que posso contar. Mesmo que os rostos não sejam simpáticos. Vou continuar a procurar, claro.

      Desejem-me sorte!

      Beijos!

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  2. Viva o aqui e agora e não pense muito em reencarnação que é má política.

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    1. É uma brincadeira :) Não estou com vontade alguma de voltar e começar tudo de novo.

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