sábado, 22 de junho de 2019

Outro livro lido... num dia



...Mais uma história que me envolveu do início ao fim. Li-a toda num dia. O nome da obra? "A porta Aberta", de Beryl Matthews (2002).

Como descrever como e porquê esta leitura prendeu o meu interesse? É mais um relato da história de uma criança muito pobre, bonita e inteligente que leva uma vida repleta de adversidade e luta sempre, até chegar à confortável posição de milionária e bem resolvida no campo profissional, sentimental e familiar assim que passa dos 20 anos de idade. E então termina a história.


Dito assim parece desinteressante. Mas o que mais me surpreendeu a mim foi passar a leitura de cada página com lágrimas a caírem-me dos olhos

Isso é que me surpreendeu, pois sou de chorar, gargalhar, rir, temer, ficar apreensiva e tudo mais... Mas nunca durante um livro inteiro. E mais surpresa fiquei por não achar que o livro descreva cenas demasiado violentas. Talvez por isso mesmo. Pelo adivinhar da contrariedade emergente, o que vai acontecer, a tensão constante, as pequenas inquietações, os DESENCONTROS. A violência afectiva e o apoio emocional. Há algo nesta escrita que produziu lágrima constante (o que atrapalha a leitura e deixa o rosto inchado e com ar cansado). Um dia muito mais tarde vou reler esta história e descobrir se voltarei a soltar lágrimas de página a página. 




Resumo:
Rose é uma criança que vive com a família de oito irmãos, mãe e padrasto num bairro de lata. É muito pobre, quase não há comida para alimentar tantas bocas, as roupas que usa por mais que as cuide estão degastadas e os sapatos com buracos. Rose é uma menina que parece mais velha que a idade que tem, de uma beleza que chama a atenção e uma inteligência inesperada e avassaladora. Ela detesta o bairro onde mora e quando passeia pelas ruas chiques do outro lado de Londres, procura respostas a uma só pergunta: Porquê uns têm tanto e outros têm tão pouco? A sua busca incessante por respostas conduz-a à luta pela igualdade e melhores condições daqueles que, como ela, mal têm o que comer.

Prós: É uma leitura que não cansa e é muito fácil de fazer. A autora sabe manter o interesse, sem necessitar recorrer a "arabescos", ganchos literários ou a técnicas de suspense. Não existem grandes descrições exaustivas e detalhadas do ambiente, do espaço ou até mesmo do estado de espírito das personagens. A geografia também não entra em grandes detalhes, nem cenas românticas ou detalhes da guerra. Nada entra. Não há "palha" para engrossar as páginas do livro, parece ser uma leitura pobre pela ausência literária de certos hábitos de escrita contemporaneos, ainda assim a leitura prende o que só prova que estes não são relevantes. 

Contras: Por vezes a idade da heroína é mencionada como idêntica, embora o tempo passe e para as restantes personagens a idade avance.

Destaque: de alguma forma, a nota final da autora foi igualmente tocante e consolidou o livro.

Nota: O livro é o primeiro de uma triologia.  Seguiu-se Wings of the Morning e A time of peace.

Outra nota que achei muito interessante: a autora escreveu o livro após frequentar um curso de escrita aos 71 anos! Isso pode explicar o fascínio que senti pela ausência de "hábitos de escrita" descritos acima, que geralmente tornam cada obra muito parecida a outras. Viva a originalidade!

Vai ler?

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