sábado, 5 de janeiro de 2019

Muitas mudanças



A que-não-limpa e já foi embora repetiu isto muitas vezes:
-"Em Janeiro vão haver muitas mudanças nesta casa".


Ora, se ela já não ia cá estar a morar, no quê lhe afectariam? Para quê se preocupar em mencionar? 

Achei que ela estava a fazer referência à "amiga" do rapaz que vem para esta casa. Ela devia saber alguma coisa que eu não sei. 

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Aparentemente eles tiveram um desentendimento porque ele deu uma festa quando eu viajei em Outubro para Portugal - claro. (Sempre à espera que vire as costas). E nessa festa existiram exageros e pessoas ficaram bêbadas. 

A que-não-limpa tinha uma função útil nesta casa: não permitia exageros. Gostava de convívios e festas, mas não bebia álcool e exigia sossego e silêncio. Como era "uma" deles, os italianos enfiavam a cauda entre as pernas. Comigo ausente acharam que ia ficar "tudo bem" com a comadre, se aproveitassem para celebrar em exagero. Mas enganaram-se.

A perspectiva dela se ir embora agradou-lhes imenso nesse sentido. 

E como seria de esperar, esse sentimento de "liberdade" já os faz querer voltar à pândega. 
Isso já me apavora, como me apavorava antes.

Não sou anti-festas e até sou bastante tolerante. O problema é mesmo esse: demasiada tolerância. Acho que a mais velha serviu-me de exemplo. Ela não tinha problemas em manifestar o que pensava e o que queria, esperando receber. Eu recebo pouco e dou muito. E não cobro nada. Sou "tolerante" - e nesse sentido, sou desrespeitada. Fico com os meus sentimentos feridos constantemente. Porque eles não querem saber de mim. Tratam-me como se eu fosse um espinho que pode entrar no pé deles, como uma inconveniência. Não me incluem em nada do que fazem nem sequer comunicam que vão trazer pessoas para a casa. 

E isso é ser-se desrespeitoso.
Não peço nem espero que me convidem  para as suas festas privadas. Embora fique mal nunca terem se esforçado em me incluir. Mas que não comuniquem? Isso acho de baixo nível, porque é o mesmo que dizer que eu não valho nada. Entrar em casa com compras, a planear fazer um belo jantar e deparar-me com a casa cheia de gente, mal posso me mexer, álcool a ser servido por todo o lado faz-nos sentir uma merda. É que os da casa estão todos ali, vêem-me e é como se eu não existisse. Não me convidam, não mo comunicaram, nem sequer dizem olá... e uns uma vez, ainda riram-se e olharam de lado para mim, como que para reforçar a exclusão com um olhar "não és uma de nós".   Esperam que me afaste rapidamente, só isso. E é o que faço. Deixo-os estar. E retiro-me para lhes dar à-vontade com as pessoas que escolhem. 

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Se vos contar a noite de ontem também vão ficar muito apreensivos. Para começar, mudou-se para cá a nova-jovem rapariga. É simpática, como previ. Mas também muito dada a festas e a beber até as pernas balancearem. Fala pelos cotovelos e também por isso foi instantaneamente aceite pelos italianos por ter deixado claro que é uma rapariga de festas. Trouxe vinho, ofereceu e bebeu até ficar afectada. A reação do rapaz - que esteve a "apalpar" terreno desde que ela chegou, foi dizer: "És como uma versão da minha pessoa".

Acham que ela vai ser tratada e rejeitada como eu?


(conto o resto desta história depois)


4 comentários:

  1. Claro que não. Parece que a situação vai ficar insustentável. Não há hipótese de arranjar um quarto noutro lado?
    Abraço e tudo de bom para si.

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  2. Acho que estão a ver se te fartas e te vais embora...

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  3. Onde é que assino os dois comentários anteriores??
    Boa semana

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  4. Dividir casa... é sempre um problema!...
    Que pena, nenhuma velhota das redondezas não precisar de companhia... moravas num lugar super sossegado... e há pessoas de idade, que moram sozinhas, que até agradecem ter uma boa companhia em casa... e normalmente raparigas, nesse aspecto, são sempre preferidas...
    Às vezes, morar com gente nova... nem sempre tem muita vantagem... tens de começar a pensar nisso... senão viver em grupo... continua a ser o inferno de sempre!...
    Beijinhos
    Ana

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