Entre os muitos clientes que atendi hoje (uma média de 1000 por dia, se calhar) lembrei agora da pior de todas: a mulher na cadeira de rodas e o seu (presumido) marido.
Assim que apareceu a rebolar já tinha ares de ser má peça. Mas não a julguei por isso. Surgiu a ser empurrada por ele. Ambos, sem pararem e sem me olharem. Ao passarem por mim, ela solta como se fosse um grunhido: "Southampton".
É uma das formas de não comunicar com civismo que não gosto. Se se busca informação de outra pessoa EU fui ensinada a abordá-la primeiro com um cumprimento. Usa-se o boa tarde, bom dia, se faz favor, desculpe, olá, e por aí fora. Não FALTAM recursos linguísticos à disposição - tanto em português como em inglês.
Faz-se a questão com um ponto de interrogação, mantendo o contacto visual e, no final, a despedida com o recurso a palavras como "Obrigada, bom dia, muito obrigado, adeus, Ok, excelente, entendido", etc, etc, etc.
Mas as pessoas são um mistério. Devo dizer que muitas limitam-se a grunhir uma palavra, não estabelecem contacto visual, nem sequer param de caminhar e ainda por cima esperam resposta imediata como uma bala, curta, convincente e satisfatória.
Há gente muito mal educada.
Mas também há as educadas. Que valem 1000 vezes mais. Muitos bem jovens. Muitos bem idosos. Uma geração pelo meio que anda ali entre o é e o não é...
Voltando à da cadeira de rodas, uma mulher nos seus 40, loura mal pintada, ar de destratável acompanhada de suposto marido de igual nível, pára por dois segundos a cadeira de rodas quando já tenho outro cliente para atender na minha frente. E fazendo com que eu tenha de girar o corpo para trás e o pescoço, pois já está pelas minhas costas, grunhe outra questão:
"Posso ir p'ra li (para a frente da fila) por 'tar na cadeira de rodas?"
Eu: -"Isso não sei, senhora. Tem..."
"Posso ir p'ra li (para a frente da fila) por 'tar na cadeira de rodas?"
Eu: -"Isso não sei, senhora. Tem..."
-"Não sabe! Pensei que fosse informação" - solta com extrema antipatia e cinismo o suposto marido, já a empurrar a cadeira e sem me deixar terminar.
Sou informação, mas não a que queriam!
Para essa tinham de se dirigir a outros e eu estava a ser cortes ao responder. Pois não pertencia à firma que ela queria.
Sou informação, mas não a que queriam!
Para essa tinham de se dirigir a outros e eu estava a ser cortes ao responder. Pois não pertencia à firma que ela queria.
Ambos só pararam dois segundos - o tempo para quererem usar a cadeira de rodas para ter prioridade sobre todos os outros. Como se os que aguardam de pé não se cansassem mais que os que estão sentados. Detesto aproveitadores de fragilidades. Reconheço em pessoas que ali passam com verdadeiros problemas de locomoção mais simpatia e sofrimento que aquela mulher, sentada toda inclinada para a frente, como quem se senta numa cadeira que não usa com frequência. Para mim o mal deles estava na má educação e no oportunismo.
Muito rude.
O comentário do homem foi dito com muito baixo nível. Foram o tempo todo rudes. Em toda a abordagem e linguagem oral e comportamental. Entristece-me que existam pessoas tão simplórias. No fundo estava estampado na presença deles. Outros colegas meus, tarimbados e borrifando-se, tinham fingido nem ver, nem ouvir.
Resta-me explicar que não me cabia a mim dar resposta nem à primeira nem principalmente à segunda questão. Mas como tanta vez acontece, por trabalhar com informação geral, pensam que sei tudo. Sobre outras empresas inclusive. Só sei das minhas.
A seguir uma menina muito jovem teve a paciência de lidar com a minha expressão de descontentamento e muito educadamente fez-me uma pergunta e agradeceu a resposta.
Como diria a minha tia, "ninguém está livre do coice de uma besta".
ResponderEliminarBoa semana
Há gente mal educada em todo o lado, quer estejam numa cadeira de rodas ou não.
ResponderEliminarAcho que em Inglaterra deve ser particularmente dificil deslocar-se numa cadeira de rodas e as pessoas ficam tão fartas das barreiras que descontam em qualquer um. Não que isso justifique um mau comportamento mas pode explicar...
Em todas as idades, e em todas as classes, Há gente muito mal educada.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana