Amanhecer Tardiamente!: Hoje vou voltar-me para o lado das pessoas que são...: Existem muitas coisas que me fazem confusão, e esta de existirem pessoas neste país que dizem sentir-se muito incomodadas com os turistas q...
Isto é como se deixa um comentário?
Então cá vai.
Estás muito off. Falas das pessoas e de um modo generalista mas no fundo só apresentas uma visão superficial e limitada do teu ponto de vista, assemelhaste a esse mesmo ponto de vista superficial e limitado mas da opinião contrária.
Falas igual, mas do lado oposto.
Existem motivos mui interessantes e importantes de debater nesta questão do turismo em massa. Por isso é que te digo sem rodeios que a tua abordagem é bem limitada e superficial, assim como é a daqueles que simplesmente dizem que não gostam de ver tantos turistas.
Embora a sensação que têm possa não lhes ser clara, fundamenta-se numa ameaça que os próprios talvez não conheçam, mas intuem. E às tantas até são estas pessoas as mais acolhedoras e menos preconceituosas. Simplesmente são honestas e simplórias, admitindo que preferem cruzar na rua com mais comadres, como era "antigamente", pois podiam falar umas com as outras. Por vezes sao os que nada dizem que guardam preconceitos.
Informa-te melhor. Assiste a documentários. Há dois meses a RTP passou um FANTÁSTICO, que me abriu os olhos. Sobre o turismo de massas, em particular o de navios cruzeiros. Está a destruir cidades como Veneza, sabias? E Veneza, que recebe tanto turista que nem se consegue andar por lá, está mais falida e endividada do que possas imaginar! COMO É QUE ISSO É POSSÌVEL? Sendo tudo tão caro, existindo tantos turistas que trazem tantas receitas?
Pois, mas a pesar de tudo isso, está endividada pelos próximos 500 anos.
Então me desculpa, mas tem-se mesmo de pensar DE QUE SERVE o turismo. Se é para ajudar os corruptos, então que se erradique esse turismo de massas. O povo, que mora na cidade, tem de fugir porque as rendas e o preço de todos os bens escalou para níveis elevadíssimos. Têm de ir viver para a periferia. Para locais menos belos e desertar aquele que sempre conheceram e onde têm raízes. Por causa do turismo e dos interesses económicos que se sobrepõem. Comprar habitação ali é.. para turista rico - MUITO À SEMELHANÇA DO QUE JÁ SE SENTE EM LISBOA.
Em passeio pela cidade, o mês passado, na calçada da ajuda, deparei-me com um novo empreendimento de habitação, moderno, com portão de segurança e ainda o ruído de obras e remodelações. No prédio ao lado - também ele novo, um cartaz enorme numa janela dizia: "TO RENT".
Podes-me explicar porquê o cartaz tinha em letras gigantes "TO RENT". Achas que com isto estão a querer alugar o espaço a um tuga qualquer? Não, têm um público alvo específico: o turista. Nessas mesmas redondezas vi aquelas casinhas de bairro em ruas e ruas, sendo habitadas por pessoas a falar outras línguas. Aqui e acolá ainda avistei a senhora idosa - que provavelmente foi para ali morar junto com a construção da casa. Esses proprietários de origem estão a desaparecer e no seu lugar, surgem outros. Nada mais natural. Mas que outros são estes? O que não se pode admitir é construírem-se bairros turisticos. Só com casas para alugar a turistas a curto ou longo prazo. Ou para serem vendidas aos turistas. Já se tem o Algarve como exemplo. Existem ingleses que nem querem ouvir falar em ir para o Algarve para encontrarem só ingleses... muitos já dizem, aqui na Inglaterra, que existem demasiados ingleses no Algarve e que querem ir passar férias numa vila tradicional, sem encontrarem tudo entregue à turistada.
Voltando ao documentário, além do aspecto financeiro - a corrupção e o exôdo da população local por falta de poder de compra (que é o que se começa a ver em LISBOA), também existe a extraordinária POLUIÇÃO que os navios cruzeiros trazem para as cidades. Só coisinha pouca como... 200 mil carros! é essa a quantidade de fuel e poluição que um navio gigante transporta e oculta. Mas o pior é que a movimentação as águas daquele bossal altera o leito do rio, causando danos estruturais e ameaçando a própria existência de veneza que, como todos sabem, todos os anos afunda mais um pouco.
Por acaso achas que só veneza pode ser sujeita a esta catástrofe? Lisboa, construida que está na zona ribeirinha por espaço roubado às águas, achas que com a chegada de mais navios cruzeiros nada afectará a cidade? Tudo é só rosas?
As pessoas já estão em exodo. O comércio já está quase todo banalizado em lojas de souvenirs. EQUILIBRIO é necessário! Tem de ser exigido. O turismo tem várias caras feias - e não te podes centrar na singela superficialidade de gostar-se ou não de os ver em grande número.
Nessas cidades do documentário as pessoas pintavam nas ruas, nos pavimentos, nas paredes, as palavras "Turists, go home". E tens a ousadia de afirmar que Portugal é que é ingrato e quer expulsar pessoas? Desconheces Veneza, Roma e outras cidades! Vai lá e vais ver como é o trato dado ao turista. Em muitos sítios viram-te a cara e dão-te aquele trato de cima para baixo e desprezo.
PORTUGAL NO SEU MELHOR.... Sim, continua melhor que outros locais.
Não é o paraíso mas também não é o inferno.
Já agora, a tua escolha de dizer para o azulejo é um dos meus favoritos. Mas cada qual interpreta como quer. Tu interpretas para o xenofobia eu interpreto para o gostar de receber amigos de peito aberto.
Espero que tenhas gostado da informação que te deixei.
Procura no site da RTP pode ser que o documentário esteja disponível.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
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Amiga, como sabe estive mal de saúde e tenho estado um bocado a leste das publicações. Nestes dias lia mei dúzia delas nos bocados que estava melhor e quase sempre as primeiras da minha barra de links. Às vezes lia mais do que comentava, sempre tive por política não comentar assuntos que não entendo bem.
ResponderEliminarJá li o texto a que se refere, que é de um blogue, cuja autora eu admiro, que segui durante muito tempo e que até desconhecia ter voltado ao blogue até a ter encontrado no blogue de um amigo comum.
Não sou contra o turismo em geral, sou contra certo tipo de turismo que acaba engolindo as cidades onde se concentra. Também vi a reportagem de que fala, e sei que em algumas cidades na Europa estão a limitar o número de turistas, para evitar mais casos como o de Veneza.
Abraço
Contava que já estivesse melhor de saúde, Elvira. Estou a enviar energias boas para si.
EliminarAinda bem que a blogosfera nos permite re-encontrar blogues. Uns desaparecem e ficamos em pulgas sem saber o que poderá ter acontecido, temendo o pior. Outros reencontramos com prazer, como foi o caso deste. Também já tinha ido lá parar há muito tempo. E voltei a reencontrá-lo por navegar pelos links do "deixe aqui a sua mija" - o post que criei para substituir a lista de links que o blogger eliminou do meu template. Espero ter mais pessoas a deixar ali comentários, pois ajuda.
A Elvira surpreende-me sempre. Acho que diz tudo ao afirmar "Sou contra certo tipo de turismo que acaba engolindo as cidades onde se concentra".
No fundo é isso. Não creio que as pessoas sejam contra os turistas. Afinal, sempre fomos um país que gosta de ajudar, que comunica por sinais para falar com estrangeiros, etc.
Fiquei contente porque também viu a reportagem que passou na televisão. Gostava de ter gravado, pois achei-a importante e elucidativa. Senti que me abriu a mente para realidades que vão além do superficial e que até então não tinha percebido totalmente.
Muita saúde para si Elvira.
As melhoras!
Clap! Clap! Clap! Adorei. Vou procurar o documentário! Obrigada por seres portuguesinha!!!
ResponderEliminarO tema que trouxeste à baila é tão pertinente que me exaltei na ânsia de expor tudo o que compreendi por assistir ao documentário/reportagem e que, até então, não estava tão bem consolidado.
EliminarNão tenho nada contra turistas mas posso dizer-te que nunca me apeteceu conhecer Veneza, porque o pouco que via em filmagens, mostrava muita gente a conhecer o mesmo. Gosto de lugares menos movimentados, para os sentir. Fui ao Vaticano, entrei na capela Sistina, em pleno pico de verão, e o que recordo com mais intensidade é a multidão. As duas horas na fila, e a rapidez com que entrei e saí da capela, apinhada de gente como se num autocarro da carris. Claro que gostei mas fico a pensar o que seria conhecer o mesmo lugar com mais calma e tranquilidade.
Por falar em autocarros, em Lisboa indo quase todos os dias para Belém, não consegui entrar num eletrico ou autocarro em que não viajasse apertada. Numa ocasião até senti os meus orgãos internos comprimidos. E porque viajamos assim? É que não consegui, nem aos sábados, ter o privilégio de usufruir de um autocarro sem este estar apinhado de gente. Na paragem a aguardar o eletrico 15, passaram QUATRO sem parar, por estarem "cheios". O primeiro era daqueles longos. Os autocarros a mesma coisa. Em direcção ao marques, em direcção ao Rossio... Tudo cheio pelas costuras.
E nem estamos no verão - os meses em que o numero de turistas aumenta. Mas aqueles eletricos vinham cheios deles. Não tem culpa. Mas eu também não tenho. Eu que vivo na cidade não achei graça chegar atrasada ao meu destino por várias horas, por causa do único meio de transporte disponível estar cheio de turistas. E nunca poder respirar ou sentar num autocarro durante dois meses a fazer o mesmo percurso acaba por chatear.
Obrigada pelo teu ponto de vista.
Vivo em Macau.
ResponderEliminarOs turistas aqui são aos milhões.
Entopem a cidade.
A mesma cidade que, sem os turistas, não sobrevivia.
Em que é que ficamos?
Como os gajos de Hong Kong que queriam construir shoppings na fronteira para os turistas gastarem dinheiro sem entrar na cidade?
Hipocrisia?
Não, obrigado.
Macau soa a uma cidade que já perdeu essa batalha, Pedro.
EliminarUma cidade não pode morrer se perder turistas. Se deixam um lugar chegar a esse ponto é como introduzir um cancro, que vai expandir e tornar o que era belo em uma massa negra que sufoca e mata.
Macau é conhecida por ser a MECA nº2 dos casinos. A primeira talvez seja Las Vegas.
Podia ser conhecida por outras razões e trazer outro tipo de turismo? Não sei. Mas lamento, Pedro. Acho que um dia muito em breve, todas estas aldeias desertadas de Portugal, vão ser todas compradas por ricos estrangeiros ansiosos por recuperar o sossego que as metrópoles erradicaram. E esse sossego, grátis e disponível para os muito pobres dessas regiões, será um privilégio para os ricos. Que vão querer comprar dessas poucas pessoas que sobrevivem nas suas aldeias os seus terrenos e casas. Enfim. É isto o progresso?
"passará a ser um privilégio que lhes será negado e sonegado" - é o que se deve ler depois de
Eliminar#E esse sossego, grátis e disponível para os muito pobres dessas regiões...