segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sinto-me num filme de catástrofe


Não gosto quando as minhas folgas coincidem com feriados. Todo o comércio está fechado, os transportes tornam-se mais raros e não tenho família por perto para me juntar com ela nas comemorações. Portanto esta Páscoa foi para mim um aborrecimento.

Além de tudo estive mais para doente do que para saudável. Este clima não ajuda... Hoje esteve quase de chuva. O meu corpo sentindo-se moído, estranho. Noites mal dormidas, tosse, dificuldade em engolir e até mesmo mastigar. Um desconforto e uma fraqueza que tentei dominar dizendo a mim mesma que estava bem.

Mas despertei nesta segunda-feira de FERIADO após a páscoa (tudo fechado, gente. Tudo!!) sentindo o corpo a pedir descanso. Então fiz-lhe a vontade. Fiquei na cama a dormir, a tentar dormir, a tentar não tossir.


Chega! - percebi. Tenho de combater a doença antes que ela tome conta. Tomei o meu comprimido milagroso - o que desobstrui as vias respiratórias. Tomei o comprimido que a médica disse para parar de tomar - o da tiroide. Tomei banho e espalhei Vick Vaporub nas costas (onde pude alcançar) e no peito. 

Depois, na ilusão de que alguma coisa poderia estar aberta, saí no intuito de passar pelos correios. Vi na internet que era suposto estarem abertos. Mas qual quê! Aviso na porta: "fechados na segunda feira depois da páscoa". Ainda estive para atravessar a rua mas espreitei longamente as lojas. Toda a fileira delas, sem clientes, sem atividade. Olhei então para a minha direita, para o grande supermercado com vidraças grandes. Ninguém a subir ou a descer as escadas rolantes. Luzes apagadas. Nenhum movimento. Decidi não arriscar deslocar-me a pé até o supermercado mais longe - o tal que promete estar aberto 24 horas por dia. Simplesmente soube que seria infrutífero.

Na dispensa, frigorífico e congelador não tenho quase nenhuma comida. Estava a aguardar a minha folga para fazer essas compras. A páscoa quase me fez jejuar. O que não é aconselhável estando com a saúde comprometida. 

Mal saí de casa, comecei a fazer o caminho de volta. Ao entrar senti-me cansada. Como tenho sentido nestes dias. Percebi que o passeio que pretendo dar amanhã se passar bem a noite já estava comprometido, se me sentia assim com menos de 10 minutos de caminhada. Optei então para tomar mais um remédio que me foi receitado: ferro em xarope. 

Espero que não me venham com «feriados» amanhã, terça-feira, após a segunda-feira do Domingo de Páscoa!! Espero que o mundo tenha regressado ao normal amanhã.

Sabem aqueles filmes em que o mundo simplesmente congela e só fica uma pessoa a viver normalmente? Como um em que havia um relógio que se partia e aí tudo parava, estagnava. E só uma pessoa parecia ser a sobrevivente desse cenário apocaliptico. Pois eu quase me senti assim por estes dias. Principalmente por uns momentos em que espreitei a rua pela janela da casa-de-banho. Não escutava nenhum ruído e o mais estranho é que não existia aragem. Nada mexia. Nenhuma vegetação, nenhum ramo de árvore. Uma zona que costuma ser ventosa subitamente parou de exibir sinais de movimento. Foi aí que me senti no tal filme. 

Ontem tudo estava mergulhado no silêncio. Nem os vizinhos barulhentos cá estavam. Saí à rua e nos primeiros metros tudo estava igual. Não fosse o canto de um pássaro e diria que todos tinham abandonado esta cidade como se uma bomba nuclear tivesse devastado tudo e só eu, na minha «cave», tivesse sido poupada à disseminação. 

Enfim... filmes
Ontem pude perceber que existiam lojas abertas. A mercearia indiana, as duas lojas polacas, as outras duas de eletronica e quinquilharia diversa, pertencentes a paquistaneses. Benditos emigrantes que vêm para este país para trabalhar. Sem eles cidades inteiras viravam desertos. Até um café - o tal que tem pastéis de nata e outras iguarias portuguesas - estava aberto. Não preciso de ir muito longe para adivinhar que o café não é propriedade de nenhum britânico.

Mas de resto, tudo é devastação... de silêncio e de movimento. O centro comercial, fechado. Onde já alguém em portugal viu um Vasco da Gama, um Colombo ou um outro qualquer FECHADO em dias de feriado? 

Espero amanhã poder recuperar o ânimo no tal passeio. Porque a semana que se avizinha tem TUDO para ser uma das mais difíceis e complicadas em termos de trabalho. Vou ficar CINCO dias a trabalhar sobre as ordens de um indivíduo incompetente, mal educado, complicado, stressado, rude, malicioso e prepotente. Ainda por cima, nunca se cala. A voz dele está sempre a soar, alta, estridente, alterada, por todos os cantos. Até pensei em alegar doença e não aparecer! Mas prezo a minha saúde e «reservo» as doenças para os dias de folga Kkkk ;)

3 comentários:

  1. Eu tinha ficado doida! Muita coragem mulher!

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  2. Felizmente isso só acontece de algum modo três dias por ano em Macau (os primeiros três dias do Novo Ano Lunar).
    E mesmo esses já são diferentes do que eram quando cá cheguei.
    Esta é que é mesmo the city that never sleeps.
    Boa semana

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  3. Eu vou aproveitar agora o final de tarde para descansar... tanta Páscoa deu cabo de mim!!

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