terça-feira, 11 de abril de 2017

Autenticidade dos factos - expulsão Torremolinos


Acho que o que aconteceu em espanha, no hotel da localidade em Torremolinos, serve perfeitamente para exemplificar uma questão que já venho a querer abordar faz muito tempo. 

ACREDITAR PIAMENTE NOS MEDIA

Se alguns orgãos de comunicação se prestam a noticiar apenas o que sabem e escolhendo bem a terminologia com que afirmam alguma coisa, outros há que se ficam pelo alegado e o fazem passar por afirmado.

Como se sabe, um «grupo» com a módica quantia de 1000 teenagers foi fazer uma viagem de finalistas a espanha. Pagaram os pais o que tinham a pagar para que os seus mais-que-tudo ficassem alojados num hotel com o básico das condições de segurança, alimentação e conforto. 

Foram então expulsos por causarem danos ao hotel.

Pergunto: acreditam mesmo que todos os 1000 alunos foram responsáveis pelos desacatos e danos? Danos esses que não estão ainda listados?

Eu não acredito.

Um hotel aceita receber essa quantidade de pessoas - fossem ou não teenagers - para uma festa de bar aberto e com direito a música de concerto à beira da piscina. E o que espera? Uma reunião de freiras? Que fizeram voto de silêncio?

São jovens! Se já é complicado lidar com adultos nas mesmas situações ou mesmo dois ou três adolescentes, imaginem os 1000. Não é de propósito que são barulhentos, ou que falam alto quando passam nos corredores, ou que dão risadinhas. E não são todos os 1000 que agiram assim, decerto. Há sempre os sossegados e os eufóricos. 

Há sempre a meia-dúzia que vai para algum lugar no intuito de armar confusão. O que acontece é que pagam todos por esses pecadores. Podem ter sido expulsos todos os 1000, ou 800 como já li algures. Mas desses, talvez 12 andaram a ter comportamentos repreensíveis.

Tem de se dar educação aos nossos jovens sim. Mas pressupor que os pais são relapsos nisso, é outro erro

Quem já se esqueceu do que é ser teenager? E agora tentem imaginar o que é sê-lo nos dias de hoje. No meu tempo não existiam viagens de finalistas. Os jovens de hoje já contam com isso. Já sentem que é um direito adquirido, que faz parte da rotina de qualquer estudante, ter farras depois de terminar um qualquer objectivo académico. É a FORMA como esta sociedade consumista e capitalista os influenciou, já que das suas despesas tira um bom lucro. 

Antigamente o periodo da páscoa era um feriado religioso. Ainda se falava aqui e ali do corpo de cristo, de não se comer carne... Agora só se fala de coelhinhos da páscoa e ovos de chocolate. Os teenagers já não querem saber nem de uma coisa, nem de outra. Querem farra. Querem bebidas alcóolicas, querem fumar e agir como criaturas irresponsáveis...

Não é desculpa, claro. Mas é uma característica - não de todos - eu nunca fui assim. Mas talvez por nunca ter sido, consiga recordar como era não o sendo.

E como as coisas pouco mudam e a vida é feita de círculos, recordei a ocasião em que viajei na primeira e última viagem de escola com propósitos culturais: visitas a museus em Madrid. Mal entramos no hotel, ainda mesmo na recepção, já não haviam quartos suficientes para todos. Tivemos de dormir em maior número em quartos de outros para todos ficarmos alojados. Água quente, só muito raramente e por muito pouco tempo. Comida, uma lavagem. Não trocavam os lençois, porque isso era só quando a pessoa ia embora. E claro, fomos ameaçados de expulsão ainda mesmo na recepção da entrada, à chegada. E mal atendidos por alguns espanhóis com estabelecimentos nas redondezas, só por sermos portugueses. Era proibido ir aos quartos de outros a partir de uma certa hora. E fomos todos para lá com planos de passar os nossos dias a visitar museus. Só ao final da tarde regressava-se ao hotel. Agora imaginem o que é não existir nem esse propósito e só ter a DIVERSÃO como objectivo. Num hotel que não é uma estalagem, que tem piscina... 



Posso dizer que no meu grupo de não-recordo quantos mas menos de 60, existiram muitos jovens com aquela mentalidade: «longe de casa e dos pais, vamos fazer tudo o que não nos permitem fazer».  O que significa que podem fazer todo o disparate que lhes passar na cabeça. Nomeadamente, levar rapazes para os quartos, fumar, beber às escondidas e fazer traquinices com a propriedade alheia. 

Por isso acho que sei que, neste caso, a razão está dos DOIS LADOS.
Tanto o hotel tem razão em dizer que existiram comportamentos inaceitáveis, como os estudantes têm razão ao dizer que pagaram por um serviço que não correspondeu ao combinado. 

Se calhar o ERRO está nesta sociedade gananciosa de consumo. Para receber o dinheiro de 1000 hóspedes, dizem que «sim» a tudo. Depois não sabem que esse número requer cuidados especiais. Devem pensar que os festivais de música no verão são também realizados e frequentados por freiras e padres ... Lá porque é páscoa, não esperem milagres.

CONTUDO...
Depois de ler este artigo do público, acho que mudo um pouco de opinião no que respeita à desculpabilização. Tenho de concordar com ela. O que se diz aqui só fundamenta as acusações. Dizer-se que é "normal" numa viagem de finalistas existirem alguns danos já é aceitar um comportamento que não é suposto ser aceite. Lá proque todos o fazem e se torna rotineiro, não deixa de ser algo a combater. Não é porque todos viram carteiristas no Rio de Janeiro que agora faz bem roubar, não é?? Ainda por cima dizer que, lá por se ter cometido uma injustiça é aceitável "retaliar" isso está errado. O hóspede jamais tem o direito provocar danos conscientes como medida de retaliação. Afinal estes jovens estão a ser criados para serem excelentes dominadores da retórica ou da brutalidade?

Concordo com este artigo de opinião.

3 comentários:

  1. Ainda não li nem vi com atenção nada acerca desse assunto mas, pelo que tenho ouvido e lido, acho que não há muito a acrescentar... Beijinhos*

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  2. Nada desculpabiliza estes actos de vandalismo, nada!

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