Caminhava em direcção a casa e quando estava quase a chegar, vejo o indivíduo sair pela porta. Aquele a quem não quero por a vista em cima desde a agressão à qual me sujeitou. Infelizmente moramos na mesma casa mas quase não o vejo, porque eu o evito e espero que ele faça o mesmo. Até hoje só o vi uma vez, antes de ir para Portugal - e o cumprimentei com um "Olá", mais nada. Porque sou educada e não perdi a educação. Ele respondeu com outro e cada qual afastou-se. Mas eu não sinto uma boa energia vinda dele. E essa é uma das razões pela qual venho a sentir inquietude.
E hoje ela intensificou-se quando o avistei. Senti mesmo malícia. A direcção que ele tomou fez-me ponderar que estava a tramar algo nada bom.
Após o sucedido em dezembro passado, pressenti que a atitude dele seria ir contar aos outros a sua versão sobre a desnecessária violência a que me sujeitou. De forma a que, na história contada por ele, pudesse parecer que foi «atacado» e o que fez foi só ripostar - um «direito» que lhe assiste. Coisa que não tem ponta, nem sequer uma migalha de fundamento. E por mais que ele possa tentar, a educação com que o abordei e o cuidado que tive, impossibilita qualquer mal entendido ou distorção. Mas, como disse, intuí que ele ia contar uma história aos outros moradores de forma a os trazer para «o seu lado». E, uns dias após o natal, caminhava para casa de noite, e estava a intuir que ia ter alguma novidade... Que ia ter aborrecimentos, que algo ia acontecer na casa por intermédio do paleio dele.
E quando cheguei a casa, tinha colado um bilhete na maçaneta da porta. Eu sabia que ia ter novidades! Eu estava a intuí-lo... Era da colega do piso de baixo, a pedir de volta o edredon que me havia emprestado. Ora, ela até mo quis dar, eu é que disse que era dela e fazia questão de lho devolver. Uma vez, em conversa com o indivíduo - que não simpatiza com ninguém e me deu a entender que a rapariga do andar de baixo estava incluída - disse-lhe que a achava simpática, porreira. Ele fez careta feita. E eu acrescentei: "até me emprestou o edredon dela. Sim, acho-a simpática".
E agora chegava a casa e ela queria o edredon de volta. Assim, do nada. E ao invés de mo dizer, deixou recado. Tudo bem, até acho compreensível diante do fato de me encontrar a trabalhar non-stop. Só que senti que tinha sido uma decisão fortemente influenciada pela energia negativa do indivíduo. Até hoje não tenho como o saber, mas o que intuí foi que tinha sido por uma conversa com ele que ela tomou a iniciativa de tomar de volta o seu edredon. Ela havia-me dito que não precisava dele, só no início de Dezembro, caso aparecessem uns amigos para pernoitar. O início do mês passou e já estavamos quase no dia 31! Aliás... iamos entrar na noite de 30. Os amigos dela não viriam para a passagem de ano - isso eu tinha a certeza. Portanto, ela até podia precisar do edredon, mas talvez lá para meio de Janeiro.
Só que eu nem reflecti muito nisto. Simplesmente limitei-me a embrulhar o edredon o melhor que pude, voltei a metê-lo no saco de plástico que guardei para o efeito da devolução, bati-lhe à porta, pedi desculpas por permanecer na posse do edredon por tanto tempo e agradeci o empréstimo. E foi sentido. Foi um gesto bonito e desapegado da sua parte e eu reconheci-o. O mal está no «veneno» que outras pessoas querem meter no ambiente. Como se viver junto numa casa partilhada não fosse já tenso o suficiente. Não é preciso se inventarem modas nem meter lenha na fogueira. Este indivíduo adora conflitos. Diz que não, mas não foge de uma briga que ajuda a criar sem qualquer necessidade.
Bom, quanto ao edredon, foi devolvido com um gesto de agradecimento e um presente e a rapariga não chegou a precisar dele. Infelizmente, despreparada como me mantinha, achei que 3 cobertores seriam suficientes para me manter quente durante a noite. Errado! Não aqui, não naquele período de tempo, em que as noites criavam gelo lá fora. A noite foi muito fria, mal consegui dormir e foi nessa noite de 29 de Dezembro que apanhei a constipação que me deu a tosse que me durou até esta minha ida a Portugal (e ao médico).
Quando o indivíduo me preparou aquele espetáculo ridículo, sugou-me a alegria desta nova vida que mal tinha começado a saborear. Teria gostado de desabafar e também ia gostar de relatar o sucedido a alguém cá de casa, mas nada contei. Primeiro, porque achei que era um assunto que só a nós dois dizia respeito. É até falta de carácter ir encher os ouvidos de outras pessoas, sem antes tentar resolver as coisas entre os interessados. E depois, para quê encher a casa de más vibrações, com relatos de conflitos? Pela paz na casa, pela harmonia, fiz o sacrifício de me calar e guardei dentro de mim este mal estar e desconforto.
O meu desabafo foi só aqui, no universo virtual.
Demorei a ter a confirmação mas, hoje soube que ele contou o sucedido ao rapaz cá de casa. Há rapariga, soube-o uma semana antes de viajar para Portugal, em finais de Janeiro. Ela disse-me que "ele havia-lhe contado" e depois acrescentou duas expressões preocupantes. "Mas eu compreendo o lado dele" e "coitado, às vezes passou tarde por lá (emprego) e ele ainda lá está". Ainda disse: "chega cansado, tem o direito de relaxar". Isto confirmou-me que ele havia feito um bom trabalho com ela, pois eram as palavras dele a sair da boca dela. Talvez ela o percebesse por ela mesma. Eu preferi manter-me como sou, sem usar das mesmas armas - embora eu tenha legitimidade porque eu estaria a relatar a verdade. Respondi-lhe apenas que ele foi rude, deixei de fora a violência e o tom de ameaça. Isso e muitos outros detalhes, preferi omitir porque, acreditem ou não, custa-me falar mal de alguém, ainda que essas palavras sejam fiéis e o descrevam como é!
Concordei que ele tinha direito a chegar a casa e relaxar... Embora a realidade é que ele chega às 22h e o barulho do televisor escuta-se até às 4h da manhã! Quantas horas precisa para relaxar e quais dessas precisam de ser com o som da TV muito alto? Mas o que é que relaxar tem a ver com o som da TV? Ele até podia ficar acordado a noite inteira que eu não queria saber. Não deve é fazer com que os outros façam o mesmo.
A compreensão que ela demonstrou pelo horário dele, que até sentiu pena por o ver trabalhar até tarde, não tinha fundamento porque eu estava praticamente a fazer um horário semelhante. Apenas entrava e saía uma hora antes. E mais: estavamos praticamente lado a lado. A loja dele e a minha ficavam a uma curta distância. Se ela o via lá, fiquei curiosa em perceber se pro acaso não me via a mim! É que se visse, saberia que quando eu saio ele já tem a loja dele fechada. Se estiver lá dentro, é a tratar de inventário... porque a atender clientes é que não é. De resto, a real diferença é ele trabalha numa loja de artigos leves de terceira necessidade e há dias em que nem tem clientes. Já o meu trabalho é bastante pesado (literalmente), passava as 9 horas todas a correr de um lado para o outro, sem tempo para ir ao WC e chegava a casa pronta para desfalecer na cama! Coitado de... quem?? Longas horas de quem?
Bom, mas tudo isto para contar que hoje ao chegar vi-o sair. A vontade era parar e esperar que desaparecesse para eu poder entrar. Mas preferi não atravessar logo a estrada e continuar a andar até o candeeiro - o meu ponto de referência que me diz que é ali que fica a casa. Ele também deve ter-me visto. Se calhar até me viu da janela, e decidiu sair. A direcção que tomou e como ia vestido é que me integrou. Por não usar casaco - e estava tanto vento, tão cortante hoje de tarde, que pela primeira vez o senti com o casaco vestido. Ele virou para o lado da rua sem saída, que calha ser a direcção onde fica a casa da senhoria. E como não levava casaco, gorro, nada... Deduzi que não ia demorar. Entrei e apressei-me a ir para o quarto. Subitamente o outro rapaz abre a porta para me cumprimentar. Achei forçado mas até me motivo a ir descansar para o meu.
Nisto o tempo passa, o indivíduo não aparece e eu penso em tirar uma soneca. Só que não! :) Oiço no corredor o outro rapaz a chamar por mim. Vou aqui confidenciar uma coisa: desde que percebi certas coisas cá em casa, eu prefiro ter o meu gravador do telemóvel sempre a funcionar. Por vezes ligo-o, porque nunca sei o que vai acontecer da porta para fora. Sempre tive o costume de querer registar coisas em vídeo ou audio. Sempre. É como um hobbie. Mas ao chegar nesta casa e neste país, percebi que tudo funciona por provas. Naquele dia em que a TV dele estava alta, eu gravei uns segundos mas, como o telemóvel é rasca e nenhum capta o som como o ouvido humano, só tinha era estática. Pensam que pretendia mostrar o som? Claro que não! Apenas gosto de registar as coisas. Nunca se sabe se um dia serão como aquelas imagens antigas e raras do «antigamente». Talvez registe algo que se perda no tempo e um dia as imagens irão esclarecer como era alguma coisa :) Enfim... coisas cá minhas. Só que a maneira como ele agiu - como uma criança a ter um ataque de birra - duvidando que o som da TV alguma vez pudesse ter estado demasiado alto, etc e tal, porque ele põs em causa eu estar a dizer a verdade (e porque me interessaria em inventar?), eu senti falta daquela gravação. E de um bom gravador! Quem já usou um sabe muito bem que não há igual :)
Bom, então por isso, por vezes, como não sei que conversas vão ser puxadas, decidi que meter o TM a gravar som era um hábito a criar. Só que, cada vez que tenho uma conversa realmente interessante, acabo por não o levar. E foi o caso de hoje.
Quando o outro rapaz (que não se dá com a rapariga de baixo e também tem as suas falhas) me chamou, lembrei-me que devia ir buscar o meu auxiliar de memória, como uma salvaguarda... até mesmo para, se precisar, pode reproduzir com exactidão alguma coisa dita. Só que, não o fiz. Quando passei pela porta ele estava no corredor, a querer saber se eu havia tido um conflito com o indivíduo.
Porque queria dizer-me para contar-lhe ou à senhoria, caso isso acontecesse. E também ele relatou-me factos do passado, nos quais o indivíduo foi rude também para com outros inquilinos. Segundo o que este conta, o outro teve problemas com todas as pessoas que já moraram nesta casa. Essas pessoas acabaram por sair. Depois acrescentou que ele havia lhe contado da nossa discussão e acrescentado coisas ridículas como: "ela que não mudasse a posição da cama" e até inventou que eu havia lhe pedido para ir ao médico comigo... Isto foi o que este segundo rapaz me contou! Eu dou-lhe pouco crédito, embora tenha a certeza que o outro foi buscar cada lamento possível de torcer para tentar me retratar com más cores.
É gente que não sabe conviver com gente. Ele tem 40 anos e agiu com menos maturidade que o rapaz de 4 que tenho na família. Menos que adultos de 30, adolescentes com 20, miúdos com 12! Fez uma birra e ficou de cara fechada. E depois foi a correr a contar a todos a «bruxa má» fez-lhe mal. lol. Foi ele que insultou, agrediu e ameaçou. E tudo por... nada. Não era caso para nada daquilo. Demonstrou que é incapaz de ter uma conversa cordial e educada. E homens crescidos, adultos, independentes e assim... blhac! Foge!
Descobri também que este rapaz quer mudar de casa. Engraçado... todos querem mudar de casa - confidenciei-lhe. Sim, porque o indivíduo repetiu-me 50 vezes o mesmo, este também, a rapariga intuo que também não está muito satisfeita e já nos dissemos muitas vezes que pretendiamos encontrar outro sítio... E é por causa de pessoas como estes dois indivíduos ( o outro não é muito diferente, existem parecenças) que se transforma o ambiente de uma casa em algo que pesa. Andamos todos a nos evitar uns aos outros. E eu que pretendia um convívio entre os 4 pela época do Natal, comprei comida, comprei decorações e até presentes para cada um deles!! Ainda estão na gaveta.
Num outro contexto, hoje faço referência a uma regras básica da vida em sociedade que também aqui se aplica - a minha liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros.
ResponderEliminarHá muita gente que ainda não percebeu esse básico.
Quando um tipo desses cria mau ambiente, das duas uma: ou fazem queixa à senhoria (e sabe-se lá quais serão as consequências) ou mudam-se. Se ele é perigoso, o melhor mesmo é procurar outra casa porque se os outros moradores ficam do lado dele (por acreditarem nele ou por medo), o ambiente vai tornar-se insuportável.
ResponderEliminarÉ sempre bom gravares tudo o que puderes porque quando for preciso, o gravador não mente.