Foi no meu 24º aniversário.
Rodeada de amigos que me exigiram que soprasse as velas fazendo um desejo. Mas advertiram-me: não podia revelar o que desejei a ninguém, caso contrário o desejo jamais se concretizaria.
Mal terminei de dar o meu potente sopro, apagando num só fôlego todas as 24 velinhas que me espetaram no bolo da festa surpresa, um deles afirmou convicto:
-"Eu sei o que desejaste".
-"Não sabes não" - respondi.
- "Ai sei, sei!" - diz ele, como se estivesse na posse da capacidade de adivinhação.
Mas intuição de adivinhação é coisa muito mais feminina que masculina. Embora aquele rapaz desse ares e tivesse tiques de quem negava a si próprio uma atracção pelo mesmo sexo, mesmo assim não tinha a intuição típica da sensibilidade feminina.
O desejo nunca se concretizou, mesmo nunca tendo sido revelado.
E não foi o primeiro. Enquanto crescia, lembro-me de ter desejado com bastante força de vontade, com o sopro que apaga sucessivas velas de aniversário, uma bicicleta. De facto tive uma, que comprei aos 24 anos. Só então se realizou esse desejo.
Não sei de onde vem o mito «se revelares que desejo pediste, este não se concretiza!».
É mentira. Desconfio que se deve fazer exatamente o oposto!! Se for segredo, quem é que vai saber? Quem pode ajudar?
Mentiras. Assim como tanta outra coisa que se diz e se acredita, sem ter bases fundamentadas para a crença.
É como dizer: "O que não nos mata torna-nos mais fortes".
É um grande disparate!
O que «não nos mata» deixa-nos mais fracos. Vai nos matando aos poucos. Nas ilusões, nas esperanças, no corpo. E não é essa a pior forma de morrer?? Se o que não me mata me deixasse mais forte, esta constipação que apanhei na passagem de ano já tinha ido embora, ao invés de me deixar com uma tosse e um nariz pingão que nunca mais desaparecem. Terei de esperar pela Primavera, Jesus? Para me ver livre disto??
De facto, não me mata. Mas me desgaste e me enfraquece. Obriga-me a trabalhar com mais esforço, da mesma forma, mas com menos energia. Obriga-me a ter de assoar o nariz constantemente, a procurar medicação, a sentir dores...
Mas não me mata.
De facto, não me mata. Mas me desgaste e me enfraquece. Obriga-me a trabalhar com mais esforço, da mesma forma, mas com menos energia. Obriga-me a ter de assoar o nariz constantemente, a procurar medicação, a sentir dores...
Mas não me mata.
Há uma peculiaridade sobre os desejos que ainda não mencionei. É que eles, se mantidos em segredo, acabam por realizar-se de forma indirecta. Passam para o vizinho, para o amigo, para aquele conhecido irresponsável que nunca desejou nada semelhante... Pelo menos comigo tem sido assim. Quase tudo o que desejei mais intimamente aconteceu. Mas no alvo ao lado. Não pensem com isso que tenho ressentimentos. Não os tenho. Sinto - com a tal intuição feminina - que essas coisas vieram a acontecer por interferência energética também minha. O meu desejo, a minha vontade, contribuiu.
Existem pessoas assim e eu creio ser uma dessas pessoas.
E foi então que, meses depois, quando soube que o que eu desejei naquele sopro de apaga-vela-de-aniversário ia acontecer com outra pessoa, EU SOUBE. Eu soube que tinha sido a força do meu desejo. Era a forma como teria de concretizá-lo. E com isso teria de me contentar.
Deus, ou quem ou no que queiram acreditar, escuta as nossas preces. E responde a muitas ou mesmo todas. Não faz é as coisas exatamente como as idealizamos. Faz de maneira diferente, através de outros... A vida é uma aprendizagem.
Deus, ou quem ou no que queiram acreditar, escuta as nossas preces. E responde a muitas ou mesmo todas. Não faz é as coisas exatamente como as idealizamos. Faz de maneira diferente, através de outros... A vida é uma aprendizagem.
Olá.
ResponderEliminarPrimeiro, terminas com a frase "A vida é uma aprendizagem" e penso que o ditado "o que não nos mata fortalece-nos" estará um pouco relacionado com essa aprendizagem, esse "matar" é um pouco metafórico e não tanto físico. Embora fisicamente também tenha a sua explicação, por exemplo se tiveres sarampo em pequena podes não morrer e ficas imune para a vida =)!
:))))
Quanto a desejos, acho sempre piada a essa do desejo-apaga-velas. Agora, e provavelmente surgindo de alguma mente iluminada, que achou que se calhar era facilidades a mais pedir desejos e PUM-já está, tens que trincar o catano das velas de cera....
Enfim, coisas.
;)
Bom fim de semana
Trincar as velas DEBAIXO DA MESA loool
EliminarSempre se acrescenta um extra às tradições sem explicação.
Tb pensei nessa linha, mas parece-me que a mencionada prevalece :P
Obrigada pela visita e Bom fim de semana!!
A vida é uma constante aprendizagem :)
ResponderEliminarConcordo em absoluto.
EliminarConcordo plenamente contigo (como acontece geralmente lol).
ResponderEliminarQuestiono-me sempre sobre o porquê das coisas. Quem é que teve a ideia brilhante de que se deve fazer isto ou aquilo? onde está o fundamento que comprova tal teoria?
Comigo também acontece o mesmo. Quase tudo o que desejei veio a concretizar-se anos depois do pedido feito. Isto em termos materiais, claro. Queria um telemóvel, os meus pais não podiam comprar na altura e quando já tinha desistido dele, um belo dia recebi-o. O mesmo aconteceu com o computador.
O mais engraçado é que depois de tanto desejar uma coisa e desistir dela, quando finalmente torna-se realidade já não tem o mesmo impacto que teria se a tivesse recebido na altura pedi.
Pronto, sou uma eterna insatisfeita. lol
Não sei se Deus existe ou anjos ou santos (a minha fé ultimamente anda pelas ruas da amargura) mas já li algures uma frase que dizia: Deus sempre responde aos nossos pedidos. O problema é que, na maioria das vezes a resposta é não.
E se eu tenho levado com tantos "nãos"...
As melhoras da constipação!
Beijos
Queria Ana, obrigado por me desejares as melhoras, no preciso momento em que estou a fungar e tossir que nem uma... constipada eheh.
EliminarMencionas um aspecto importante: o momento em que se DESISTE, em que se perde a esperança.
Quando tinha uns 10 ou 11 anos queria muuuuito uma câmara de filmar. Acabei tendo quando meu pai comprou para si uma sony camcorder com visor a cores... tinha eu quase 18 anos.
Pois por essa altura já não chegou a tempo. A atracção pela máquina tinha raízes numa necessidade criativa de me expressar em imagens. De realizar ideias, conceitos, filmar histórias, documentar a rotina familiar, o crescimento e... o meu cão de puppy a adulto ;)
Quando chegou a camera, fiquei feliz mas o primeiro impacto foi uma certa desolação... Era tarde. Tantas ideias que ficaram por concretizar. Já tinha desistido por essa altura. Acaba-se por ganhar no coração um pouco de dor.
Claro, usei-a muito, fiz algumas brincadeiras engraçadas mas o que deixei de fazer também evidenciou-se. Era sempre a pessoa designada para filmar cada passeio e evento, porque os outros tinham preguiça de andar com o olho colado no retangulozinho e eu lhes era conveniente.
Os pais não têm culpa... não podem adivinhar o que os filhos necessitam de verdade, o que esquecem se não receberem ou o que lhes vai deixar marcas emocionais. Coisas como câmeras, - que eu também gostava de fotografar e antigamente era tudo com película e não se podia desperdiçar filme - telemóveis e computadores são desejos caros. O facto deles juntarem dinheiro até as máquinas ganharem um custo mais baixo devido à popularidade e ao tipo de produção que entretanto a passagem do tempo providencia, já é um gesto que demonstra que não esqueceram.
Só que, por vezes, já é tarde... Para o que quer que o espírito precisa de realizar através daquele aparelho.
Ao menos, querida, os teus desejos chegam tarde mas são dirigidos a ti eheh. Os meus vão para os outros. Depois de escrever este post descobri um outro que está a ser realizado por outra pessoa. Que nunca sonhou com ele, apenas vê uma oportunidade.
Penso que o fundamento de tudo isso funciona como um estímulo uma esperança, uma vontade para que lutemos pelo que desejámos. Muitas vezes esses desejos concretizam-se porque à força de os desejarmos, lutámos por eles e os conseguimos :)
ResponderEliminarTambém entendo esse ponto de vista. Mas cá está: para ele acontecer, não se pode viver na base do segredo.
EliminarHá que partilhar com algumas pessoas essas vontades. Aumentam as chances de se virem a concretizar.
A sociedade portuguesa tem raízes castradoras, com base na ditadura do silêncio, da vergonha, do acanhamento. Até para sonhar como deve ser temos de ser ensinados ehehe!
Abração!