Fui fazer um teste para um possível trabalho. Nesse trabalho conta o "depressa e bem" - a quantidade e a rapidez. E como em quase todos, não existem certezas de admissão, são poucas vagas para vários cães a um osso, e esse osso tem muitas cunhas, enfim...
A questão é que saí de lá completamente acelerada. O trabalho foi interrompido porque era só um teste e eu por mim ficava ali a trabalhar tal e qual o Charlie Chaplin no filme "Tempos Modernos".
E isto fez-me reflectir em muita coisa. A começar pela minha humildade. Porque subitamente entendi que eu sou uma pessoa que se diverte a suplantar os seus próprios recordes. Que é perfecionista mas sem ser altiva, gosta de fazer bem, rápido e depois ainda mais rápido se conseguir.
Como é que nunca me descrevi assim a ninguém numa entrevista de emprego?
Percebi que faço isto desde menina, quando saía do portão da escola para ir para a paragem. Eu corria. E quando percebia o tempo que fazia no dia a seguir corria mais para ver se batia o meu recorde. E era diversão e prazer. Depois anos mais tarde existiu um trabalho de inserção de dados. Mais de 1000 documentos inseridos no sistema informático por um dia de 6h... contando que quando existiam erros de origem estes tinham de ser corrigidos. Também nesta fase me diverti tentando me superar de dia para dia. E depois recordei um emprego mais recente, onde quantidade não era o requisito principal mas que cada vez que chegava à empresa já estava em modo «on». Eu não preciso de café, não preciso de nada. Não tenho um "arranque" lento. Estou pronta assim que entro pela porta. Não gosto de esperar desnecessariamente ou desperdiçar tempo. Pareço sossegada e tranquila mas a minha mente já está a mil e o meu corpo suplica por acção. E quando me sentava no meu posto, ligava o computador e me preparava para iniciar o dia, o pior que me podiam fazer era vir falar comigo e se alongarem na conversa. Eu sorria, conversava mas no fundo queria que a pessoa me deixasse estar, porque sentia vontade de teclar no computador como uma doida. Trabalhava pelo dia a dentro, não tão poucas vezes sem pausas para almoço, quanto mais lanche. Não preciso de pausas para café, WC, conversas da chacha. E é como eu gosto mais de trabalhar.
Hoje enquanto aguardava o teste tive de escutar a introdução que a pessoa estava a fazer. E ela demorou-se em redundâncias e desvios pouco relevantes para a situação. Mentalmente só repetia para mim mesma: "Vamos acabar com a conversa e ir ao que interessa?". Mas claro, parecia uma criatura calmíssima.
Quanto mais eu tenho para fazer, mais feliz sou. Em excesso piro, claro. Sem qualquer contacto humano prolongado também piro um bocado, claro. Mas existe ali um bom período de tempo que gosto de me concentrar no que faço e me sinto plenamente satisfeita.
Parece que estou sempre a descobrir que sou melhor do que aquilo que penso ser... Pena que «amanhã» já me esqueci outra vez. É de lamentar quando uma pessoa não se sabe dar o valor que realmente tem. Os outros não te vão dar, tu é que tens de te "vender" com o preço que conseguires convencer que vales. Mas por vezes existe quem veja o valor real para além do publicitado. Raro, mas acontece. O pior é se por falta de costume tu sabotas isso...
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