sábado, 8 de dezembro de 2012

Cosméticos: como reciclar?

Sempre fui uma criança a quem fazia confusão deitar as coisas fora.
Fosse o que fosse. Se roupa deixasse de ter utilidade, diziam-me que virava lixo. Se bebia refrigerante por uma lata, logo a seguir virava lixo (embora no me caso virasse porta-canetas). Se desembrulhava um presente, o próprio papel, laço, embalagem, fosse de cartão, plástico, esponja ou esferovite, sentia relutância em colocar no lixo. Se lia uma revista, porque a seguir ela tinha de ir para o lixo? Se usasse um palito para os dentes, ou acendesse um fósforo, porquê tinha aquilo de ir para o lixo? Com certeza ainda podia ser util para algo, podia juntar muitos palitos ou fósforos queimados e decorar uma caixa, ou um caderno, ou construir algo... 
Pensava tanto assim que meus pais eram os primeiros a tirar das minhas mãos quaisquer embalagens ou coisas para eles inúteis, para me impedirem de ter «ideias malucas». 

Até casca de nozes guardei e num natal fizeram mesmo parte da decoração da árvore, pintadas que foram com tinta plástica que se compravam em latinhas minúsculas (alguém se lembra?). 
Também achei boa ideia usá-las como embalagem de oferta de presente... 
(sim, encontrei coisas para lá meter  :) )

latinhas de tinta de 25 ml

De momento estou com um dilema em mãos. Quero me livrar dos cosméticos fora de prazo e praticamente nunca usados que separei faz mais de um ano. Mas vou colocá-los onde? Quem recolhe isto? Lixo normal não consigo...  já tentei. Prefiro deixar as embalagens por ali, mas já me incomodam. Preciso do espaço e de um ambiente mais «ZEN».  

Alguém recicla estes produtos? Despejá-los no gargalo e deixar a água encarregar-se de os levar não parece fazer sentido. No fundo, estaria a poluir o bem mais precioso que temos, ainda que suponho que o trato às águas sujas é super-potente para conseguir que as mesmas voltem ao meio-ambiente sem serem tóxicas. Se calhar é a melhor solução: o gargalo. Assim se garante que passam pelo ciclo rigoroso de tratamento de águas tóxicas antes que entrem em contacto com o meio-ambiente e vire uma ameaça...

Que sabem a este respeito? OPINIÕES SÃO BEM VINDAS!!



PS: Penso nestas coisas mas não sou uma santa ambientalista, ok? 



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Geração RASCA ?

Uma notícia sobre oportunidades de emprego para jovens que passou hoje no telejornal fez-me recuar no tempo, até aos anos 90, quando na qualidade de estudante me abordaram para aderir à greve de protesto contra a introdução de uma nova medida da Ministra da Educação. A revolta era ainda maior por muitos se terem sentido ofendidos por terem sido apelidados pela imprensa de "GERAÇÃO RASCA". Palavras que já não recordo se foram aproveitadas por algum político... A revolta não tardou mas de pouco adiantou. Recuei até esse dia e voltei ao presente, consciente do meu percurso como se tivesse visto um filme. 

Eu, tal como todos desta geração, passámos por todas as mudanças que o Ministério da Educação introduziu no sistema de ensino para acesso ao ensino superior. Surgiram provas globais, surgiram cursos tecnológicos, surgiu a avaliação bi-partidária, em que a média de conclusão final era calculada a partir da nota tirada nas provas Globais com a média dos três anos de secundário, ambas com uma percentagem diferente de influência para a nota final. Lembro que o primeiro resultado global desta medida foi desastroso, alunos de notas médias ou altas chumbavam nas globais, o que fez o Ministério de Educação ter de ajustar os cálculos mediante os resultados obtidos.

Uma vez na universidade surgiram as propinas. Entrei no curso que quis, para o qual tive de fazer provas globais a disciplinas que inclusive nunca havia tido só para ter hipóteses de me candidatar com mais do que a média de Português com Matemática, uma mistura nem sempre vantajosa. Inicialmente o curso qualificava com o grau de bacharelato mas os anos de estudos acabaram por se alongar, não por ter reprovado, mas por uma nova medida ter permitido que aos bacharelatos pudessem se adicionar 2 anos extra para se obter o nível de licenciatura. Por essa altura já estava tão cansada de estudar, que me considerava uma profissional. Mas lá tirei a licenciatura, investindo no total 5 anos da minha jovem vida para obter um curso superior. 

Terminada a fase do estudo, é altura de ingressar no mercado de trabalho, do qual já fazia uma boa ideia de como funcionava, tanto por ter mantido contacto com o meio enquanto estudante, como pela quantidade de conhecimentos que absorvia por meu próprio interesse. E essa introdução inicia-se, obviamente, com ESTÁGIOS.

Fui fazer um estágio deplorável, sobre o qual até já falei aqui pelo que não me vou alongar. Já tinha prática na área por colaborar noutras empresas sem ordenado, mas fui de mente e coração aberto abraçar aquela nova etapa da minha vida. A universidade não tinha protocolos, mal sabia o que estava a fazer, não soube designar um orientador de estágio e ainda sofri ameaças por parte do director de curso por ter escolhido encontrar o meu próprio estágio dentro da área do curso e não me ter sujeitado aos por ele encontrados, fora da área. Terminado esse estágio curricular e não renumerado, que hoje sei que me mostrou o pior que existe em muitos locais de trabalho por este país a fora, obtive logo outro, numa entidade do estado, também não remunerado. Mas o desperdicei devido à pressão que o outro ainda estava a exercer sobre mim. Daí fui para o desemprego. Enquanto procurava e enviava curriculos, arranjei um part-time, tirei cursos, muitos cursos dentro da minha área de interesse, que paguei do meu bolso, mas a confiança e a esperança, essas é que ficaram com mossas. Pesava sobre a minha cabeça uma grande espada: a idade. A idade estava a avançar e por alguns lugares já escutava isso... Parecia que por todo o lado onde ouvisse uma conversa, todos me diziam que aos 25, 26 anos era já algo «velha» para iniciar a sério uma vida profissional nas minhas áreas de interesse. Percebi que as oportunidades eram «lixadas». Os anúncios de ofertas de trabalho pediam candidatos com licenciatura, dois anos de experiência e idades que iam apenas até os 20 ou 24 anos. Parecia que tudo conspirava e todos apontavam o absurdo das condições de empregabilidade. Como pode um indivíduo estudar a VIDA TODA, terminar o secundário, acrescentar CINCO ANOS de licenciatura, fazer mais uns tantos de estágio e ainda ser tão JOVEM?

Nunca mais esqueci o que uma vez ouvi num rádio: alguém acusava o governo de estar a enganar os estudantes, alongando os anos de estudo, pedindo e dando subsídios, criando estágios, cursos de formação e programas que visavam adiar a entrada dos estudantes no mercado de trabalho, para que não se percebesse os níveis reais de desemprego do país, para esconderem a gravidade da situação da comunidade Europeia. 

Os jovens estudantes de 90 foram vivendo de ilusões, promessas e aparências, seguindo as regras, iludidos pelo próprio governo. E agora aqui estamos: esta geração RASCA, foi é ENRASCADA pelas medidas evasivas do governo. Tramaram esta geração e comprometeram as gerações que lhe seguiram. 

É bom ouvir que podem surgir novas medidas de empregabilidade para jovens licenciados até os 25 anos ou que acabaram de perder o emprego. É bom mas também é mau. Estou a ouvir o mesmo desde que era eu essa «jovem licenciada», ainda me sinto um pouco nessa posição e agora constato que o tempo passou, pelos vistos não sou mais, e lá estão outros no mesmo lugar... 

Se a geração RASCA ainda não foi "agraciada" pelas promessas de "oportunidades para jovens licenciados" e muitos ainda continuam na «luta» por oportunidades e pela estabilidade no mercado de trabalho, só constato que o tempo passou e outra geração chegou sem que a anterior tivesse abandonado o barco. Estão assim, DUAS gerações, a RASCA e a À RASCA, acumulam-se no final da linha, sem ter para onde fugir. Como entulho trazido pelas ondas do mar preso numa enseada. Isto cheira a ilusão, a promessa oca e que só fica a pairar no ar. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Lisboa arquitetónica aos olhos de FORA

Dada a identidade que dei a este blogue e como Lisboeta que sou, sinto-me no dever de divulgar algumas coisas interessantes que se descobrem neste universo da internet aqui sobre este cantinho de Portugal. Casualmente deparei com este blogue: Pavilhão de Portugal. Data de 2009 e constitui o trabalho de um grupo de estudantes de arquitectura de Fortaleza, cidade do Brasil. Conhecermo-nos a nós próprios pelos olhos dos outros, é sempre uma surpresa. Espreitem, especialmente se gostam de arquitectura

Ponte Vasco da Gama, inauguração: 1998

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

OLX - os sites de classificados


Já faz uns anos que fui espreitar, pela primeira vez, um desses sites de classificados na internet que permitem a uma pessoa vender ou comprar algo. Na altura coloquei uns vinis à venda no site OLX e Custo Justo, só para perceber como aquilo funciona. Recebi contactos de algumas pessoas, alguns até anos mais tarde. Mas venda em si, isso nunca aconteceu. E não mais me lembrei da existência dos mesmos. 

Não sei porquê, talvez devido à constante publicidade na TV e devido à proximidade da quadra natalícia, há um mês fui espreitar e logo à primeira tentativa vi algo que me agradou muito, a um preço agradável. Contactei o anunciante e comprei o produto. Primeira compra online!!

Não tinha intenções de comprar nada, no máximo queria vender, mas a verdade é que pechinchas, que é o que toda a gente quer, às vezes, ainda se encontram. Mas deixem-me dizer que é mesmo uma raridade

Serviços de chá em porcelana, incompletos: desde 25€ a 200€
Buscas posteriores nos sites devolveram resultados muito pouco animadores. O que mais há são velharias que estão bem é para a lixeira, mas pelas quais os anunciantes só por as saberem velhas pensam que as mesmas têm um exagerado valor. Também surgem produtos muito comuns e até fáceis de encontrar no circuito comercial, como bicicletas, canecas e canetas, a preços de... loja. Por alguns artigos pouco interessantes o valor cobrado é obviamente exagerado, o que revela a falta de noção e a ânsia exacerbada por dinheiro. Existem valores que até uma loja de antiguidades teria alguma cara-de-pau em cobrar. O artigo até pode ter valor mas não justifica o elevado investimento. E também existe o LOGRO. Objectos que não são o que parecem e não valem ou não são o que dizem ser. E coisas novas, manuais, como as pinturas em tela ou a pintura de caixas de madeira, frutos dos hobbys de alguém dado às artes decorativas...

Ali encontra-se de tudo. Para quem gosta, vale a pena. Mas cada vez mais é para quem pode. Aqueles que, após lerem este post ficarem com vontade de recorrer a estes sites de classificados grátis para vender algo que tem em casa e já não precisa, tenham em mente que as pessoas querem é pechinchas. É isso que procuram: uma boa compra. Se querem vender aquele par de sapatos por 20€... esqueçam. Não importa se custou 200€ e se só usou uma vez. Mas tentar a sorte não custa. 

Teria dado jeito ter lembrado desta hipótese há uns anos, quando uma série de objectos e peças de mobiliário de família precisaram de encontrar um novo dono. Quem sabe teriam encontrado quem realmente as estimasse. Algumas encontraram foi o caixote da rua e, estranhamente, uma dessas foi parar à montra de uma loja de antiguidades...