Sou da opinião que as mudanças graduais são as que mais ameaças apresentam. Porque as pessoas não percebem que o que as rodeia, e elas mesmas, estão a mudar. Depressa se alteram os hábitos, sem que se dê conta da magnitude de tudo.
Por esta razão considero as mudanças súbitas muito mais benéficas. Assustam-nos de morte. Temos receios, medos, é o desconhecido... mas uma mudança súbida não tem máscaras. É o que é.
A principal mudança na sociedade tem origem na tecnologia, em particular na internet. Esta surgiu gradualmente, mas mudou radicalmente todos os costumes. Costumava pegar numa caneta e escrever um diário, agora escrevo aqui. Costumava sentar na cadeira a ver televisão, agora distraio-me no computador. Costumava brincar com outras crianças aos jogos de tabuleiro, cartas, ou jogos de contacto físico. Agora brinca-se na internet, a jogar jogos virtuais.
Mudanças radicais, mas graduais. Pouco recriminadas porque ninguém tem nada realmente mau a apontar à internet, só benefícios. E fica-se viciado nisto! Diria até que dependentes!
A internet serve para tudo: precisa-se de saber onde fica determinada rua? Vai-se à internet. Queres saber uma receita especial? Vais à internet. Queres rir um bocadinho com scketchs de humor ou ler umas piadas? Vais à internet. Queres trocar de carro, comprar um animal, vender alguma coisa? Vais á internet. Procuras emprego? Vais à internet. Precisas de comprar mercearias? Vais à internet. E que tal fazer umas transacções bancárias? Vais á internet! Queres falar com os amigos? Vai à internet. E que tal namorar um bocadinho? Vais à internet!
As pessoas não têm presente na consciência o quanto mudam. Podem achar que não, mas a isso são conduzidas sem se darem conta. Mesmo quem, eventualmente (não sei se existe), não tenha internet, acaba por ser conduzido a usar o serviço. Por exemplo: os pagamentos à Segurança Social deixaram de ser possíveis pela via presencial, num balcão de uma das instalações do Instituto, em frente a uma pessoa de carne e osso. Parece-me que só se aceitam formulários via-internet.
Estava lá uma vez e vi a aflição de algumas pessoas mais velhas, que logo afirmavam: mas eu não tenho isso! Não percebo dessas coisas!
- "Então peça a alguém para a/o ajudar". - responde a/o funcionário.
E pronto! Parece tão simples!! Mas não é NADA simples. Descartam-se das pessoas e dos problemas com facilidade, mas ele(a)s não deixam de existir!
Precisei escrever sobre este assunto porque comigo sucede-se o seguinte: entristece-me quando oiço dizer "está na internet, procura". Qualquer questão que se tenha, a resposta vem igual. Mas que raio! Acho que as pessoas estão a ser preguiçosas e não necessáriamente práticas ao depositar demasiada fé numa coisa. É quase deixar que essa coisa pense por elas. Por exemplo: uma pessoa mandou-me procurar uma informação que estava num site. Mas não sabia que site era esse. Apenas que se tratava do site de um "Instituto" e que o nome era "Portugal qualquer-coisa". Com esta e outra referência, achou que tinha dado todos os dados necessários para qualquer pessoa chegar à informação.
É claro que não se consegue!!
E depois desenvolve-se uma "conversa de burros", em que uma pessoa diz que "só encontra isto" e a outra responde "mas no site vem a dizer aquilo" e, para agravar, a pessoa também nunca viu o site, foi uma terceira que ouviu dizer que era assim!
Não gosto. Detesto! Faz perder tempo. É informação inútil, que ainda por cima conduz a conflitos. Se formos a ver o método tradicional, quando em comparação, acaba por sair em desvantagem. Preciso de uma informação, vou ao tal Instituto e pergunto! É mais rápido ou não??
A geração dos meus avós "aventurou-se" no mundo por necessidade de uma vida melhor. Abalaram do norte porque disseram-lhes que havia uma "vida melhor" em Lisboa. E partiram apenas com a vontade de encontrar essa vida melhor e confiantes na sua capacidade de trabalho. Ao chegar-se ao destino, "achavam-se" os compadres pela boca. Dizia-se a um qualquer trauseunde o nome do sítio onde se queria ir e bastava-lhes seguir as direcções para chegar lá.
Agora temos a internet, temos GPS, mapas, temos tanta coisa mas falha o principal: falta-nos o NOME!
E, sem nome, não se chega lá. Haja a tecnologia que houver, ao invés de se encontrar o "Instituto X", encontram-se os Institutos do abecedário inteiro!!
"Mais" não é melhor. "Fácil" não significa rápido. Até porque se perdem muitas horas de volta dos afazeres e entretenimento que a internet e outros gadgets tecnológicos proporcionam. Não sobra muito tempo para outros convívios.
Não, definitivamente, a internet não torna nada mais rápido, porque a dependência é muito morosa!! E a qualidade que impôs nos trabalhos exige uma utilização de recursos mais ampla, o que aumenta o tempo de execução de qualquer tarefa. Utilizam-se mais ferramentas, mais programas...
Um dia de 24h não chega para tudo o que a internet tem para nos aliciar...
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