Não há dúvida que a vida tem outras cores que não as que conhecemos.
Ontem vi um arco-íris e fiquei a contar as suas 7 cores... embora só distinguisse 6!
Mas entre cada arco com a sua cor, existem outras... e quando chegamos perto de outro espectro, a experiência toca-nos sempre. Mais ainda se, no nosso íntimo, soubermos que pertencemos mais aquele que visitamos, do que aquele onde vivemos...
Ser exposta a outros estilos de vida, melhores, faz-me sentir uma enorme vontade de chorar. Não que os inveje, longe disso. Até me afasto, talvez por saber que ali seria mais eu... É a dor de uma perda...!
Gosto da gastronomia pensada, científica, onde a combinação dos ingredientes é um chamariz para os sentidos e o desafio se faz com arte. Fui visitar, por casualidade das circunstâncias, um lugar assim e tive direito a um toor. Vi e cheirei aromas de comida bem confeccionada. Calei a minha fome, coisa que tenho passado uma semana a conseguir, com surpresa, fazer muito bem. Passadas 2 horas, já a noite vai alta e estou sozinha, fui tratar de me alimentar, pois o estômago só tinha visto comida eram 13h00... uma banana. Foi o que me restou. Não que não tenha dinheiro na carteira para um desvario... mas seria isso mesmo. Um desvario que me alimentaria hoje, mas me deixaria sem o que comer amanhã.
No entanto pergunto: vale a pena isto? Acho mesmo que não. Se não se viver a vida quando ela pede para ser vivida, se a contenção for uma atitude sempre presente em todas as acções, não se vive nada... e é a experiência que fala, não a sabedoria. Se fosse sábia, já me tinha deixado de privações. Como depois iria me virar, não sei. Mas cá está: se calhar, essa circunstância ia dar-me a tarimba necessária para aprender a dar a volta por cima bem depressa.
Fiz as contas ao dinheiro e percebi que ganho abaixo das novas despesas fixas. Ou seja: no final do mês, o que ganho não sobra para comer. Isto assustou-me em demasia. Qualquer coisa me parece um luxo. Um colega brincou sobre pagar-lhe um café e esses 0.50 cêntimos pareceram uma fortuna. Mas ninguém sabe disto. Guardo para mim, enquanto todos pensam que estou bem...
Talvez seja tarde para mim, embora acredite que nunca é tarde para mudar o que quer que seja. Mas uma coisa já perdi: a infância e a flor da juventude. Agora... vou deixar que o restante passe todinho para depois ver que ficou tudo por viver, em prol de uma "contenção" permanente?
Ai! O arco-íris!
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