Três minutos para as seis da manhã. O céu está nublado e a claridade ainda não chegou ao seu pico. Decido ir abrir a janela para que o ar quente que mal me deixou dormir seja substituído pela frescura deliciosa destes primeiros minutos de claridade. Já não há mosquitos, melgas, moscas, aranhas ou quaisquer outros insectos para me tirar o descanso. Por instinto algo no céu desperta-me a atenção. É um objecto voador dourado. De forma cilíndrica, movimenta-se com velocidade, da direita para a minha esquerda.
Os aviões voltaram a povoar os céus. Este foi especial porque estava a voar acima das nuvens, onde o sol já brilhava com toda a intensidade. Mas aqui na terra, sob um céu de nuvens matinais e uma chuva tão miúda que era mesmo invisível aos olhos e impercetível ao toque na pele, sobressaiu o brilho dourado, que conferiu uma cor de ouro ao metal do avião, banhado pela luz do sol. Como uma pintura, de um céu branco-cinza, com um traço de dourado.
Depressa a visão desapareceu. Mas não o som. Esse levou muito mais tempo a desaparecer. O som distinto e único dos motores do avião a ressonar pela atmosfera. Ah! Esse ruído, que por meses deixou de existir devido à pandemia mundial do virus Covid-19.
Lembram-se o quanto foi bom? O silêncio nos céus? A ausência do ruído dos motores voadores e também de motores aquáticos. Permitiram o regresso de golfinhos e outras espécies de volta ao rio Tejo e em toda a parte do mundo diminuiu a concentração de poluentes nas águas. Deram-se maiores avistamentos de animais - alguns não vistos há décadas.
Tudo tem um lado mau e um lado bom.
Já passam das seis da manhã e vou então dormir. Num quarto agora já aclimatizado pela frescura matinal. Três horas depois, às 10 da manhã, sou abruptamente acordada com três batidas da porta do WC. É a M., que há dias/noites é a única responsável por não me deixar dormir mais do que três horas seguidas. Antes de ter adormecido também ouvi o rapaz a preparar-se para ir trabalhar. Como sempre, fecha a porta do WC silenciosamente - como eu pedi, num recado que ainda está colado no interior da porta da casa de banho. Isso permite-me continuar no sono. Mas a forma como a M. se movimenta pela casa é ruidosa. Desperta-me como um som de um tiro de canhão e perpetua-se ruidosa nos seus outros movimentos, impedindo-me de os ignorar e voltar a adormecer.
Decido levantar-me. Estava desperta desde as 23h50m - altura em que a M. foi ao WC e bateu três vezes com a porta - despertando-me de um sono que tinha começado por volta das 21h45m.
E o que faço de pé às 10h da manhã?
Fecho a janela, porque verifico que há calor e o sol está quase a incidir. Mas antes, decido refrescar o exterior da janela, que verifico já estar quente. Como? Despejando água. Como tenho um telhado debaixo da janela, decidi fazer o mesmo nas telhas. E sabem que mais? A temperatura refrescou logo! Precisei de encher o cesto com água umas quatro vezes e numa dessas ocasiões, já estava na porta a segurá-la pelo manipulo para que não fechasse com um estrondo, e nisso avisto, pelo vidro da janela, vapor a emanar das telhas.
Evaporação!
Dez da manhã. Ainda não estava o sol a bater muito direto. Mas o calor que as telhas já estavam a armazenar era tal que água evaporava. Já se adivinhava que temperatura ia estar. Decidi então tomar algumas medidas. O quarto é quente. Mesmo com cortinas duplas - uma das quais feita com revestimento para o calor, o calor no quarto ia ficar insuportável. Teria de estar sempre a sair para a sala, onde o frescor é uma delícia.
Fui buscar umas placas de esferovite que, por algum motivo, guardei desde que vim da outra casa. Achei que seriam de utilidade. E não estava enganada. Coloquei-as nos vidros das janelas. Permitem a entrada de luminosidade ao mesmo tempo que travam o calor que o vidro emana. Estou agora no quarto, com as janelas cobertas com placas de esferovite, dois cortinados fechados e um débil aquecimento ligado - na parte de ventoinha sem radiador - claro.
Ao perceber que uma simples pedra que mantinha no parapeito da janela estava quente (e não estava ao sol!) achei que também seria uma boa condutora de frescura. Vai que a molhei - não funcionou muito bem porque ainda tinha o núcleo quente. Decidi colocá-la no congelador. Passou a ser uma condutora de frio. Melhor que gelo, ehehe.
Neste tempo e no espaço de duas horas, também cozinhei, lavei roupa, estendi-a, e plantei sementes de tomate no canteiro à entrada da porta (aproveitando o calor), canteiro esse que limpei ontem, também após ter sido privada de horas de sono. Arranquei ervas daninhas à mão, removi cada pedrinha decorativa, voltei a remover raízes, limpei a terra. A ver vamos o que posso fazer ali. Ideias não faltam. Falta conhecimento de algo muito importante: tipos de solo. Acho que a maior parte das pessoas desconhece que o solo desempenha um papel fulcral no sucesso da sobrevivência de plantas e ervas.
E pronto.
Não podem dizer que este blogue fala sempre das mesmas coisas. Nem mencionei quando tomei as vacinas do Covid nem essas cenas. Pode ser monótono e longo - estes meus desabafos. Mas são originais! Ahahah.
Agora imaginem-me, a atirar baldes de água para um telhado...
Naquele momento gostaria muito de ter uma mangueira. Ah, como gostaria! Ensopava o telhado inteiro. Ficaria tão fresquinho....
A Catarina está à procura de outra casa.
ResponderEliminarPorque a Mariana está a caminho.
Boa semana
Gostei de ler e eu também uso há anos placas de esferovite em alguns vidros e o certo é que resulta e por falar nelas tenho que comprar duas para substituir as mais velhinhas:)))
ResponderEliminarBeijos e tudo de bom para ti