Privação de sono

 Nesta sexta-feira santa pretendo reflectir, permanecer serena e consultar os meus  sentimentos.

Como estou?

Como tenho vivido?

O que tenho ha minha volta?

O que posso fazer para melhorar?

Fisicamente e emocionalmente estou sem mazelas graves. Mas carrego tristezas. Vou aprendendo a gerir e a ultrapassar as mais secretas. 

De momento o que me impede de estar em paz e a ausencia de serenidade. Cada vez que estou fora e me dirijo para dentro sinto que em casa não vou estar ha vontade ou encontrar aquela alegria recompensante com que muitos terminam o seu dia de trabalho. O maxilar inferior pressionando com força o superior  denuncia essa involuntaria consciencialização. 

Embora eu fique no meu canto e faça por nao incomodar ninguém o comportamento dos outros não é recíproco. E isso tem-me causado algum dolo, o que tem ramificações em tudo o que faço. Até pode influenciar a minha condução de scooter para o trabalho.

Tenho dormido extremamente pouco.  Nos ultimos dois dias apenas tres horas. E nao foram seguidas, mas tres blocos de apenas uma hora. Adormecer e acordar subitamente devido a ruido, olhar para o relogio e constactar que praticamente nenhum tempo se passou desde que adormeceste é desolador.

Todos os dias acordo com os barulhos da M a fechar a porta ao empurrão. Logo de seguida - e se não antes, é o rapaz que, ao me ver subir para descansar, vai intencionalmente ligar a ventoinha de teto do WC de baixo. Ventoinha que ja pedi para nao deixarem ligada porque o barulho e vibração me impedem de adormecer e também me fazem acordar. 

Este gesto mal intencionado do G., o rapaz do andar de baixo com quem nao falo, é diário e ele o repete mais que uma vez. Todos os dias desde que isto começou- a meio de Fevereiro, sou eu que tenho de descer para desligar a ventoinha. Em nenhuma ocasião, destas mais de cem vezes que o fiz, aconteceu de estar realmente alguém no interior. Não existiu uso do chuveiro, nao se cheira maus odores, o radiador nao esta a produzir excesso de calor e muitas vezes eu deixo a janela em frente aberta para refrescar e renovar o ar . Não há realmente uma razão justa para se ligar aquele barulhento e ineficaz motor. Ainda mais no preciso momento em que vou para adormecer. Ja fiz experiencias com diferentes horarios de chegada para ver se produzia um resultado diferente. Nao produziu. Aquilo é ligado só para me causar transtorno. 

Quase 100 dias disto.

Perante este facto, como nao dirigir-me a casa no final de uma madrugada de trabalho a sentir um certo desânimo?

Mas ate conseguiria contornar este barulho e adormecer, nao fossem os ruidos estrondosos da M. por toda a casa. Aquele que é infalível para me retirar do sono é a incapacidade motora e intelectual da M. para usar o manipulo do trinco da porta do WC para a fechar e limitar-se ao fecho por empurrão. Com uma parede de pladour a separar as duas divisoes - o meu quarto e o WC, tendo ela dormido na minha cama e se queixado do mesmo e ate queixar-se que outros batiam aquela porta ja estando ela a viver dentro do quarto mais distante- considero uma falta de consideração fazer aos outros o que nao se gosta que se faça a ti.

Desrepeitoso mesmo.

Mas ainda suspeito que ela nao consegue ter essa percepção de si mesma e se acha realmente diferente.

Contudo, todos os defeitos que a ouvi apontar a outros, reconheco-os nas suas acções diárias.

Hoje fico por aqui.

Estou em.paz. Sinto-me tranquila, serena e acho que ninguem com o seu mau humor ou atitudes vai conseguir tirar isso de mim. Estou a terminar de escrever este texto sentada n saco plastico que coloquei no chao do jardim/mato que fica nas traseiras da casa. Escuto os passarinhos a cantar, sinto a brisa a tocar o meu rosto, oico o vento a passar pelas folhas das arvores. Nao podia ser melhor.

Agora vou recolher-me.

Feliz sexta feira santa a todos.

 

   é o ambiente da casa. E como tal, não consigo  com.origem no ambiente ppdre