quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Um documentário recente


Estou neste momento a ver um documentário muito especial: Unarmed Black Man. (BBC)
Relata a «guerra» racial nos EUA actualmente, entre policiais e as famílias de vítimas que calhem ser negras. 

Mãe a segurar retrato do filho morto. Atenção ao detalhe não inocente
muito comum neste tipo de situação: mostram sempre uma foto de quando mais jovem.
O rapaz não tinham 8 anos, como na foto, não era uma criança mas um adulto de 18, à altura dos acontecimentos

Willian Chapman - foi o homem de 18 anos que acabou morto pelas mãos de um polícia de nome Steve Rankin. Desarmado, num parque de estacionamento do Walmark, um centro comercial, em Portsmouth, Virgina, EUA. O rapaz, negro, foi morto com dois tiros. A questão é que, pela cor da sua pele, é armado um grande circo. Juntam-se multidões, fazem-se T-Shirts, cânticos, etc...  

"Queremos Justiça. Já!" - gritam.

A justiça que clamam nitidamente só será considerada como tal se tudo terminar como exigem. 

É Santo -  dizem os que falam da parte da família e de raça.
Um rapaz deliquente violento com um anterior registo criminal juvenil - diz a acusação.


Steven Rankin - o policia que disparou os tiros, aparece a testemunhar neste documentário. Assim como a sua ex esposa e a actual mulher. A mãe do rapaz morto também aparece. Assim como a mãe de um outro rapaz, também morto, pelo mesmo polícia, 5 anos antes. 

E é isto que faz um BOM DOCUMENTÁRIO. Tem de se escutar ambos os lados. O documentário mostra partes do julgamento, realizado este mesmo ano. Existem testemunhas que relatam que o rapaz não ofereceu confronto, e outras que dizem que sim. Existe uma gravação em video em que o rapaz fala com o polícia de forma provocadora. 
-"Não vais usar o taser porque eu não fiz nada" - diz.
-"Tire as mãos dos bolsos" - diz o polícia.
-"Não vais usar o taser porque não fiz nada" - repete, provocativo.

O policial diz que o indivíduo fica violento e num movimento faz-lhe saltar o taser (arma que dispara uma corrente eletrica e imobiliza a vítima) da mão para o asfalto, o que o fez alcançar a arma e disparar. O vídeo não mostra esses 15 segundos. De acordo com os especialistas, ao cair ao chão, o taser desactivou-se. Pelos vistos a camara estava nele... 


O documentário recua 4 anos e revela que o mesmo policial já havia disparado para matar um outro indivíduo. Desta vez um rapaz, também desarmado, só que, de pele branca. De nome Kirill, originário do Cazaquistão. Nenhumas acusações foram tomadas na altura. O policia disparou 12 tiros contra Kirill que se encontrava bêbado, desarmado e estava a bater à porta de um edifício com intenções de entrar. Quem chamou a polícia foi uma sua amiga, dizendo que um indivíduo estava aos pontapés na porta.

O ex-comandante do policial diz claramente que ele é o tipo errado de polícia. Conta que o denunciou por exagero de violência e julgou que o iam demitir. A ex-mulher também afirma com todas as letras que ele é um tipo de homem que gosta de disparar. Já a actual mulher diz que é muito difícil, as pessoas o julgam sem o conhecer, refere que sofreu de imediato ameaças de morte e que no momento que a América atravessa, é muito perigoso ser-se polícia. 



Até entrevistaram os Júris... que são sinceros na forma como encararam os factos. Uns dizem que não foi uma questão racial. Outros dizem que sim. Um dos juris diz que podia ser um irmão ou um primo dele... certamente não se está a referir ao facto de serem da mesma localidade, mas na cor da pele. Logo, para ele, a morte do rapaz é uma questão de racismo. Ainda que a anterior vítima mortal do polícia tenha sido um jovem branco do cazaquistão, morto com 12 tiros, o que claramente contradiz a versão de "polícia racista".  

Em Porthsmouth, 54% da população é negra, 42% branca. Se quem dispara não é negro e quem recebe a bala é, grita-se racismo. Mas será mesmo isso que acontece? Reparem só nos números... 



Yelena, a mãe desse anterior rapaz morto também foi chamada, do Cazaquistão para os EUA, para estar presente no julgamento e fazer parte do circo mediático. A mãe de William dá-lhe a mão diante das câmaras, passa-lhe o braço pelas costas, não entende uma palavra do que esta diz mas vai logo concordando com a cabeça, dizendo que vão condenar o polícia e que a justiça será feita... Mais uma vez, mencionam justiça sem que esta pareça comportar como definição um resultado que não seja o por eles desejado. 

3 de Agosto de 2016: O jurí está reunido para dar o veredicto. Por unanimidade, o júri considerou o policia não culpado de assassinado de 1º e 2º grau mas culpado de homicídio voluntário. 

No WC do tribunal a familia do rapaz que começou a dizer ao policia que este não podia usar o taser e não removeu as mãos dos bolsos, canta de alegria. O policial condenado diz que vai tentar encarar tudo com profissionalismo. Os media continuam a seguir a família da vítima como se fossem superstars. A defesa argumenta que não foi possível apresentar o passado violento da vítima e que isso era essencial para mostrar que ele foi um indivíduo violento e mau. Diz um elemento do júri, uma mulher branca: Ele devia ter tirado as mãos dos bolsos quando solicitado e ele não devia ter reagido. Ele escreveu o seu próprio final

Outro júri, negro, diz que o juiz (negro) fez bem em manter-se com o essencial. Que tudo o resto não é importante.  

A mãe do jovem do cazaquistão está feliz com a condenação, faz as malas e parte para a sua vidinha, agora que já não é necessária. 

11 de Outubro: um dia antes da sentença. 
O policial ainda pode ser sentenciado a liberdade condicional. A expectativa é grande, para o policial e para a esposa. 

"Todos que tiram a vida de alguém merecem castigo. Tenho muita raiva e tenho direito a ela" - diz a mãe de William para as câmaras de TV. Sobressai nela e na sua comitiva um excesso de vaidade com a aparência. Surge toda emperiquitada, produzida em excesso em todos os níveis: cabelo, ornamentos no pescoço, uma espécie de teara nos cabelos, brincos gigantes, colar grande, saia minúscula...  


O juiz condena-o a 2 anos e meio de prisão efectiva. A esposa fica parada no banco, arrasada, chorosa, mas sempre com vestimentas simples. Cá fora a família de William e demais celebram a condenação do policia, efusivamente. Na sua casa, ainda toda emperiquitada, a mãe de William deseja que Steven passe muito mal na prisão, que seja atacado e sente-se feliz com a perspectiva deste se sentir miserável. Justiça - aparentemente. Na sua casa, a esposa de Steven mostra a bandeira policial, fala de como está triste.

Tudo terminou. Não. A família entra com um processo e vai receber uma indemnização de 1 milhão de dólares, embora desejasse mais. 

Ah, o vil dinheiro!!
Parece que existe sempre um preço a pagar... em moeda corrente.

Será que é por isso que aparecem tantos familiares, tanta gente, tantos amigos a dar «apoio»?? Estão sempre à espreita de algum dinheirinho fácil??

2 comentários:

  1. Essa questão racial é das que não tem uma resposta única, inequívoca.
    Há argumentos dos dois lados que têm de ser ouvidos antes de se formular qualquer juízo precipitado.

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    1. Questão de abuso de poder, nisso acredito com mais facilidade do que na questão racial. Que possa existir preconceito, até acredito. Mas que este seja só branco para com negro, acho inadmissível. E também acho escandaloso o imenso proveito e o circo que muitos amigos e familiares das «vítimas» montam à pala do morto.

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