terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Sossego, tranquilidade e filhos


Não tenho filhos.
Não por não os ter desejado mas por não ter tido oportunidade. Não por ter ficado eternamente à espera de um "príncipe encantado", porque não fiquei. Esperei, somente, uma coisa que é essencial a todos nós e até hoje não a tenho.

Hoje acordo todos os dias muito cedo porque os putos já estão de pé a fazer barulho. Não durmo durante a noite porque um acorda com pesadelos e chora ou chama pela mãe. Quando penso que vou ter sossego, isto já quase às 23h da noite, os putos começam a gritar e a correr pela casa inteira, deixando cair coisas ao chão e fazendo a festa. E quando estão no banho? Que algazarra!

Então, esperem aí... Como pode ser isto possível? Sem filhos e com todas estas coisas a acontecerem? "São os filhos do companheiro" - pensam vocês.

Não. Não são.
São os filhos da vizinhança.

Leram bem. Da vizinhança. Tenho olheiras, ando cansada, acordo cedo demais, quando não queria acordar, não descanso quando queria descansar. É terrível. Preferia ter tido filhos. Sempre os desejei, apenas não os tive. Preferia e teria sido mais justo. Porque além de ter ficado para "tia" - o que, na prática significa ter de cuidar dos filhos dos outros muitas e muitas vezes, também sou privada do descanso por causa dos filhos dos vizinhos!

Pelas minhas mãos já «passaram» três crianças, de quem cuidei ou tomei conta. Agora "sofro" as privações do sono com origem nos comportamentos e hábitos de outras cinco. Se tivesse tido um filho tudo isto teria sido diferente. Teria sido menos laboroso e cansativo também! Em princípio, só teria cuidado de UM e passado por isto porque assim o desejei, não porque não tive escolha!!!

Acreditem, não vão querer conhecer o meu rosto com estas olheiras que tenho...


6 comentários:

  1. Til tem 3 filhos:)
    Til dorme muito bem mas anda sempre com olheiras,é genético!
    Aconselho-te a mudar de casa mas se calhar é coisa para dar muito trabalho*

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Uma pessoa só sente o quanto está afetada quando se afasta e sente a diferença da alternativa! Digo-o porque vivo a sentir que preciso de sossego. E ficar acordada durante a noite já não resulta, porque infelizmente muitos outros tiveram a mesma ideia e por vezes escuto-os em cada passo que dão, a cada arrastar de móveis ou pelo som da TV que têm acesa.

      Noutro dia fui dormir a um hotel. Aí encontrei o silêncio que há muito tempo perdi, Descobri que me faz muita falta. À cabeça. Mas o silêncio e a solidão são duas coisas diferentes e se para ter o silêncio tem de se ser solitário, o preço é alto.

      Eliminar
  2. A minha mais nova era um diabo a chorar em pequena, ainda tinha vizinhos nessa altura e pedi compreensão, não podia ir para além disso. Ela chorava, mas eu e a mãe tínhamos noção de que nós a trouxemos ao mundo.
    As crianças são assim... e não se vislumbra solução para evitar o barulho de uma criança, todo o processo é intrínseco à mesma.

    Não tens culpa ? Não. Mas se não existirem as crianças - não existem as pessoas.
    Calma.
    Os teus vizinhos crescem. :)))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olha quem está cá de volta! Bem vindo.
      Eu entendo tudo isso e como tal afirmo que preferia tê-los tido. Assim, mais que não fosse, os "gritos" dos meus abafariam os dos outros.

      O problema do argumento "os putos crescem" é que espero há 7 anos por essa tranquilidade que supostamente surge quando já ficam maiores.

      Hoje estava a ler a descrição que um senhor mais velho, no seu blogue, fazia do ambiente de um macDonalds. Às tantas, ele refere-se aos miúdos barulhentos e irrequietos, com ironia por ser considerado banal. E percebo que no tempo dele, os miudos eram educados a ficar mais sossegados. Principalmente em locais públicos ou perante outras pessoas. Por isso não é só uma questão de serem crianças a ser crianças. Existe um factor relacionado com a educação que também explica alguns comportamentos.

      Dou-te o meu exemplo: sempre fui educada a não fazer barulho, principalmente após uma hora, por causa dos vizinhos. Ai de mim se de noite deixasse cair algo ao chão, por exemplo.

      Agora não só deixam cair, como atiram umas 500 vezes. O pai até joga à bola com o filho dentro de casa. E todos gritam, de noite, e comemoram os golos.

      São outros tempos, é verdade. Mas é tudo muito injusto. Depois o tempo passa e eu, que também "aturei" muita criançada, fico só pelo aspecto envelhecido das horas que ficaram por dormir e não recebo a visita de nenhum puto já "crescido" porque esse privilégio fica reservado aos pais. Mais valia ter tido um quando era bem nova e me apetecia. LOL ;)

      Eliminar
    2. Ahhhh sim, os barulhos em minha casa são principalmente de choro de bebe, os outros são controlados e agora nem vizinhos já tenho.
      Quanto à educação na rua, ambas são celestiais, porque sabem os limites e a linhas que não podem passar.
      Mas em bebés, as duas foram fogo, principalmente a 1a em que não havia nenhuma solução...

      Mas volto a reiterar que as crianças necessitam de libertar energias, com o inerente condicionamento da educação dos pais.
      E pronto, espero ter feito passar em palavras a imagem complicada que é fase de bebes. :))
      Bjinhos

      Eliminar
    3. Sim Bocagiano, já cuidei de dois bebés. Bebés a chorar é diferente. Este do vizinho deve ter quase 3 anos. Quando o oiço chorar/chamar sem parar irrita-me. Principalmente porque os pais ignoram durante os primeiros 10 minutos qualquer chamamento ou choro, seja de noite durante o sono ou de dia, acordado.

      Mas quando o vejo é a coisa mais fofa e inocente do mundo. Um ser minúsculo que custa a acreditar que consegue ser tão barulhento :D As crianças são lindas. Mas os adultos vivem vidas diferentes e, por vezes, existe uma certa incompatibilidade, derivado ao cansaço, preocupações e ao stress com que nós vivemos que precisa ser ajustada. Mas nada nos faz melhor do que conviver com esse universo simples e verdadeiro.

      Eliminar

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!