sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Eu sou uma avozinha (tecnologia)


Na minha juventude começaram a surgir jogos eletrónicos portáteis, como o tétris. Os computadores spectrum surgiram com o pacMan, o chuckie egg e outros. Apareceram os diskman. Os telefones portáteis e de discar táctil. As televisões equipadas com um objecto estranhíssimo e para alguns desnecessário: um controlo remoto. Os computadores com disquetes A. O MSDos que tinha de ser introduzido nos mesmos a cada utilização. O Windows 3.0 e os computadores com 365 megas de memória... (ou muito menos). E enfim... vocês entendem.

Na juventude de agora existem outras coisas, porque a tecnologia não deixa de progredir. Existem os smartphones, os ecrans tácteis. E vou ficar por aqui. Exatamente para exemplificar uma coisa:

Aquando a minha juventude, os mais velhos viam-se "atrapalhados" em manusear estes aparelhos "avançados". Até o último dia da sua vida, a minha avó ainda não se entendia muito bem com o controlo remoto da televisão. Tinha mais de 20 canais, mas o telecomando só ia até nove... E por mais que lhe ensinasse que podia alcançar os mais "para a frente" carregando de seguida em dois números ou muito mais simplesmente avançado canal a canal no botão de mudança de canais, ela continua a gostar apenas de carregar no 1, 2, 3 ou 4.

Acho que eu sou agora esse "mais velho". Calha a todos, vai calhar a ti também (para os fedelhos de 20 eheheh). Mas sinto uma diferença muito grande que me entristece entre esta geração e a anterior - algo que lhes falta e que a mim não faltou. O GOSTO POR ENSINAR.

O gosto por transmitir o saber. Os mais novos sabem quase instintivamente como funcionar com os ecrans tácteis dos TM. E porquê? Porque é algo que se transmite uns aos outros no convívio. Aprendem sem saber que estão a aprender. Mas quando chegarem a uma idade em que terão de aprender sem ter como conviver com pessoas da mesma idade que já o saibam, isso vai mudar. Hoje em dia a juventude, no máximo, diz-te para repetires um gesto e depois vira a cara para o lado e continua a conversar mexericos. São muito interativos: usam, para comunicar, o tweeter, o sms, o facebook. Mas é só entre eles. "É o clube do bolinha" mas neste caso, os excluídos não se caracterizam pelo género, mas pela idade.

A juventude de hoje descrimina - e muito - os restantes. E é pela idade ou a aparência dela. A menos que uma pessoa mais velha seja considerada "fixe", ela perde o interesse e pode até receber desconsideração e ofensas por parte de uma certa juventude. A forma como fazem referência aos mais velhos pode muitas vezes ser desrespeitosa - é próprio da educação dessa geração. Canso-me de os escutar (aos de 20) a fazerem referência a pessoas com mais idade, com quem têm de lidar para daí retirar benefícios - como "o velho". E dizem coisas horríveis, como desejar a morte a alguém, em tom de "brincadeira". É uma característica da geração - é o que tenho observado.

Não sou ingénua para dizer que os meus bisavós não poderiam dizer o mesmo de mim. Pois claro que podiam. A primeira coisa que apontariam como diferente na educação é a forma como nos dirigimos aos pais e a todos os mais velhos em geral. Não se discutia com os pais no tempo deles. E pedia-se a benção. Para eles, as "liberdades" que a minha geração recebeu podiam roçar a falta de educação.

Mas se voltassem à vida e percebessem o que anda por aí agora, so não cometeriam arakiri porque eram rigorosamente crentes de que isso só a Deus pertence. Mas o desejariam a cada respirar.

A juventude de hoje não fica ali a explicar, bem explicado, como algo funciona. O seu espaço de paciência é reduzido a quase nada. A sua capacidade para se revoltarem também é obtida por quase nada.


2 comentários:

  1. Tens muita muita razão. Os tempos mudaram a educação mudou, as pessoas mudaram. Em muitos aspectos para pior. As amizades, a tolerancia, o respeito, os valores em muitos casos são bem piores., não se respeita os pais, os professores os "velhos". quanto á tecnilogia, olha a minha filha é que me ensinou a mexer no tel, novo, a ela ninguem ensinou aprendeu sozinha.. por isso mais uma vez tens razão.
    Bom fim de semana

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    1. Eu já nem digo nada sobre a amizade, a vontade de se ser amigo de toda a gente a menos que se "prove o contrário", ou seja: que a pessoa seja impossível de simpatizar, por darem constantes provas disso. Até relevaria a ausência dessa postura na juventude.

      Mas é a falta de tolerância e o facilitismo com que se atacam as pessoas e se fazem juizos de valor que me desilude. Andamos a criar crianças para virarem adultos equilibrados e alguns, infelizmente parecem ser em maioria, não são tolerantes e sim maldizentes.

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