domingo, 24 de janeiro de 2010

A Vida em Décadas

Todos nós concordamos que, se soubessemos o que sabemos hoje há 10 anos atrás, algumas coisas teriam sido feitas de forma diferente.
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Quando estava na casa dos vinte, estudava, sentia muita energia, tinha muita vontade, muitas ideias (boas), batia a muitas portas (não as que devia ter batido), enfim... aceitei fazer estágios, trabalhando de graça, porque gostava de trabalhar, sentia prazer e a falta de remuneração era condição que aceitava. Não é que fosse ingénua, mas tinha ingenuidade. Toda eu era crença e esperança, o que faz uma pessoa permitir-se ser usada e desperdiçar assim, a sua juventude. Pela altura do último estágio não-remunerado, já sabia que se tratava de um passo prejudicial - alimentaria a "máquina" do trabalho grátis, que não levaria a continuidade alguma. Mas sentia vontade e muita energia para lhe dedicar e fui para a frente.
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Hoje tenho mais dez anos. Afirmo já que, os mais jovens de agora não são tão abstraídos da importância do poder do dinheiro mas, no idealismo típico da idade, ainda se tem muita esperança. E, de estágio em estágio, o tempo passa e não estamos já na casa dos 20... Quando tinha 24 anos, achei que estava no limite. Que tinha a idade como obstáculo para trabalhar na área que gostava. Já era "velha". 24 anos!! Vejam só, o quanto eu própria estava a sabotar as minhas oportunidades, perpectuando um tal pensamento, que a própria sociedade projectava para mim. Em certas áreas, passar dos 20 e ser mulher, é ser velho. Agora, com 34 anos, já me considero "velha" para certos trabalhos e dou por mim a perceber que, se tivesse 24, as coisas seriam diferentes... Mas então, porquê já me "assassinava" aos 24? Qual a lógica num pensamento destes? Se me considero "velha" aos 34? Tão próxima dos 40? Não... Mas quem me dera ter esta segurança aos 24...

Para quem nunca deu importância à idade, acabei por cair em armadilhas. Não dar importância à idade, também faz com que o tempo passe e não saibamos aproveitar as oportunidades que, supostamente, essa fase da vida deve trazer.

A vida é um exercício de sobrevivência. Claro que, se soubessemos o que sabemos hoje... algumas coisas teriam sido vividas de forma diferente. Então, o melhor é ter esta ideia presente já. Porque daqui a 10 anos vamos repetir esta constatação. "Se há 10 anos atrás soubesse o que sei hoje...". O melhor é projectar a vida 10 anos para a frente e lutar para não ter arrependimentos quando o tempo passar e olharmos para trás. Para sobreviver, podemos ser pisados sem nunca pisar ninguém. São raras as pessoas que assim vivem, mas não tão raro quanto se pensa. Quanto a mim, são as mais fortes, as mais admiráveis, as mais resistentes! Uma pessoa que passe por todas as fases da vida, a adolescência (14-21), a juventude (22-29), o jovem adulto (30-39), o adulto (40-49), o adulto maturo (50-59), o adulto envelhecido (60-69), o idoso (70-79), o muito idoso (80-89), o mais idoso ainda (90-100) e consegue nunca pisar ninguém, consegue um feito! Em termos espirituais, evolui e progride. Quem precisa de maltratar os outros, usá-los, explorá-los, roubá-los, criticá-los, difamá-los, não aprende nada na vida!

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