sábado, 28 de fevereiro de 2009

Formação Superior e a síndrome Sócrates

O xenofobismo é definido como um mal da sociedade.
O racismo é visto como um mal da sociedade.


Estou a particularizar uma coisa só: a discriminação.

Mas existem outras formas de discriminar alguém, embora, volta e meia, se tente resumir o mal maior que é a discriminação, por apenas estas duas redutoras vias: racismo e xenofobismo. O que pode erradamente levar a maioria a pensar que não sofre do defeito de carácter que é a discriminação, por não se achar xenófobo ou racista.


Acontece que o acto de discriminar age num vasto universo. Não se define redutoramente em xenofobia e racismo. Antes fosse tão simples assim de identificar. A discriminação é como um cancro, ramifica-se por todas as áreas, espalha-se em todas as direcções, existe e progride, sem necessariamente dar a conhecer a sua presença. Até ser tarde demais.



Mas hoje apetece-me falar de um tipo de discriminação em particular, que é tal e qual o cancro que não dá a conhecer a sua presença. É uma forma de discriminação súbtil. Começa com a plantação de uma semente (má língua), depois dá-se a propagação pela acção do vento (os Media) e pronto: o mal já fez os seus estragos.




Falo da formação superior. Refiro-me às muitas e muitas pessoas que estudaram até completar o Nível Superior de Educação e que hoje, são discriminadas por se ter plantado na Sociedade Portuguesa, o cancro que diz que hoje em dia não se ensina nada nas Universidades, que hoje em dia, os alunos saiem das escolas sem saber nada, por se ter espalhado a ideia de que o aluno do ensino superior é burro e quase analfabeto, por se ter facilitado tanto o ingresso ao ensino superior privado, que qualquer um sem as necessárias aptidões, consegue o dito canudo.




Por estas e outras ideias gradualmente implantadas no consciente das massas, hoje verifica-se uma discriminação brutal para com o indivíduo que decidiu investir no seu futuro desta maneira. O seu "valor" no mercado desceu brutalmente. É quase menor, se é que não é mesmo menor, que o de indivíduos não qualificados. Afinal, se hoje em dia «não se ensina nas universidades e os alunos são burros*», o que levaria as empresas a contratar estas inexperientes pessoas?



Existe também uma grande abertura por parte da sociedade, uma grande simpatia para com pessoas cujas qualificações são mais um acto de ficção do que de realidade. Ou seja: quem sabe fingir ter mais capacidades do que as que tem, safa-se muito bem.



E é por isso, meus queridos portugueses, que a nossa sociedade e o nosso país corre grandes riscos de não ir a lado algum, a não ser para um buraco fundo.



Analizemos então os factos: temos um banqueiro na prisão. Temos dirigentes desportivos de futebol, na prisão. Temos directores de grandes empresas que, não estando na prisão, ocupam cargos de grande responsabilidade, tal como o banqueiro ou o dirigente desportivo. Porém, qual a percentagem destas pessoas é que realmente recebeu uma formação superior sólida? Ou seja: quem nos governa, tem os seus alicerces presos onde? Na lama, ou em solo resistente?



O primeiro ministro Sócrates quer dar a todo o país um canudo. Sabem para quê? Porque se todos tiverem um, são todos iguais. Não sobressaiem os indivíduos com capacidades extraordinárias, de quem o país precisa. Porque assim, continuamos na mesma. Porque assim, pessoas como ele se misturam entre a multidão e tal como acontece com os camaleões, torna-se difícil de avistar e é imposível separar o feijão bom do feijão com bixo.


Quando o indivíduo sem qualificações e motivações adequadas chega ao papel de professor, então o sistema está currompido.

E os verdadeiramente prejudicados, são aqueles com potêncial, honestidade, vocação. Os que não fazem batota a exames, não têm uma ambição desmesurada, não dão graxa ao professor nem procuram status de aluno de formação superior. Apenas querem fazer bem e da melhor forma aquilo para o que sempre se sentiram vocacionados. Mas não podem. Sabem porquê? Porque estão em minoria. São uma grande minoria. Uma gigantesca minoria. Quem está no poder são sempre os mesmos. Os ambientes, as empresas, as estruturas não se alteraram. As bases não têm bons alicerces. É por isso natural que um dia desmoronem. Só não caiem de vez porque sobrevivem da manutenção, do trabalho e do suor de muitos indivíduos que, não ocupando a posição de líderes, conduzem o barco a porto seguro. Mesmo quando outros o atiram para as rochas.




* ideias propagadas pelos diversos média: televisão, rádio, imprensa, etc...

1 comentário:

  1. Fiquei lixada ao ler isso. É que quero tanto ingressar no ensino superior...

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