Tirei-o da prateleira por impulso, entusiasmada com as "review" na capa: Cativante (Sunday Times), "Hipnótico" (Elle), "Perturbador mas refrescante" (Stylist). Tem reviews até no interior da capa, na contra-capa e as primeiras quatro páginas são também reservadas aos "elogios" à autora, que é "licenciada em Harvard e antiga editora de livros" - diz no interior da contra-capa, o único espaço livre desse tipo de auto promoção.
Serviu-me de lição.
Já tinha concluído que livros que imprimem na própria obra as reviews dão as piores leituras.
Girls on Fire, de Robin Wasserman fala da vida de miúdas adolescentes numa localidade americana algures no meio do nada. A linguagem é maçante, são páginas e páginas de história que não sai dali, só enrola de um lado para o outro. É como assistir a um jogo de ténis, em que a bola passa da esquerda para a direita, depois da direita para a esquerda e nada mais. "Fos-te tu, Não fos-te tu.". É uma leitura que se faz bem se se saltar a maior parte dos capítulos.
Experimentei saltar linhas e dei conta que as frases começavam sempre com a mesma expressão e isso é frequente pelo livro inteiro "uma menina bem comportada..." "uma menina bem comportada"... "Uma menina bem comportada"... Entendo que se quer dar ênfase a uma ideia mas percebe-se à primeira, não é preciso repetir.
A história não me atraiu. Mas li até ao fim. Acho que lhe falta densidade, as personagens são pouco desenvolvidas e insuficientes. Está previsivelmente cheio de linguagem sexual, com enfadonhas descrições detalhadas de actos sexuais. Perversidade e linguagem vulgar brotam a rodos. Adolescentes com juízos de valor a torto e a direito, a detestar os pais e pais passivos que não sabem nada da vida dos filhos. Ninguém gosta de ninguém, ninguém é feliz, todos são falsos uns com os outros e todos se portam mal.