quarta-feira, 29 de novembro de 2023

550: O número da discórdia

 
Sinto-me incomodada. 

Em Setembro do ano passado, subiram-nos a renda pelos quartos. Bastante, no meu caso. Foi uma subida de 125 libras. Mas em Janeiro, voltaram a subir. Ao todo, pago 200 libras a mais do que pagava antes. 

Está certo que a renda que pagava - 300 libras, referia-se a uma altura em que a Pandemia afugentou as pessoas quase todas e era difícil para os senhorios arrendar as casas. Muitos tiveram de descer os preços para não perder os inquilinos. Acabei por, na altura, me mudar para uma destas casas - embora também possa dizer que, há três anos, um "boxing room" ou seja, um quarto pequeno com cama de solteiro, custava por volta de 300 a 380 libras. Portanto, estava barato, mas não muito. 

Os meus colegas de casa, por quartos com o dobro e triplo do espaço do meu, pagavam 400 libras. Portanto, sempre existiu uma diferença de 100 libras por quartos. Há dois anos entrou um rapaz que passou a pagar 450. E depois um outro, que passou a pagar 500. A cada entrada, subiam 50 libras. O que é muito normal. 

Mas depois que levantaram a pandemia e "acabou" o Covid, foi o que se sabe: subida de preços por todo o lado. Agora sinto uma enorme dificuldade em poupar dinheiro. Coisa que antes conseguia fazer. Os meses passam e o valor na conta permanece estagnado. Não sobe. 

O problema em relação à renda que pago é que desconfio que todos os outros estão a pagar 550. Pelo menos é esse o valor que me estão a indicar. E isso revolta-me!! Muito. Mas muito mesmo. 

Não é decente, não é justo, não é correto - sobrecarregar tanto um indivíduo com uma subida de quase 100% enquanto a subida para os outros é uma "Migalha". Não é justo! Não é decente. Está a enervar-me. 

Estou a pensar pedir conselho jurídico. Já o tinha feito durante o primeiro aumento, há um ano. Porque lembrava perfeitamente que o contrato que assinamos de arrendamento estipulava que não podia existir um aumento de mais de 20 euros por cada seis meses. E subiram logo 125! E isto porque eu regatei - queriam que pagasse mais. Lembrei-os que devia ser um erro e estavam a confundir o meu quarto com o da M. porque me pediam exatamente o mesmo valor. 

E agora descubro - ou desconfio - que a diferença é apenas de 50 libras?? Umas míseras 50 libras???? 

Como haveria esta gente de sair desta casa, se os preços praticados continuam tão baixos para eles? Que raiva me dá! Eu fui sempre tão atenciosa com as pessoas da agência. Procurando ajudar, sendo prestativa. Cuido da casa como se fosse minha - melhor ainda do que se fosse minha. Porque sendo minha um problemita ou outro se calhar remediava de outra forma ou deixava andar, mas não sendo, tenho mais cuidado. Eles sabem da porcaria que vivi aqui dentro com a M. que, me disseram, querem expulsar daqui. Se isso fosse verdade realmente, tivessem lhe subido a renda como subiram a minha! Tem o quarto maior da casa - o de parede a parede. Devia pagar três vezes mais que eu! Já que o quarto tem três vezes mais tamanho. E depois tem o usufruto das coisas. Eu quase não uso a casa e a M. usa, abusa, danifica, estraga. Não é a única, mas é a que se destaca a olhos vistos. 

Sinto-me enganada e levada por tola. 

Percebem a minha boa índole e dela tiram proveito. 
Decidem que vou pagar mais porque trabalho mais e os calões que não trabalham têm a vida facilitada e pagam menos. 

Esta vida é tão injusta com os bons. 
A sério... 

Quero virar vilã ou que baixe em mim alguém feroz, devoradora, arrasadora. 

É que não me agrada nada nada saber que me subiram a renda de 300 para 500 desde Janeiro deste ano, enquanto os outros tiveram uma subida de 50 libras... 

Só podem estar a gozar!


terça-feira, 21 de novembro de 2023

Ida aos supermercados abaster

 Fui ao supermercado buscar coisas mînimas. Trouxe iogurtes em promocao, 2 sopas em pacote em promoçao, dois saquitos de frutis secos de marca da casa por 1€ cada. E duas embalagens de gelado marca da casa, a 1 35 cada. 


Tudo barato. Mas ainda assim me surpreendeu lá deixar 15€. Dá que pensar se o melhor a fazer nao é comprar o pedaço de frango com batatas aos palitos, tudo frito, acabado de fazer, já que fixa por 2.49.

Mas uma pessoa nao deve viver de frango com batatas, muito menos fritas!

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

 Tanto criticismo existiu aqui no UK a respeito do uso de scooters elètricas que atè hoje, estas nao estão legalizadas e o seu uso é considerado crime.

E depois temos as bicicletas e motas de alta celindrada que fazem as entregas de comida - um autentico risco para os peões. Quem escolhe a bicicleta circula por todo o lado, passeios, ruas habitacionais pouco movimentadas, apeadeiros e nao usa avisos de que vai passar. Nâo têm luzes para se sinalizarem a aproximar por trás, não usam campaínha e tendem a não se desvirem de um percurso recto porque os cujos pesos de sacolas enfiadas nos volantes e às costas não facilitam essas manobras. 

Acabei de me desviar de uma bicicleta que vinha por detrás, parei, ela passou por mim pelo passeio, continuo rumo em frente, surge outra bicicleta que vem contra mim, cheia de sacolas de entrega de comida.

Não circulam maioritariamente pelas estradas ou passeios - procuram atalhos, que é aquilo que os peões fazem.

Cada vez está mais difícil ser peão. 

Agora em qualquer sítio pode-se ser atropelado.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

A TV a falar da aceitação de Predadores Sexuais em Sociedade e do olho cego para as violações

 
Na última semana vi doc/filmes extraordinários. 

Se tiverem hipótese, vejam. São eles: 

Look Away (2022) / TVCine Top

Secrets of Playboy (2021) /AMC Crime

Jimmy Savile - o predador (202??) / AMC Crime - link na íntegra no youtube aqui


Perguntei sobre o Big Brother no meu post anterior para fazer uma analogia com o que vou contar a seguir.  


PLAYBOY

A revista americana que teve a Marilyn Monroe na capa do primeiro número, surgiu pelas mãos de Hugh Efner, supostamente para celebrar a liberdade das mulheres, o direito de exporem os seus corpos e não serem julgadas como prostitutas. 

O documentário que vi abriu-me os olhos - como só uns olhos maturos conseguem olhar. De revista "para homens" a Playboy virou uma marca que elegia a "playmate do ano" e, por décadas, Efner ficou conhecido por estar sempre rodeado de jovens mulheres, muitas viviam na famosa mansão com ele - mansão essa que recebia amiúde muitas celebridades, para se divertirem por lá, em especial num local chamado "A Gruta". Recordo de ler que um dos frequentadores mais comuns era o ator Leonardo Di Caprio - ainda quando era mais novo mas já pouco atraente. 

Este documentário abriu-me os olhos. As nossas avós tinham razão, os conservadores que viam com maus olhos o corpo de uma mulher ser exposto assim - tinham razão. O único objectivo do sr. Efner foi arranjar uma forma de poder USAR e USUFRUIR de jovens mulheres sexualmente. Ele e os amigos dele. E as playmates - não eram mulheres independentes que podiam fazer as suas escolhas e pensar pela própria cabeça. A PLAYBOY foi UM CULTO!!!

Quem contribuí para o documentário são pessoas que viveram nesse círculo fechado. A sua ex-namorada de então 17 anos e ele com 50, uma empresária e o seu mordomo pessoal. Três das figuras que mais tiveram para contar. Hefner era um chulo. Aproveitou-se de todas as mulheres, sem excepção. Violou-as e usou-as. TODAS. Ele e os amigos - tal como o Bill Cosby, "ator" negro que se encontra na prisão por ser um violador em série. Drogavam estas jovens - muitas menores de idade, com 16 ou 17 anos, violavam-nas ou sodomizavam-nas. O consentimento, o prazer, só contava o deles. Elas sentiam dor, muita dor!

E mesmo assim, ninguém contava nada... Mentalidade de culto. Medo. 

A ex-namorada descreve como o viu a praticar bestialidade. Aquelas mulheres eram atraídas pelo dinheiro, enganadas com as promessas de liberdade, e não tiveram escolha. Muitas cairam na má vida, ao serem apresentadas a drogas e a ser co-agidas a cometer actos obscenos ou que não tinham vontade.  As playmates eram intimadas a aparecer na mansão da Playboy, em dias de festa com celebridades, para serem usufruídas a belo prazer. Efner filmava tudo o que acontecia e guardava as cassetes numa sala. Uma forma espetacular de ter uma celebridade nas mãos. E quantas destas jovens não terão sido assassinadas? Uma história em particular comoveu-me. Veio da filha do braço direito de Hefner - com que ela garante que tinham uma relação intima. Existiam as mini-mansões, casas menores onde se continuava a perpetuar estes crimes sexuais. A jovem viu, uma vez, outra jovem a ir para o WC consumir droga e um homem ir atrás dela. Demoraram-se muito e ela acabou por ver a jovem estendida no chão, membros moles e sem reacção. Os seguranças pegaram e disseram que "agora é conosco, sabemos o que fazer".
Meses depois, um senhor de baixa estatura, cabisbaixo, bem educado, tocou à campaínha, mostrou-lhe a foto dessa jovem e perguntou: 

-"Viu a minha filha"?

Isso chocou-me imenso! Emocionou-me. Aquele pai à procura de uma filha que nunca mais viu. O que será que aconteceu? Que raio de impunidade é esta que uma jovem morre na casa de alguém, depois de ter sido drogada e provavelmente abusada, e deixam um pai em agonia, sem ter direito a um corpo, a uma explicação?

Podia contar muito mais - a série de sete ou oito episódios diz muito. Foi muito esclarecedora. Se antes não olhava para a figura com especial repulsa, hoje vejo um monstro. Cuspo-lhe na cara. 


A analogia que pretendia fazer com o Big Brother é que, as pessoas não percebem quando entram num culto. Todas aquelas playmates não perceberam. Mesmo depois de não terem consentido o abuso, estarem drogadas, muitas, pela jovem idade decerto mas também por todo um envolvimento psicológico, continuavam a sorrir e a defender Hefner, com todas as garras. 

Nisto ligo a TV para um Big Brother, para me distrair um pouco e vejo um monte de miúdas jovens a bajular um homem, a fazer tudo o que acham que o agrada, a terem comportamentos de bulling para com quem não foi "doutrinado". 

Choque.

Hug Hefner faleceu em 2017 e, a seu pedido, foi sepultado ao lado de Marilyn Monroe. Coitada da Marilyn! Violada e abusada mesmo depois da morte. Ela, que tinha aversão a homens como ele.  


Os restantes documentários também valem MUITO a pena. 

Jimmy Savile foi um predador sexual britânico a olhos vistos. A sociedade inteira sabia o que ele fazia a meninas e meninos jovens. Mas não se falava muito. Quem falasse, era mal visto. Os depoimentos de algumas das suas vítimas apoiam-se em imagens do "artista" e com o que se sabe hoje, a forma como ele se comporta frente às cameras, o que diz e como age transborda litros de indecência por parte do fulano. Mais um monstro que viveu demasiado tempo, até os 86 anos. Todos eles cheios de crimes, estupros, abusos. 

Numa das imagens surge ele sentado entre o público a falar ao microfone, a olhar diretamente para a camera. Ao lado dele, uma jovem salta e desvia-se de algo que a está a tocar. Era a mão dele, que ele enfiou dentro dela e estava a apalpá-la nas partes íntimas. Um nojo! Mas na camera, todos riem, ela ri... porque só pode ser brincadeira, certo?

Hoje espero que uma mulher pregue logo um estalo na cara de homens assim! E chame a polícia.


Uma parte que me disse alguma coisa é que ele era muito amigo de Charles - o agora coroado "Rei" de Inglaterra. A pesar de só pessoas com convinte poderem entrar no palácio real, Savile aparecia e sempre persuadia os seguranças a deixá-lo entrar. A princesa Diana recebia-o e achava-o estranho. Contou a uma pessoa que este pegava-lhe na mão, beijava-a e continuava a beijar pelo braço acima. O que deixa as mulheres a sentirem-se desconfortáveis. Mas cá está: interpreta-se como uma "brincadeira"... quando é tudo menos. 

É um comportamento de predador. Tudo começa por poder sair impune com "pequenos gestos". Ganha a confiança, ataca. E sabem o que todos os predadores fazem de seguida? Fingem que nada aconteceu. Nada grave. E então? Uma miúda jovem apareceu para conhecer uma celebridade, o que é que ela queria? Queria sexo! Claro. Agora arrependeu-se e está a espalhar mentiras...

E as mulheres, umas atrás das outras, calavam-se. Guardam para si como um segredo, uma mancha... não se pensa nisso. Finge-se que não aconteceu. Que se calhar, elas é que não estão a compreender bem as coisas. Se calhar não foi bem violação... Se calhar.

Pensam assim porque são quase todas jovens e quase todas vindas de uma situação familiar destruturada. Se não forem, já se sujeitaram a uma parte psicológica muito bem trabalhada para que elas se subjuguem e não se rebelem. 


Por último, vi agora o documentário sobre o que se passa nos bastidores do Rock in Roll. Os bastidores da música. Jovens de quem as celebridades tiram proveito, elas mesmas depois de rapidamente deixarem de ser novidade, sabem que podem deixar de ser convidadas a aparecer se não "recrutarem" mais jovens mulheres. "Sangue fresco". Foi assim que uma delas ficou a conhecer Steve Tyler - dos Aerosmith. Ele com 26, ela com 16. As ditas gruppies. Uma história que vale a pena ouvir ser contada pela boca da própria. Ao que saiba, Steve Tyler ainda gosta de "carne fresca" - com metade da idade das netas. É caso para deitar a língua de fora, em repulsa. 

Mas ele não foi o único. Ou não! Empresários, bateristas, músicos diversos, produtores... gente envolvida na indústria, muitos a cometer crimes e muitos outros a fechar os olhos. 

Este documentário conta com o depoimento de muitas mulheres, todas violadas sexualmente, geralmente previamente drogadas para não terem reação e com testemunhas a assistir - descrevendo a normalidade e a impunidade reinante. Como se "nada fosse". Mas as marcas, ainda que escondidas, carregam-nas para sempre. Traumas também. 

Como diz a última mulher, uma pioneira que abriu caminhos para bandas de rock no feminino e logo no dia de sucesso foi drogada e violada com gente a assistir, já se falou o suficiente sobre o assunto. Está na altura de se fazer algo.




quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Big Brother TVI 2023

 

Quem aqui segue ou remotamente está a par do que acontece no reality show BB 2023?


domingo, 5 de novembro de 2023

A falar ao telemóvel

 Ainda não são 8 da manhã de Domingo. Estou na paragem. Quase ninguém à volta. Porém tem uma rapariga que está a falar ao telemóvel. Um autocarro aproxima-se e ela entra. Nao sem antes consultar no telemóvel se pára onde quer. Respiro de alívio. Prefiro o silêncio, ainda mais a esta hora da manhã. Ela entra no autocarro e outras pessoas saem. Uma delas, uma rapariga, vem para o meu lado e começa a falar ao telemóvel. Sabem aquelas pessoas cuja espera em qualquer lugar passam-na a falar ao telemóvel e só se ouve o tagarelar, até parece que quem está do outro lado não tem voz ativa?

Pois são esse género. 

Fico sempre a me perguntar como é possível. A quem é que uma pessoa liga as 7 e meia de uma manhâ de Domingo. Quem é a pessoa que não se incomoda, que não tem mais nada para fazer?

sábado, 4 de novembro de 2023

Aqui vão umas imperfeições minhas: o que me irrita (cada vez mais)

 

Foi preciso ler um livro de mistério e homicídio faz apenas dois anos, para descobrir que sempre sofri de ansiedade social. Não sabia. Nem sabia que sofria, nem sabia que existia um termo para isso. Mas quando li a descrição fez-se luz. Referia-se, no livro, á pessoa mais "popular", mais dada, aquela que tinha fama de falar sem parar, e de ajudar todos. Fez-me perceber que cumprimentar as pessoas, sorrir, falar, etc - não elimina a ansiedade social. 

Que mais tenho para descobrir sobre a minha pessoa?
Sempre soube que sou mais tímida e introvertida que outra coisa. Mas talvez não dissessem isso de mim quem me conhece em situações sociais, pois falo com as pessoas e gosto de as conhecer. Quem me conhece desde sempre, deste criança, sabe que sou introvertida. Guardo tudo para dentro - principalmente o sofrimento. Porém, sinto-me intimidada antes de conhecer alguém e depois. Pode até mesmo causar estranheza. No dia seguinte, se tiver de passar por essa pessoa, sinto-o. 

Mas não é sobre esta condição que vim falar. É sobre uma outra. Para a qual ainda não tenho definição. Mas pelo que li na internet, em inglês denomina-se Sensoring Overloading. "Sobre-exposição sensorial" - será essa a tradução?


Há coisas que me irritam ligeiramente e delas tento fugir por instinto - sem disso dar conta. Vou dar exemplos de agora mesmo, quando fui a correr ao consultório médico. A certa altura no meu caminho cruza uma rapariga mais à frente, que vem a fumar. Eu corro para a ultrapassar. Não quero respirar o fumo dela. Incomoda-me o fumo dos cigarros. Incomoda-me mesmo. E como estou com o nariz bloqueado, a sensação de fadiga, não posso com cheiros fortes, que me enjoam ou desencadeiam tosse. 

No autocarro, quando saio do emprego às 7 da manhã, entra sempre um homem incorporado, que se senta ou atrás ou à frente do assento onde me sento. O cheiro a cigarro que emana das roupas dele é demais. Não aguento. É extraordinário como me incomoda. Sempre tive o hábito de prender a respiração perante odores desagradáveis. Pelo que respiro o menos possível. Tapo o nariz com o casaco... mas nada faz desaparecer aquele forte e desagradável cheiro. Quero muito sair para o ar livre, é só o que me apetece fazer. Mal posso esperar. É só uma paragem - o homem entra numa e eu saio na seguinte. Mas parece uma eternidade. Se calhar o senhor até é boa pessoa - mas quando o vejo entrar - acho que não consigo disfarçar uma cara de desgosto. 

É que, quando acabo o trabalho - quero muito silêncio, sossego e tranquilidade. Até mesmo no trabalho - na pausa - tenho o hábito de me isolar a um canto sem ruídos. É o que me apraz. Foi herculana as tentativas de encontrar tal local. Cada vez que me sentava num canto - vinha alguém e dizia que não podia estar ali. Ou aparecia gente a falar alto e a comer comida indiana, com um cheiro que não se pode de caril e outras especiarias. Outro odor que não entra bem comigo. Cheiros intensos a óleo, gordura, fritos... são naturais enquanto se cozinha. Mas depois de dias, ainda permanecerem... não posso. 

Sinto-me agredida pelos sentidos. Anseio por ar puro - mas sempre fui assim. Sempre gostei do ar, do vento, do cheiro da relva molhada, do cheiro a árvores, flores, maresia...  De sons, só mesmo os da natureza. 

Cada vez mais o som também incomoda. Sair da paragem do autocarro e caminhar até o emprego - é irritante durante o percurso pela estrada. Os carros estão sempre a passar e o ruído das rodas no asfalto é demais. Corto caminho por uma estrada menos conhecida e quase sempre caminho-a toda sem a presença de um único carro. Quando se dá excepções e, subitamente, passam dois, três, quatro.. estraga-me a experiência. Libertam os fumos de escape e é a primeira coisa que me entra pelos sentidos. Estragam tudo, é desagradável. O caminho é arborizado pelo lado esquerdo. Sem automóveis a passar, sente-se o aroma, aqui e ali, a oxigénio, a natureza. Passa uma viatura... e os meus pulmões estão a receber químicos em forma de fumo. Uma coisa que nunca gostei de ver são carros parados com o motor a funcionar. O ruído que fazem - principalmente quando estacionados numa via não movimentada - parece um atentado. Não suporto o ruído dos motores dos veículos. Alguns, que se escutam a léguas de distância, para mim são um acto criminoso. Os décibeis daquilo deviam ser proibidos e quem os conduz devia ser preso. 

Por vezes tapo os ouvidos por já não aguentar ruído. No emprego não tenho escolha. Trabalho perto de máquinas, há ruído por toda a parte. Mal nos conseguimos escutar uns aos outros. É talvez por isso ainda mais essencial para mim que vá descansar num local sem ruídos. Não gosto de ir para a cantina - está toda a gente na conversa, outros estão a ver programas no telemóvel com o som alto, outros ligam a TV... e eu, a única coisa que quero escutar é... nada. Quietude. Paz. 

Finalmente, durante a pandemia - encontrei o meu cantinho secreto. Vou para o último piso - agora abandonado, e sento-me no chão, no safe heaven (local seguro em caso de incêndio), mesmo ao lado de uma tomada. Ligo o telemóvel, que fica a carregar e tenho uma vista fantástica pela janela paronâmica - que nunca vejo porque é noite serrada. Mas de dia, vêm-se uns montes e as vacas a pastar. É este tipo de cenário que preciso depois de abandonar os Pi-piiii, oha,oha,oha, pocks, Zets, tacks, Íà, ìà, tock-tock, clash! - os sons no local de trabalho. 

Mas não é só isto... 

Não gosto de sair aos fins-de-semana, porque onde quer que vá, tudo está cheio de gente. Adoro trabalhar aos Domingos e se tiver um livre, acabo descontente se o usar para tentar comprar algo. Acho os centros comerciais locais a evitar a TODO O CUSTO. Supermercados a mesma coisa. Parques. Prefiro ficar em casa. Na realidade, prefiro ir trabalhar e ter o meu dia livre durante a semana - quando a maioria da "manada" de pessoas tem os seus afazeres e deveres. 

OK.. o que vinha dizer era isto, que me aconteceu faz coisa de uma hora mas que acontece muito - e me deixa chateada. Não muito, mas um tanto. ODEIO que me cruzem à frente e me façam abrandar. Tenho um passo acelerado. Quando vocês vêm uma pessoa de passo acelerado a andar em linha reta, cruzam-se com ela na diagonal e passam-lhe na frente, em passo brando? É que acontece comigo amiúde. E eu não gosto. A pessoa que se atravessa à minha frente e abranda o passo, obriga-me a abrandar o meu - e nesse instante sinto um incómodo na base da coluna que não sinto se continuar ao meu passo acelerado.

Hoje, saia do médico, a apertar o casaco ao peito com uma mão, tentando bloquear o máximo possível o ataque do vento - pois estou com princípios de uma constipação que passou muito ao tomar hoje cedo um medicamento. Porém, exposta assim ao frio e vento - ia piorar de certeza. Já estava a sentir os pulmões frágeis. Acelerei o passo para chegar a casa e voltar para a cama - de onde me despertaram 3h30m depois de nela ter adormecido. 

 Vem o homem, surge da minha direita, mete-se na minha frente e tem um passo mais lento. Eu até travo, reduzo a velocidade (e sinto aquele incómodo lombar). Mas depois penso: Porquê tenho de parar de andar à minha velocidade normal? Ele é que se cruzou comigo. Ele é que está a atravessar o meu caminho na diagonal. Eu estava no passeio a seguir direito, ele cruza vindo da estrada à direita, rumo a outra rua mais à frente, no meu lado esquerdo. Retomo o meu ritmo e nisto o meu sapato toca no dele, no instante em que ele fica na minha esquerda e eu continuo em frente. Nisto, comigo já a atravessar a estrada e ele já na rua que desejava ir - diz-me algo do género: "E um pedido de desculpa, não? Se fosse foder...

Mas pede-se desculpa por toques na rua? Coisas de raspão? Não. Acontece. Seja como for, ele é que devia me pedir desculpa por me cortar o andamento e cruzar-se à minha frente. É o equivalente a conduzir um carro a alta velocidade e um peão atravessar-se na frente, tendo de fazer uma travagem brusca para evitar a colisão. Ora essa! As regras no passeio deviam ser idênticas. Ele vinha com o telemóvel na mão, colocou-se à minha frente intencionalmente, vendo-me a andar depressa. Tive de abrandar subitamente - para não colidir com o obstáculo. 

Como ele disse a palavra "F" eu respondi "You too pal. Fuck You".

Um exagero, de parte a parte. Sem necessidade. Mas pronto. 

Aqui acontece muito me irritar com circunstâncias de circulação no passeio. Noutro dia, caminhava no passeio, mesmo à berma. Há minha frente vinha um grupo de rapazes - a ocupar o passeio inteiro. Ora, dita as normas com as quais cresci que, um deles, teria de se desviar. Não podem ocupar o passeio inteiro e esperar que a outra pessoa é que se desvie! Eu já estava na berma... não tinha mais para onde ir. Nem me preocupei - dita as regras sociais que um deles se encolhia - porque eu já tinha me desviado o máximo que podia. Pois os rapazes passam, não fazem qualquer esforço para deixarem o caminho aberto à passagem de um peão no sentido contrário. O rapaz mais próximo de mim dá-me um encontrão no braço e continua a caminhar, sem pronunciar o tal "pedido de desculpa" que os britânicos gostam de exigir.  Este é o género de coisa que, de forma crescente, começa a ser mais intolerável para mim. A falta de educação... não deixar espaço para as pessoas circularem nos passeios, nos supermercados... é demais. Até mesmo quando estou no passeio do lado da relva enlameada e existe um espaço tremendo para se passar, há quem tenha vindo contra mim, continuando a caminhar contra mim e eu é que tenho de parar o passo, literalmente, para alguém que vem na diagonal, da minha esquerda para a minha direita, passar. Enquanto segura um copo de café... Depois ainda faz um som de escárnio e eu fico a pensar se estou errada... porque eu não podia me desviar mais! Só se fosse para a lama. E aquela pessoa, além de espaço, tinha tempo. Podia ter-me deixado passar e passar depois. Mas não... vê uma pessoa a caminhar a passo rápido - quase em corrida - e põe-se na frente, ainda fica chateada por a pessoa não se desviar, pisando na lama - o único espaço disponível porque os amiguinhos dela estavam a caminhar no outro lado. Querem o espaço todo para eles aqui no UK. Não os entendo. Foram educados com outros conceitos que não os meus. 

Quis partilhar defeitos. Não somos sempre correctos e tenho esta imperfeição - que é cada vez mais notória para mim: sofro de "road rage" só que no passeio. "pedestrian rage"? 

É algo novo, ainda não bem definido. É algo do qual se começa a falar. 

Não estou num nível grave - não desato aos berros, aos ataques, não sou violenta. Apenas me desagrada bastante este género de situações e por dentro, deixa-me irritada, estraga-me o momento. Dou outro exemplo: pessoas no supermercado que ficam paradas e bloqueiam o espaço para circular. Acontece muito aqui no UK e juro - não entendo. Não entendo como não se colocam de lado para permitir o fluxo de pessoas. Apenas se agrupam ao centro e enquanto ali ficam - ninguém passa. 

Faz-me lembrar episódios dos Simpsons, em que, na escola, o miudo tótó é chefe de corredor - e cabe a ele dizer aos colegas para "circular, circular" e "abrir espaço".  Os adultos precisam de um monitor de corredor de supermercado, em uniforme, que se chegue perto e lhes diga: encoste-se à esquerda, permita o fluxo de clientes à sua direita. A noção de que se trata de uma postura rude não lhes é conhecida. Não percebem o egoísmo e descaso com os demais. Se passares apressadamente por entre eles, a rude és tu. Devias pedir licença... mesmo com licença, por vezes não retiram os carrinhos do meio do caminho. 

Enfim... eu estou cada vez menos civilizada para os "com licença, desculpe" - eu que sempre os esbanjei! 



 


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Dicas VITAIS para que a sua encomenda/postal chegue depressa este Natal

 

Estas são dicas que observei serem necessárias aqui no UK mas penso que servem para todo o lado. Com a aproximação do Natal, aumenta o fluxo de envios. Para evitar ter uma encomenda perdida, extraviada ou que demore a chegar, eis dicas essenciais para considerar:

O Natal pode ser enfeitado de vermelho, verde, dourado, prateado... mas fuja dessas cores para envelopes de Postais de Natal e prefira o branco! As cores da época festiva, mas também azuis escuros e tudo que dificulte a leitura tanto manual quanto automática - vai causar problemas. Estes envelopes são sempre rejeitados pelas máquinas, que não os conseguem ler bem. Como consequência, todos eles - MILHARES, têm de ser separados à mão. Uma tarefa morosa, desnecessária e que pode atrasar a entrega dos votos de felicidades natalícias.

Se usar um envelope com estas cores - só tem um remédio: coloque o endereço numa etiqueta branca e cole no envelope! Assim a leitura é bem feita, sem problemas. Mas atenção: etiquetas é sempre um RISCO. Descolam-se. Imagine o tambor de uma máquina de lavar. As cartas passam por um processo semelhante quando automatizadas. Tudo é misturado e se não forem bem seladas, rasgam-se, perde-se o conteúdo. 

Uma ponta solta pode colar-se noutro envelope. È preciso certificar-se que uma etiqueta não vai descolar. O melhor é usar fita adesiva - sempre recomendada - tanto para etiquetas, como para selar envelopes. 

Evite comprar envelopes pequenos, abaixo da média. Podem ser mimosos - mas também são fantásticos para se perder ou danificar. Se gostar mesmo de os enviar, coloque-os dentro de um envelope de tamanho normal. 

ENCOMENDAS

Uma encomenda pode ser enviada em diversos formatos. Mas há regras a cumprir. Se vai enviar objectos pontiagudos, pesados, frágeis ou redondos, não os coloque em sacos plástico largos. Com o excesso de espaço, o plástico acaba por prender em algum lado, rasga e o conteúdo se perde. Cilindros a rolar também não ajuda nada. Prefira sempre o formato clássico da caixa. Rectangular, quadrada, tanto faz. Evite formatos esquisitos, com vértices. Proporcionam muitas amolgadelas e pode causar danos. 

Conteúdos frágeis e quebráveis devem ser assinalados por fora, com a palavra "frágil" ou "vidro" mas o mais importante nem é isso. O mais importante é colocar uma tripla caixa nos conteúdos. O objecto frágil tem de ser envolvido em papel, depois plástico-bolha, depois cartão, depois enfiado numa caixa larga, proteger com enchimento (folhas de jornal, esferovite, plásticos) e depois dessa caixa feita, coloque-a dentro de outra caixa, também ela forrada por dentro. Se possível, ainda outra. As encomendas sofrem tremendos "abanos", caem de alturas, são atiradas e outras mais pesadas podem cair-lhes em cima. Tudo é atirado. Em nenhum momento uma encomenda é transportada de mão em mão sem ser atirada para algum lado. Embrulhe conteúdos frágeis como se tivessem de ser à prova de terramoto. 

A MORADA é para ser ESCRITA na embalagem. Evite etiquetas, porque descolam. Mesmo as impressas nas máquinas - são as que descolam mais. Centenas de etiquetas de caixas da Amazon descolam-se constantemente, rasgam, colam-se umas às outras. As próprias caixas são de um cartão e um formato frágil, rasgam-se, perfuram-se, abrem-se e deixam cair o conteúdo. 

Uma caixa como a de cima - parece boa, mas tem fragilidades claras. A começar, convém colocar fita adesiva transparente - melhor que a fita crepe usada na imagem, que descola com facilidade. Também deve ser aplicada em todos os vértices. Se algo prender à lateral não vedada, a caixa rasga. 

Não envie peças de vestuário usando papel de embrulho. O papel RASGA. 

Evite, a todo o custo, criar caixas muito pequenas. Se o que quer enviar é pequeno, coloque numa caixa maior. Sempre com o cuidado de encher com protecção, mesmo que o conteúdo não se parta. Porque se um objecto estiver solto no interior, o mais provável é que a caixa seja perfurada pela aresta de outra mais pesada, podendo-se perder o conteúdo. 

Em qualquer caso, escreva sempre que possível, na própria caixa - os necessários endereços. Tenha em atenção que é comum as encomendas ficaram expostas à chuva: não use canetas de feltro ou outras tintas que desaparecem com gotas de água. É muito comum ver etiquetas térmicas sem qualquer informação após serem molhadas. A tinta borra e desaparece. Etiquetas térmicas são usadas hoje em dia por todos, em todo o lado. Quando compra algo online, a etiqueta será térmica. 

Escreva o endereço MAIS QUE UMA VEZ. Pode fazê-lo em diferentes lados da caixa, pode escrever nesta e colar também uma etiqueta. 

A fita adesiva transparente é uma aliada para sempre. Colocar fita em cima da morada escrita ou colada, vai prevenir o seu desaparecimento - que por chuva, quer por outros acidentes. A fita adesiva deve também ser usada para segurar uma etiqueta térmica. Estas descolam com facilidade mas se lhes der "duas voltas" de fita adesiva, a etiqueta não desaparecerá. 

Resumo:
Não use envelopes dourados, vermelhos, verdes, azuis escuros, prateados

Passe fita-adesiva transparente em todas as arestas das caixas, use-a em cima dos selos e etiquetas que possa colocar.

Tenha em atenção os tamanhos dos envelopes e caixas. Pequeno é mau. 

Não coloque objectos pesados ou pontiagudos dentro de sacos de plástico.  

Não envie têxteis embrulhados em papel de embrulho - ou em papel em geral. 

Evite cilindros ou esféricos.



 

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