domingo, 19 de junho de 2022

Os intragam

 Esta geracao instagram é muito diferente de mim.  Hoje fiz uns 20 videos dos lugares por onde passava e tirei cerca de 200 fotografias.

Eles nao. Os instagramers pousam cinco, dez, quinze minutos para uma fotografia e pronto.

Mas pousam mesmo. Pezinho em ponta, braco para o ar, perna dobrada para a frente, perfil bem enquadrado com a lente, acessorios posicionados nos lugares certos. Nao e mais um simples click de fotografia. É uma produção.

E tem uma foto bela.

Quase os invejo porque deve ser mais pratico ser assim. E a foto bonita esta garantida.

Nao sao so os muito jovens mas os menos jovens tambem.

Enquando relaxo no pontao, la aparecem eles. Sem embaraço ou vergonha, os rapazes pousam tal como as raparigas. Com gosto e vaidade. Querem parecer bem.

 Nao sao mais os "machoes" que nao querem saber de "coisas de meninas".


quarta-feira, 15 de junho de 2022

Fiz algo que não sou de fazer

 
Fiz algo que não sou de fazer. Arrependo-me e não me arrependo ao mesmo tempo


Estava na praia quando duas mulheres sentam-se por perto. Escuto a conversa das duas. Uma a dizer que não quer perder a sua massa muscular e que falou com a nutricionista e a outra a criticá-la sem parar:

-"Massa muscular! É gordura! Não fazes exercício. Tens de fazer exercício! Tens de pesar 60 quilos. Pesas 75. Só queres saber de estar ligada à tomada. Só queres é comer. A comida que escondes. Porque é que não dás uma caminhada? Depois quando tiveres um AVC vais para o hospital público e quando ficares imobilizada vais para aquelas instituições que acolhem pessoas. Depois dos 30 é ainda pior!"

Escutei aquilo porque a senhora falava bem alto. A rapariga - que fiquei então a saber que era uma jovem na casa dos 20, teve de escutar coisas horríveis. Coisas que não ajudam ninguém. 

Depois ouvi silêncio. E percebi que só a rapariga restou sentada na areia. A fungar do nariz e a passar o dedo debaixo do olho, tapado pelos óculos de sol. A engolir a seco e a olhar para o mar. Consegui sentir a sua tristeza a emanar até mim. 

Não ia para me meter. Mas acabei, passado um tempo, por me levantar e ir ter com ela. Disse-lhe que escutei a conversa e que cada pessoa tem o seu tipo de corpo. Não temos todos de ser magros. A magreza nem é melhor - disse. Contei que perdi peso o ano passado e fiquei horrível, parecia uma caveira. Ainda acrescentei que a minha irmã fez exercício a vida toda por ser instrutora de fitness. É mais forte do que eu, está bem mas não é magra. Não existe melhor exemplo. Desejei-lhe boa sorte. Pedi-lhe desculpas, mas achei que, por vezes, as palavras de um estranho podem ajudar. 

Ela disse pouco. Desabafou de forma aliviada estar a escutar aquilo a vida toda. E que tem de fazer algo porque tem um problema de saúde. 

Tudo bem que com esse problema de saúde - que vou supor ter a ver com o coração para a pessoa que estava com ela lhe dizer que vai ter um AVC (olhem a simpatia!!) implica melhor cuidados. Mas falar assim com uma pessoa não é construtivo. Quando será que as pessoas vão aprender a falar com as outras?

Se gostam e querem ajudar - NÃO É ESTE O CAMINHO.

Causar stress, ansiedade e tristeza - só faz a pessoa com problemas sentir-me PIOR. Deixar de acreditar em si, ver o futuro sombrio. Ela estava a chorar. Não estava a sorrir. Palavras derrotistas de crítica negativa constante, que nem uma metralhadora podem até contribuir para o suicídio. Ou outras loucuras. 

Meus pais também só sabem falar desta maneira. Cada vez que eles, ou outros, fosse qual fosse o tema, falam assim, eu acabava por ir à despensa. O conforto vinha da COMIDA. 

Quando fui viver para FORA, longe do criticismo negativo, pude ser eu mesma. Não tinha vontade de comer a toda a hora, principalmente depois de escutar palavras duras, injustas. 

Perdi volume em gordura, porque não havia ninguém à minha volta a insultar-me e a deixar-me triste. 

A rapariga pareceu-me bem. Fisicamente, achei-a linda. Nem era gorda. Talvez com um pouco de curvas - tal como eu também as tenho. Mas gorda, obesa, nem pensar! 

Porque será que não aceitam esta forma de corpo? O que tem de errado? É que não dá para mudar. A menos que se seja obscenamente rico para se andar em cirurgias plásticas destrutivas, que tiram osso, chupam gordura, colocam implantes. E para quê? Para ficar permanentemente a projectar uma imagem de que algo não está bem?

Duvido muito que a rapariga alguma vez chegue a pesar 60 quilos. É um absurdo que coloquem essas metas tão definidas. Cada caso é um caso e esse cálculo não passa de uma média criada numa tabela, que está em vigor hoje, mas amanhã pode mudar. Desde a adolescência que não peso 60 quilos. Duvido que volte a pesar, a menos que fique doente. Noutro dia, achando que rondava os 65, pesei-me no consultório médico e estava com 72 ou 75. Muito peso na balança, mas não me sinto gorda. Está certo, as calças que usei o ano passado por esta altura não apertam mais na cintura e isso por uns três dedos. Tenho barriga. E depois? Que mal há nisso??

Estou bem. Sinto-me bem. Tenho 1m60, peso 75 quilos. Fiz exames e os resultados foram todos bons. O bom colesterol compensa o mal colesterol. Fiz um despiste a um AVC - estou bem. Tenho um emprego fisicamente exigente e consigo executá-lo. Caminho horas e horas. Subo e desço rampas, escadarias. Fui para a praia as 7 da manhã e saí ao meio-dia. Passei horas a caminhar e outras duas a vergar a coluna a apanhar mais uma centena de conchas. (Oh Jesus! Será que estou a desenvolver outra mania? Tanta concha...). Dobrei-me centenas de vezes para apanhar cada conchinha que trouxe, e outras tantas para descartar outras. Dobrei-me novamente para lavar a areia de cada uma delas na ondulação do mar. Isso é PURO EXERCÍCIO.

Se tivesse de me baixar tantas vezes para apanhar algo no chão no trabalho, teria me custado imenso. Mas conchinhas coloridas, meio na areia meio na água... foi diversão. Exercício sem se dar por ele.

E porquê digo que me arrependi do que fiz?
Porque fui falar com a rapariga sem saber o que ia lhe dizer. Então acho que não falei como deve de ser. Se calhar só pareci uma intrometida. Faltou explicar ou acrescentar coisas. Quando lhe disse que minha irmã é parecida a ela - não quis que ficasse sem esperanças sobre o exercício físico. Acho minha irmã optima mas nunca será esguia - porque não é o tipo de corpo que ela tem. Contudo, ela não é esguia, mas também não é gorda. Ela não tem barriga - eu é que tenho. Ela é simplesmente mais larga e volumosa. Mais peito, mais anca. Mas não mais gordura. Nunca poderá ser colocada na "categoria" das magras porque não tem esse tipo. Cada pessoa tem um tipo e ainda bem! Porque a beleza está na variedade. 

Estavamos na praia, um lugar cheio de corpos de todos os feitios, e aquela senhora estava a exigir a uma jovem que fosse uma vara de palito. Ignorando a saúde que emanava dela, adivinhando-lhe um AVC por não fazer exercício. Também falhei por omitir que pessoas MAGRAS que fazem regularmente exercício TAMBÉM têm AVCs. Geralmente fatais. Mesmo com todos os cuidados com a alimentação, com o corpo. 

Esqueci também de dizer que, se ela tem problemas de coração, conheço outras mulheres que o têm e tudo o que lhes foi dito que talvez fosse difícil ou pudesse acontecer - não aconteceu. Inclusive serem mães e darem à luz. Mãe de gémeos! Mãe mais que uma vez - tudo mulheres a quem, na JUVENTUDE ou infância lhes foi dito por médicos que a maternidade seria improvável ou fatal. 

Nunca foi o meu caso. Nunca me disseram que não podia ter filhos por sofrer do coração ou outra patologia não relacionada com a fertilidade. No entanto não os tenho! Foram aquelas jovens mulheres com sopro no coração e sobreviventes de cancro - a quem foi dito que não os teriam que os tiveram. PRESUMIRAM que comigo não haveriam problemas. Afinal não sofro dessas patalogias. No entanto, não os tive. Elas os tiveram. PRESUMIRAM que comigo tudo correria de feição - por ser a mais bela, a mais formosa. Mas foram as outras, mais rechonchudinhas, menos bonitas de rosto - que estão casadas e com filhos. Minha irmã, larga e volumosa - é casada. Nada a ver... Nada a ver. 

Isto para dizer que a vida... ninguém sabe o que vai ser. 

Nem os médicos. É mais IMPORTANTE receber daqueles que nos cercam as palavras certas para nos deixar felizes, afecto, APOIO, do que ser infeliz a escutar aquela enxurrada de tragédias e calamidades - sempre atribuídas à postura da pessoa visada.  

Se a mulher que estava com esta jovem quisesse que ela cometesse suicídio - disse as palavras certas

Agora, se pretendia ajudar... não sabe como isso se faz. Tem de aprender. Porque não é SÓ A PESSOA que PRECISA de ajuda que tem de mudar. Os outros também.



terça-feira, 14 de junho de 2022

A apanhar ♥️ corações ♥️

 

Ha uma semana fui a praia. Reflecti sobre a vida e pedi pelo bem estar do meu coração. Nisto, na areia, vejo um confetti em forma de coração, vermelho brilhante, perfeito, metalizado, a reflectir a luz do sol. 

Apanhei-o, surpresa pela coincidência. Estava imaculado, sem um único grão de areia, como se acabado de poisar ali.


Que invulgar. Que coincidencia! Ou um sinal?

Depois vi outro. Apanhei-o. e mais outro. Acabei por encontrar 8 destes coracoeszinhos que se destacavam imenso da areia e não entendia como seria possivel estarem ali. 

Hoje fui apanhar pedrinhas e conchinhas. Mas mal olho para onde piso, vejo novamente um coracao vermelho de coffeti. Comecei a revirar a areia e so encontrava coracoes. Coracoes vermelhos por todo o lado, ocultos pela areia, a espera de ser encontrados. Entreti-me a acha-los, como se praticasse uma autentica caça ao tesouro. 😄♥️

Percebi então que deviam fazer parte do mesmo lote encontrado ha uma semana e muitos mais deveriam ali existir. Afinal, não eram especiais, só para mim. Ou será que são?

Encontrei bastantes. Quase 200. 

E conchas? Quantas terei pego? Me pus a apanhar de todas as cores, tamanhos e feitios por pretender executar um trabalho criativo usando-as como material. Uma tarefa que estou quase arrependida de ter iniciado. 

Dá muito trabalho e gasta-se dinheiro em outro material. O mais moroso são as próprias conchas: tem de ser adequadamente limpas, porque cheiram mal. Depois ha que as catalogar por cor, forma, integridade, tipo e tamanho. Ter onde colocar tudo isso também não é simples.

Era eu mais uma ou duas duzias de outras pessoas na praia, a apanhá-las. Quem ve o que trouxe deve pensar que deixei a praia vazia. Ahah. Mas nao. Como um homem disse: "isto parece um cemitério de conchas".

Nao gostei muito da palavra que ele usou. Adoro cemiterios mas, naquele instante, achei inapropriada. 

O que ele quis dizer é que haviam muitas e muitas ficaram por apanhar. 



segunda-feira, 13 de junho de 2022

Arte na areia

 

O meu entretenimento hoje pela manhã.

 Conseguem distinguir as formas?


sexta-feira, 3 de junho de 2022

Arte a fio

 

Sou ou não sou uma artista?


Estava um fio caído no chão e com outros elementos presos na alcatifa, compus esta figura. Material: fio dental, borboto de meia preta e rosa e uma migalhita de bolacha. Ahaha! 


Esta "criação" data de fevereiro. Era para fazer post mas fui adiando. Decidi fazer agora. 
Também conta :) Se ajudar, posso sempre desculpar-me com... estar em lockdown. 
Ups! Essa desculpa já não serve.  ;)



quarta-feira, 1 de junho de 2022

O Covid foi uma coisa boa

 Há males que vem para bem?

Por vezes pressupomos que algo negativo como o  virus do Covid so pode trazer desgraças.

Mas agora que o pior "se foi" - pelo menos a ameaça de mortalidade, ficamos com maior consciência para as coisas más com que vivíamos para as quais estávamos a dar pouca importância.

A começar pelo preço em excesso de certos serviços. As companhias areas retornaram a cobrar uma elevada taxa pela alteração da data de um voo. Durante o Covid cobravam apenas a diferença da passagem. Afinal, para que mesmo cobram uma taxa extra se todo o procedimento tem custo zero e e feito com a velocidade de um click de botão?

Também descobrimos o que e olhar para o céu noturno e ver so estrelas. Estranhamos quando o ruido dos potentes motores dos aviões de passageiros voltaram a roncar no ar. Tao sonoros, Tao percetíveis!

Gostamos de voltar a ver a vida selvagem retornar a lugares de onde sumiu devido a poluição Humana. 

Percebemos que os valores cobrados para renda de casa podiam ser bem menores.

Certos produtos não essenciais nas prateleiras das lojas ficaram a preços melhores que saldo. Descobrimos que possuir papel higiénico, ovos e leite e ser Rico.

E por alguma razão que ainda não entendo e com a qual não concordo, o governo decidiu dar DINHEIRO a quem ficou impedido de trabalhar, assim como deu milhares a empresas.

Agora tudo isso se foi. E voltamos a viver na sociedade excessivamente capitalista da qual nos abstraímos por uns instantes. 

Não. Não foi a ajuda ao próximo ou a solidariedade que o Covid ensinou. Muitas pessoas se mostraram terroristas, malévolas, mal intencionadas. Sem nada com que se ocupar passavam cada minuto a maldizer outros e a conspirar contra alguém. Batiam-se no supermercados por um rolo de papel higiénico, roubavam de outros e rebeliaram-se sobre o uso de mascara facial. Ninguém apanhava artigos descartados por outros, com medo que estivessem contaminados. 

Isso passou e o pior desta vida volta a estar por cima. Os preços de aluguer de quartos na minha zona disparou novamente para o absurdo. Sofri um aumento de 55%, enquanto outros na casa apenas 5%. 

Nunca imaginei assim, pensei que a decisão seria aumentar a renda 25% para todos e assim cada qual pagava a justa parcela. 

Foi a primeira I justiça. A pesar do contrato de arrendamento claramente especificar que esse aumento nunca poderia ser mais que 72 cêntimos por dia. 

Nao quiseram saber. Nao justificaram a discrepancia. E assim e pronto. Ou aceitas ou vais para outro lado - sendo que por todo o lado estao a cobrar o mesmo ou ainda mais.

650 libras por mes por um quarto mediano sem poucas regalias- e o dobro do que seria justo. 

Mas o aeroporto, que fica perto, voltou a funcionar integralmente. E querem tirar todo o proveito dessa situação. Impondo preços altíssimos a quem trabalha na zona que, por acaso, continua a ganhar o mesmo ou ainda menos que antes do Covid. 

Estão as formiguinhas a trabalhar para sustentar as cigarras. O preço de tudo aumenta substancialmente. Mas não os ordenados. Os impostos subiram.

Sabem aquele dinheiro que o governo "deu" a alguns que, provavelmente não precisavam?

Vamos ser nos, agora, a repor cada cêntimo dessa fortuna.