Gosto de viajar por blogues alheios. Ao ritmo da "maresia", sem amarras ou preconceitos. Hoje passei um bom bocado nesta nova forma de descontracção e debate de ideias. E foi também a primeira vez, nestes anos todos, em que não achei graça a uma boa parte deles. Em que vi algo um tanto perturbador. Vou tentar explicar melhor: Segui links sugeridos na lista de favoritos nos blogues e descobri que existe, neste universo blogueiro, uma espécie de "comunidades" de uma mão cheia de bloggers que se visitam e se lêm com regularidade. E esse "estatuto" é algo que querem manter, como quem, na vida real, sente que pode perder uma amizade e faz de tudo para que tal não aconteça. Mas por vezes acontece. E a pessoa «excluída» da lista de preferências repara sempre. Outros blogues até então públicos, após conquistarem o seu quê de "fiéis", tornam-se fechados. Não aceitam mais "inscritos" e tornam-se invisíveis para o olhar universal, podendo mesmo recusar aceitar o pedido de seguimento de alguém que o conheceu aquando o seu estatuto público. Suponho que surge um sentimento de rejeição qualquer... E ponho-me a pensar se isso é mesmo necessário no universo da internet. Já nos basta a vida real, com pessoas de carne e osso sobre as quais conhecemos o típo físico, o tom de voz, os maneirismos e demais características que a convivência presencial descortina. Queria um mundo virtual mais liberal, livre, aberto.
Mas tentando ser objectiva, descobri, nessa lista de blogues "in" que se auto-referenciavam em todos e que fui ler por interesse e curiosidade, descobri a "pólvora", por assim dizer, com ironia. Descobri, pela primeira vez, que os blogues podem não ser escritos pela pessoa que se diz ser quem é (desconfiei de um) e descobri que estas podem não ser pessoas totalmente sem segundas intenções ou um fundo de alma impecável. Não me interessa nem nunca foi factor que me conduzisse a um blogue, o seu nível de popularidade. Mas hoje "descobri" que não existe necessariamente uma relação entre popularidade e prazer de leitura pelo conteúdo. Claro que as preferências pessoais do indivíduo influenciam a forma como interpreta o conteúdo do blogue que lê. Mas como expliquei no princípio, sou pouco de preconceitos. Sou uma espécie de "conquistador virtual", tal como outrora existiram os conquistadores marítimos. Se existisse preconceito não chegariam longe, não contactavam com outras culturas, outros sabores, outras formas de ver a vida.
Então hoje aconteceu algo. Não sei bem o quê, mas hoje, de uma certa forma, "perdeu-se" a inocência de uma bloguista :) Descobri o que quer dizer BIEF (provavelmente sigla errada), que é uma espécie de movimento entre bloggers que procura eleger aquele que, entre todos, os internautas mais gostavam de phoder. Sim, foder... Usei o ph num acto de tentar suavizar a expressão e também numa demonstração de aprendizagem e homenagem a um qualquer blogue onde hoje li a palavra assim escrita. E pensei: oh, isso é tão ridículo! Mas a coisa tinha aderência. Adeptos qb. Por um lado, o lado humorístico e simplista, entendo isto como uma brincadeira. Por outro, vejo que se for brincadeira vai ser levada a sério. Demasiado sério. Vai fazer com que todos os blogues rumem em direcção a um só tema, o tema universal que é a fod@.
E assim tão redutor, limitativo, vazio, sei lá. Gosto e continuarei a gostar de ler blogues, de comentar nos mesmos, de "trocar impressões" com pessoas que não conheço e jamais devo conhecer. Que não sei onde moram, que aspecto têm e nem me faz espécie não saber. Porque não quero saber. Não me interessa. Esta forma de contacto, de comunicação, me apraz. Acho-a solta, livre, o mais próximo que pode existir do conceito de liberdade de expressão. Mas não é isenta de perigos ou dissabores. E acho que foi a ténue constatação disso que me "quebrou" algo hoje. Como disse: "descobri a pólvora", mas esta já foi inventado há séculos!
Na internet e em particular no mundo bloguista, não temos todos de concordar com tudo o que se diz. Embora sinta que muitas vezes isso é feito a verdade é que debatem-se ideias e trocam-se impressões de uma forma mais sincera. Pode-se discordar e pode-se expressar estar em desacordo de uma forma honesta e apenas referencial (nem sempre de julgamento) e sem grandes obstáculos que por vezes surgem noutras formas de comunicação. Concordar ou discordar, não querer comentar, ouvir, escutar, reflectir e mesmo descobrir e aprender. E esta liberdade vem aliada de respeito, muito mais exigido e muito mais facultado no universo virtual que no não-virtual. O que faz deste veículo de comunicação um que apetece visitar com regularidade e até, compreendo perfeitamente, assiduidade. Como quem visita um amigo de quem sente saudades.
Pois eu continuo a gostar de andar pela blogosfera, mas sem amarras, motivo que me levou a apagar a minha lista de links. Não quero visitas por obrigação ou por troca de endereços...
ResponderEliminarPois, concordo. Não entendo bem essa da troca de endereços mas sou apologista da navegação sem amarras :) Já conseguir perceber como seguir um blogue foi um feito eheh! Por vezes vou parar a um que já havia lido e gostado, mas entretanto perdera-lhe o rasto. É sempre uma descoberta. Como se fosse um conquistador a navegar por mares desconhecidos e a descobrir terras promissoras :D Abraço
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