domingo, 5 de abril de 2009

Tristeza mesquinha

Não gosto de atitudes mesquinhas e cada vez vejo mais disto à minha volta. Vejo pessoas a tentar poupar os 0.50 cêntimos do café e não é deixando de o beber. É a passar os dias a pedir a terceiros que o paguem!
.
Uma colega que passa a vida a queixar-se de falta de dinheiro é tão somítica, que assim que chega ao trabalho pede bolachas aos outros. Dia vai, dia vem e está sempre a comer o lanche dos outros, nunca trás nada. Na hora do almoço, também consegue fazer o mesmo exercício. O costume é trazer comida de casa e fazer a refeição na empresa ou ir comer ao café. Muitas vezes ela come um pouco da refeição que os outros trazem de casa e fica almoçada ou então pede o prato mais económico e acaba por comer também o bife as batatas fritas a salada e as sobremesas que os outros deixam de lado. Alimenta-se com os restos alheios!
.
Noutro dia vi que ficou muito contrariada por ter de ir até o café no seu carro. Os outros colegas já tinham partido e ela ficou furiosa, mas disfarçou, porque ia gastar gasolina. Ainda por cima, no local onde nos disseram que os outros iam estar não estava ninguém e tivemos de ir a outro lugar. Ela ficou possessa mas transferiu a sua raiva para a situação no emprego. Bebeu um café e pediu a outra pessoa para lho pagar. Justificou que tinha pago o pequeno-almoço a uma amiga e que por isso queria que lhe pagassem o café. Duvido que não tivesse 50 cêntimos com ela! Mas é tão forreta, tão ardilosa, que se comporta sempre desta maneira. No dia seguinte não deixou a situação repetir-se e saiu da cadeira sem dizer nada, dirigiu-se para o estacionamento e introduziu-se de imediato na boleia de alguém.
..
Quando comecei a trabalhar na empresa, de vez em quando ela dava-me uma pequena boleia até a paragem do autocarro. Nunca lhe pedi de propósito que o fizesse, mas cheguei a lhe perguntar se saia a horas certas e se sim, se podia deixar-me perto da paragem. A subida é ingreme e leva uns 20 minutos a percorrer. Uma vez até perdi o transporte porque ela disse que sim e depois não cumpriu. De início era ela própria, de forma espontânea, a oferecer-me boleia ou a lembrar-me constantemente de perguntar a quem estava de saida se ia para os meus lados. Mas como eu não gosto de incomodar ninguém, só mesmo nos dias de forte chuva é que perguntava se alguém me dava boleia até o cimo da rua. Nunca pedi a ninguém que se desviasse do seu percurso para me deixar em qualquer lugar. Não gosto mesmo de incomodar os outros, por mínimo que o incómodo seja.
.
Estas ofertas de boleia quase diárias, duraram um mês, mês e meio. Há hora de almoço ela vinha convidar-me para ir com ela ao supermercado, para não ir sozinha. Nem sempre me apetecia, até porque queria era apanhar ar e não enfiar-me num supermercado. Mas acompanhava-a para que não fosse sozinha. Depois comecei a ir mais vezes a pé, por gosto e por preferência. Gostava de andar e sentir o ar no rosto! Quem anda de carro mal apanha ar, a menos que abra a janela!
Passado um tempo, ela só me fazia perguntas sobre a compra de um carro e contava-me a história da amiga a quem dava boleia e que depois comprou uma enorme casa e um mercedes. Insentivava-me a comprar um insistindo que eram baratos, que devia comprar, que só me fazia bem, etc. Volta e meia, todos os dias repetia esse discurso constantemente. Foi então que finalmente entendi o que pretendia. Não estava nada preocupada comigo. O que ela queria era que eu comprasse um carro para passar a andar de boleia comigo. Para ser eu a levar o carro para o café e não ter de ser ela a gastar a gasolina. Para me cravar viagens mais longas, que decerto arranjaria de propósito para não as fazer à sua custa. É o que ela faz no dia-a-dia. É uma crava!
.
Fico triste porque queria uma amiga, mas já percebi que não tem interesse em dar a sua amizade nem eu sou capaz de ficar amiga de uma pessoa que é capaz de me explorar até ao osso, se eu deixar (e eu deixo). É com tristeza que a vejo continuar a vida a cravar os outros. Queixa-se sempre da falta de dinheiro e ganha o dobro do meu salário. Diz que o dinheiro mal dá para chegar ao fim do mês mas passa a vida a dormir na casa de amigas, a comer na casa de amigas, a ter as amigas a fazer-lhe favores. Ás vezes passa 3 dias seguidos sem ir a casa e quando regressa é só para a muda de roupa. Ainda assim, nesses meses, diz que não tem dinheiro. O destino pregou-lhe uma partida. Deu-lhe uma despesa inesperada. Aí ela descaiu-se: «tinha conseguido economizar uma boa quantia o mês passado e agora tenho esta despesa» - disse. Então não andava na penúria. Faz-se!
.
Quem não chora não mama, não é mesmo?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!