A semana passada terminei de ler um livro um tanto ruim e aborrecido. Como gosto de histórias de investigação, acabo sempre por dar uma oportunidade de leitura, mesmo tendo percebido na primeira página que era enfadonha e mal escrita. Não querendo ser precipitada, dei uma oportunidade aos esforços do autor e continuei a ler, determinada a ir até ao fim. Tinha esperança de, mais adiante, ser surpreendida com brilhantismo no enredo e nas personagens, história verosímil apresentada numa escrita dinâmica e bem articulada. Não aconteceu.
Contudo, entre tantas palavras, sempre se descobre umas com que nos identificamos ou que, naquele preciso instante, nos diz alguma coisa.
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"Quando menos se diz, mais depressa se emenda" "Manter tudo fechado dentro de nós não funciona" "São as palavras não faladas que causam estragos" |
Encontrei este livro no aeroporto (foi abandonado propositadamente e assim que o comecei a ler entendi porquê) e soube de imediato o que queria fazer com ele: lê-lo rapidamente para voltar a deixá-lo num lugar público. Pretendia escrever uma nota nas primeiras páginas, contando que encontrei o livro, li-o e agora disponibilizava-o ao próximo, para que fizesse o mesmo.
Acabei por deixá-lo dentro de um autocarro. O lugar ideal, se for a pensar bem. Só tive tempo - às pressas porque tinha chegado à minha paragem - de escrever "achei este livro, é seu, espero que goste". Faltou mencionar que a ideia era quem o encontrasse devia fazer o mesmo. E datei a nota.
O prazer está em imaginar o livro a circular livremente, tal e qual um turista, entre muitas mãos e muitos lugares do mundo, a servir para matar o tempo de alguém aborrecido ou a precisar de uma leitura.