Metereologia 24 h

Mostrar mensagens com a etiqueta adn. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta adn. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Linguagem de gueto, mentalidade de gueto



Tenho andado em reflexões internas despoletadas por coisas que vou entendendo à minha volta. Hoje quero falar de RACISMO. Um assunto sempre algo controverso, que nos EUA chega a ser ridículo o quanto ainda parece existir segregação, pelo menos mental, por parte de cidadãos que gritam a sua linhagem com a arrogância de pureza de raça ou que fazem questão de ser chamados por Afro-Americanos, Nativo-Americanos, Latino-Americanos... Conseguem entender o que estou a evidenciar? Não deviam ser todos apenas Americanos??

Podem e concerteza devem ter ascendência noutras terras. Mas se alguém me perguntar: Qual a tua nacionalidade? Eu respondo o quê? Sou Latino-Portuguesa? Afro-Portuguesa? LOL. Acho que estas simples expressões, tão enraizadas no que se designa (perigosamente) no politicamente correcto que por lá chega a atingir níveis obsessivos ao ponto de por tudo e por nada activar a censura, contribuem para que se perpetue noções de separação mais do que união.

Repito que não estou a dizer que as pessoas não devam sentir a riqueza da sua ascendência, procurar as tradições dos antepassados, a cultura... Mas dá para ter tudo isso e viver pacificamente. Quem procura a exclusão, e, o que é pior, coloca uma qualificação em cada etnia (Ex: eu sou o maior, vocês são idiotas/idiotas são vocês o maior foi o meu povo!) está a radicalizar-se. E o extremismo, com laivos de auto-proclamação de identidade «pura» já todos sabem ONDE vai dar, ou não??



A história da Humanidade não nos ensinou nada??

A actual posição do terrorismo praticada pelo islâmismo extremista não serve de lembrança? O actual extermínio praticado por esses que se julgam superiores e donos do correcto modo de viver, que massacram crianças, com requintes de tortura escandalosa, crueldade imensa, violência absurda, a actual situação dos milhares refugiados em êxodo dos seus países ocupados...


Tudo isto, a meu ver, devia servir para lembrar as pessoas até onde nos pode levar insistir com a segregação. A culpabilização, a vitimização... nos EUA tão patente, são ridículas. É nestas alturas que me sinto triste. Nestas alturas tenho a certeza que os sobreviventes de campos de concentração durante a 2ªGG, todos aqueles que lutaram por um mundo mais igual, menos sedentado, todas as «madres Teresas de Calcutá», aqueles que se manifestaram para ver o fim do Apartheid, os que perderam a vida, derramaram sangue e sofreram na pele o significado da exclusão motivada por etnia e religião, só podem estar às voltas nas campas, a levantar as mãos à cabeça e a gritar: "Os idiotas! Não aprendem nada!!"


Ficou gravado na minha memória o relato de um sobrevivente de Auschwitz aquando um dos julgamentos de Nuremberga. Ele dizia que nunca mais desejaria ver alguém passar pelo mesmo. Não queria inimigos, rejeitava o ódio, porque fora o ódio o causador do seu sofrimento. Desejava a paz entre todos os homens. 

E acho que é essa paz que a humanidade não consegue viver com. Pois parece haver sempre alguém interessado e pronto a fazer de tudo para se afastar dela.


Mas regressando ao tema do racismo. Tenho andado a ver programas online sobre crimes e deparo-me com vários tipos de comentários. Um denominador comum na maioria dos comentários é o uso de palavrões e insultos para descrever as pessoas. Não só as retratadas, mas como também os próprios comentadores. Reparei então na quantidade de comentários fazendo referência a um denominador comum: a cor da pele. E surgiam coisas assim: "típico de branco", "bolacha de leite", "puta branca", "brancos malucos". 

Pensei que ia encontrar uma igual quantidade de comentários do género fazendo referência a outras etnias. Mas fiquei espantada pois não encontrei. Com o politicamente correcto como nova forma de censura, se alguém descriminar «minorias», seja por inclinação sexual, seja por etnia, outros alguém "caiem" logo em cima. Porque não está certo, ou porque no passado essas «minorias» foram maioritariamente alvo de descriminação e torna-se incorrecto trazer ao de cima qualquer laivo dessa mentalidade. 

Claro que encontrei um ou outro comentário absolutamente a atacar uma «minoria», revelando a burrice que ainda caracteriza algumas mentes simplórias. Mas por isso mesmo não se dá grande importância a quem, em cada palavra que deixa escrita, só sabe expressar burrice por todos os poros... É um pobre coitado. Provocar é o único entento e, geralmente, os comentários não irradiam inteligência ou coerência. 



Mas fiquei a pensar... ao ler aquelas expressões sobre "brancos": onde estão os "defensores" que se posicionam CONTRA o racismo e descriminação? Nos comentários que aludiam à cor de outras etnias, lá estavam uns tantos a chamar a atenção: "És preconceituoso! Racista!". Quase ninguém deixou um comentário do género nos tais que mencionavam "o branco". Porquê?  

Não simpatizo com o termo «Racismo Invertido», que é o que muitos hoje em dia usam para mencionar este comportamento aplicado a uma «maioria» branca. Racismo não tem cor, não é exclusivo de um grupo, logo não é invertido. Mas entendo de onde vem. O termo faz referência a um racismo que durou muitos anos na sociedade de classes com escravatura, no qual o branco foi induzido a ver o negro como inferior. Que de facto isso existiu, existiu. Decerto que, como tudo na vida, não teve aderência de 100%. Afinal, mesmo durante a perseguição de Hitler aos judeus, alguns alemães e outras pessoas viram os acontecimentos pelo que eles eram e trataram de ajudar a salvar vidas inocentes, mesmo sabendo estar a arriscar as suas e as dos seus. Mas uma grande maioria, infelizmente, deixa-se levar, impotente, temente, ignorante ou em concordância.


Mas hoje em dia qual a razão que pode levar uma pessoa a alimentar o ódio e o preconceito? É a ignorância? Quando não falta informação por aí? Quando a instrução nasceu, finalmente, para todos? É a impotência? Quando nunca antes cada qual é dono de si e as leis tornaram-se iguais e os cidadãos têm direitos e deveres iguais diante das leis e das pessoas? Quando por lei não se tem mais divisão de pessoas por cor, nacionalidade, etnia... A não ser as que as próprias pessoas colocam nas suas vidas, claro. 


Não faz sentido. E por isso acho que, se não se aceita o termo «preto» não se deve aceitar o «branco». Ou se acaba com estas parlermices ou então não adianta apenas retirá-las de um lugar e colocá-las num outro. Vai dar ao mesmo.

Mas mais que proibir, banir ou penalizar, à que deixar a liberdade de expressão fluir, pois nem sempre quem as usa tem intenção pejorativa. Felizmente portugal não é os US... País em qual as pessoas estão praticamente proibidas de fazerem referência à cor de um negro usando o termo negro, caso não sejam elas mesmas negras! Entre a população negra consideram estatus chamarem-se "my black brother, bro, sister" (irmão negro, mana, mano) desenvolveram expressões onde metem o black (negro) em tudo - kiss by black ass, I'm back and I'm black (beija-me o cu negro/Voltei e sou negro). Até entendo. Mas não percebo então porque não se pode liberalizar a palavra e porquê se uma pessoa que aparenta ser branquinha na pele e descreve alguém como «a pessoa desaparecida é negra» ou «hispânica» caem-lhes logo em cima com acusações de racismo... É? Se sim, pergunto-me de que direcção vem. 

Clint sobre raça: 
um dos problemas que o país atravessa hoje é que todos se levam muito a sério.
No meu tempo era mais engraçado, todos faziam piadas e divertiam-se com os amigos.
Cresci perto de uma comunidade espanhola-italiana e às vezes chamavam-me Diego. 
Hoje não se pode dizer isso. 
A vantagem de ter mais de 70 é que não se liga a essas merdas 
e pode-se dizer o que nos apetece.

Nestas andanças deparei-me também com um programa interessante onde fazem exames de ADN a celebridades para descobrir as percentagens de etnicidade. Num dos shows dois famosos negros competem entre si para ver quem vai ter a mais elevada. Snoop Dog participou e ficou atrás de um outro indivíduo. Foi logo apelidado de branquela, riram-se, a plateia riu também, o apresentador despejou uma série de piadas sobre brancos, o tipo fica desapontado por não ter uma percentagem mais elevada e conseguir destronar o "rei". Enfim. Confesso que achei piada, embora tenha percebido uma abordagem algo racista. Mas vi o humor e penso que o humor não é para ser levado tão a sério. O humor devia ser livre de censura! 


Noutro vídeo sobre ADN encontro uns irmãos gémeos que explicam que quiseram saber a sua percentagem negra porque estavam cansados de escutar que são "brancos", que não são "negros o suficiente"... e que essas atitudes descriminativas não vinham de gente branca, mas dos «irmãos negros», os «sacanas filhos da mãe» - a linha do vídeo foi também toda humorística. E mais uma vez, o humor é o humor! Eles queriam "calar" as bocas e ao provar com o teste de ADN que tinham 56% de sangue negro ficaram contentes. Porém na secção de comentários as pessoas não andaram tanto a celebrar... Algumas continuaram a martelar no facto de terem uma elevada percentagem de ADN não negro.

Enfim, numa outra perspectiva, curiosa, regresso aos vídeos sobre crimes e à leitura dos comentários. Deparo-me com outra circunstância muito comum. O recurso a termos depreciativos e ofensivos, palavrões inclusive, incluídos gratuitamente no discurso. Há pessoas que não conseguem escrever uma só frase sem construí-la quase toda com palavrões!

Fiquei a pensar: quando é que se tornou normal (porque é uma norma generalizada) descrever coisas que nos frustram, pessoas que nos aborrecem, acontecimentos que nos surpreendem, com palavrões??


Comecei a pensar no papel do cinema americano, do calão... de onde veio essa mudança? Nos EUA quase todos comentavam usando as palavras cunt, bitch, ugly, pathetic, chucklefucks, para descrever as mulheres. E nem precisavam ser criminosas ou ter cometido atos indesculpáveis. Mesmo as que haviam sido vítimas de um ato atroz e sobrevivido, por vezes eram tratadas com o mesmo desprezo, a mesma desvalorização com recurso ao palavrão. 

Uma pessoa reparou e comentou a quem deixou o comentário que ele odiava as mulheres. Comentei também... mas a chamar a atenção para o facto de não deixar de ser verdade que se está a diminuir todas as mulheres ao recorrer a esse tipo de vocabulário. Afinal, se não se pode chamar "bicha" a um gay, não se pode chamar preto a um negro, porquê uma mulher continua a ser referenciada como "put...", "cabr....", "gorda", "feia", etc?

Acabou que o tipo nem tinha qualquer problema com mulheres. Ao contrário, parecia ter uma vida bem moderna na qual a liberdade e direitos eram partilhados. Contudo, expressou-se de tal forma - com tal vocabulário que, de facto, sem perceber, estava a cometer  um crime que, decerto, daqui a uns anos, não vai gostar de ver reproduzida na forma como a sua filha vai ser tratada pela sociedade. 


Pior do que o preconceito de etnia, acho que continua a ser o do género! As décadas vão e ainda passa tão despercebido as tantas e tantas formas que ainda se usam para diminuir o sexo feminino. Reflecti então na origem desse vocabulário. Afinal, à apenas umas poucas décadas, não se falava assim, com tanto palavrão. Descrever uma mulher, fazer-lhe referência não era chamar nomes. Mas depois vieram os filmes, a mostrar o estilo gangster, a glorificar a vida das ruas, o linguarejar de gueto... e tudo o que é mau parece atrair mais, certo? Vai na volta, começou-se a descontrair. Tudo bem... mas descontrair e recorrer a palavrões são coisas distintas. Acho que tem de existir equilíbrio e bom senso. Educação. Não vou chamar alguém por "aquela cabra". A pessoa, mesmo que seja odiada, tem nome. Pessoalmente, não preciso de descer ao palavrão para expressar fúria. Se bem que tenho de confessar: já fui apanhada por essa onda. Antes não dizia uma palavrinha sequer! Comecei a escutá-las repetidamente, e nem foi pela boca dos mais novos, foi pela dos mais velhos, e comecei a exclamar um palavrão quando estou sozinha e algo corre mal.

Ainda vou a tempo de me corrigir e regressar ao meu «eu» ehehe. Mas a verdade é que os mais jovens falam um calão mais "verborreico", os mais velhos e talvez frustrados, saem com palavrões também... e vai uma pessoa educa as crianças a não dizer palavras feias mas não dá o exemplo, né? Ontem furei o dedo com uma agulha (sim, andei a coser) e aquela picada fez-me soltar um fod....! 

Antes não soltaria uma exclamação com esse palavrão. Usaria "Bolas!", por exemplo. Se bem que um palavrão de vez em quando também não faz mal a ninguém... O problema é que os palavrões alastraram-se tanto que estão por toda a parte.

Não sei quando aconteceu mas a linguagem de «gueto», do crime, dos traficantes, etc, espalhou-se e infelizmente, parece estar a influenciar também as mentalidades para um retrocesso estúpido e sem sentido. 


domingo, 6 de fevereiro de 2011

O ADN e nós

Numa altura da minha vida em que quis conhecer-me melhor e já o tinha conseguido, entendi que o passo seguinte seria conhecer-me pelos meus. Fiz tudo por instinto, por vontade e gosto. Sempre tive curiosidade em compreender a vida dos meus e como isso dita aquilo que são hoje. Por essa razão e um pouco por casualidade, comecei a dedicar-me à Genealogia.
.
Pouco depois, surgiu a oportunidade de estudar os meus antepassados com um pouco de ciência. Existem firmas estrangeiras com credibilidade que fazem análise ao ADN e, assim, podem estipular a que grupo pertencemos. Achei isto demasiado fascinante para deixar passar ao lado e estava decidida a investigar por esta via as minhas origens, pagar o preço exigido e receber em casa um kit de colecta, uma espécie de tubo com um cotonete de raspagem, para recolher amostras esfregando no interior da bochecha a ponta do cotonete.
.
A questão é que, em termos de genealogia, quanto mais para trás for a colecta, mais informação se recebe. Ou seja: raspar a minha bochecha ou a de meus pais pouco interesse tinha. O ideal eram bisavós mas esses não conheci vivos. Porém, tinha os meus avós maternos vivos. A ideia de preservar-lhe o ADN era-me tão TENTADORA! Acho que todos deviamos guardar o nosso património genético à nascença e, depois de mortos, ele continuar a existir num armazem algures. Todos os seres humanos deviam ter essa prova de vida, e só essa. Porque andarem órgãos extraídos ilegalmente ou doados à medicina aí vivos em corpos de outros durante décadas apó o falecimento de um indivíduo não é a mesma coisa.
.
Como estava a dizer, quis colectar o ADN de meus avós, em particular do meu avô, pois esse não carregava comigo - o masculino é diferente do mitrocondrial. Algo sobre ter uma amostra o mais "pura" possível, é muito tentador. Eu sou já o fruto da mistura combinada de meus pais, e estes a mistura dos pais deles. Meus avós são, portanto, os mais puros. Agora: como explicar-lhes que quero que abram a boca para lhes esfregar um cotonete no interior da bochecha?
.
Dei voltas e percebi que não ia conseguir explicar fazer-lhes ver a razão. Provavelmente acabariam por me fazer a vontade, caso insistisse em pedir-lhes. Mas a verdade é que, enquanto não consegui abordar o assunto de forma a perceber que eles iam entender o propósito, não fui capaz de o mencionar. Hoje é um pouco patético e, com tanta evolução, até aquela geração ia compreender sem entender, o gesto. Mas na altura não tinha como eles, nem meus pais tão pouco, compreenderam porque razão andava eu a esfregar cotonetes na boca dos meus avós. Adiei a encomenda do kit até sentir que chegava a altura certa de fazer a colecta.
.
Meu avô faleceu, como já aqui o relatei. Foi avassalador perceber que, com a sua morte, perdeu-se o seu ADN para todo o sempre! É como se lhe tivessem tirado o direito de realmente existir. O seu ADN seria, para sempre, prova viva de que viveu, que foi uma pessoa que habitou a Terra e agora, como tantos outros e como todos um dia, partiu para outro plano. Mas enquanto esteve neste... que provas há que existiu? Não ter colectado o seu ADN foi para mim uma perca de algo que não volta atrás. O nosso ADN sofre alterações. O dele também mas era o mais próximo que existia da sua geração, dos hábitos da sua geração... tudo registado no organismo, como um grande mapa de informação - para sempre perdido!
.
Aqui há uns anos, precisamente em 2005, trabalhava temporariamente num local e, em conversa com uma rapariga, perguntei-lhe se ela tinha guardado as células do cordão umbilical do filho. Ela tinha acabado de dizer que fazia de tudo por ele e se preocupava com a sua saúde. A expressão do rosto dela foi de espanto e descrédulidade. A ideia nunca lhe tinha passado pela cabeça e, nesse instante, ela achou que tinha falhado gravemente como mãe. Tanta protecção e tantos cuidados com a criança e agora descobria que, caso ele viesse a ter uma doença grave e o seu próprio sangue à nascença o podia salvar, ela não o guardou.
.
Minimizei de imediato o facto, dizendo que ainda existiam muitas pessoas que não conservavam o sangue do cordão umbilical - para que não se sentisse isolada no seu esquecimento. A VERDADE é que, em 2005 e até bem pouco tempo, poucos pais optavam por este procedimento. Confesso que imaginava que muitos dos hospitais ofereciam resistência à ideia e imaginei que, se fosse comigo, hospital que se recusasse a fazer o procedimento era hospital onde jamais ia acontecer o parto! Na altura o procedimento tinha de ser solicitado pelos pais e não era muito divulgado, pelo que, estes tinham de ser pessoas bem informadas ou ter a sorte de alguém, durante a gestação, lhes falar do procedimento e dos benefícios do mesmo. Meu Deus, já existiram casos de crianças que são salvas graça a esse contributo! Que melhor se pode desejar? É grátis, é natural, é orgânico, pertence-nos... na eventual necessidade, é bem melhor do que andar a químicos ou em processos de cirurgia...
Agora tudo mudou. E a razão não é nada nobre: NEGÓCIO. Abriram clínicas de criopreservação de células estaminais do cordão umbilical e tudo o que é figura pública às portas da maternidade faz publicidade na televisão, jornais e outdoors para levar mais clientela àquela empresa. Disse-se uma vez no noticiário, que o negócio cresceu uns 200% e eram das poucas firmas a apresentar elevados lucros diante da crise.
.
Quando as coisas podem virar uma oportunidade de negócio rentável, derepente são indispensáveis e cessa a resistência... Acho isto tão feio, mas é assim que a sociedade funciona. Somos capitalistas. As coisas, por melhores que sejam, têm de dar lucro e nem mesmo salvar vidas é motivo suficiente para perder dinheiro! Por este prisma, espero que tudo dê lucro, para que possamos todos beneficiar do MMMMUITO que a ciência médica nos pode dar em termos de saúde. Pobre Christopher Reeve... se calhar teve a solução para a sua cura realmente acessível, mas, por não dar dinheiro, não avançavam com o processo e ele, impotente, a ver o seu tempo a acabar, a acabar... E é o tempo que dirá realmente se assim foi...
.
Desde pequena que percebi que aquilo que pretendo alcançar ou mesmo ter, ainda não existe ou, se existe, não está ainda disponível. Tinha de esperar. Demasiado! Nesse sentido o meu karma tem sido infalível: ou sou demasiado nova para algo, ou sou do género errado, ou já sou demasiado velha... passada uma década, tudo muda! Aí todos os padrões então normais que ditavam as regras alteram-se finalmente para o ponto onde eu já me encontrava. Tem sido sempre assim. Não sei porquê, mas o tempo para mim não faz sentido da forma como nós o dividimos. Os anos para mim podem realmente significar segundos. Ou seja: lembro de "ainda ontem" estar "ali", mas o "ontem" foi há... 3, 6, 12 anos. Para sentir que estou realmente a viver esta vida, teria de a trazer para o meu ritmo e viver cada segundo como se fossem anos. Porque, quem se rege pela eternidade dificilmente acha que uma vida humana inteira é tempo que se preze... Mas isso é outra história.